Adoração ao Deus Trino, razão de ser da Igreja

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A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês. (2 Co 13. 13).

Esta é a benção que estamos acostumados a receber a cada final de culto. Tais palavras constituem a chamada “benção apostólica”. Sob esta benção – invocada sob a autoridade da Trindade – a igreja se reúne e vive sua missão. A Igreja cristã é, por natureza, a comunidade do Deus Trino. Ao refletir sobre “Palavra e Comunhão”, não podemos nos esquecer que a palavra que recebemos e confessamos tem como protagonista o Deus que é e se revela como Pai, Filho e Espírito Santo – um só Deus que subsiste eternamente em três Pessoas distintas, mas de mesma natureza. Mais do que mera afirmação, a Trindade é a razão de ser da Igreja.

Nenhuma comunidade pode desfrutar de verdadeira comunhão sem que cada membro do corpo aceite e viva de acordo com um corpo doutrinário fundamental. Gostos em comum não fazem uma igreja, mas o partilhar da mesma fé é o que nos une como Corpo de Cristo. Desde o início da Igreja, os discípulos “perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42). Esta doutrina incluía a unidade do Pai com o Filho e do Filho com o Pai (Jo 10.30), anunciava a salvação como plano eterno da Trindade (Ef 1.3-14), desafiava ao testemunho público feito em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Seriam um grande engano acreditar que uma igreja feita de pessoas tão diferentes possa se manter unida sem que está comunhão seja ação do próprio Deus. Deus que é simultaneamente um e três (e isso é um mistério!) edifica uma igreja que pode viver a unidade mesmo em meio à diversidade. Nossa comunhão é um reflexo dequem Deus é.

Este milagre da comunhão é experimentado em enquanto vivemos uma fé confessante que nos é comum. Fazer parte de uma igreja é, necessariamente, professar a fé evangélica. Esta profissão de fé, contudo não é individual. Ao confessarmos Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas confessamos também que compartilhamos da mesma fé que nossos irmãos. Desde o Shemah (Dt 6.4) até nossas declarações de fé modernas. Ao dizer que somos da igreja, fazemos eco com gerações de cristãos que afirmaram que “Cremos em um só Deus, Pai, Todo-Poderoso, […] E em um só Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, […] de uma só substância com o Pai, […] E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho” (Credo Niceno). Ao confessar o único Cristo verdadeiro, conforme revelado nos Evangelhos, nos ombreamos com aqueles que não temeram em declarar que “se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem” (Símbolo de Calcedônia).

Por fim, vale ressaltar que nosso conhecimento do Deus Trino nos faz um só Corpo porque somos feitos para adorar como comunidade o único Deus. Vivemos sob as bençãos da Triunidade (2 Co 13.13). Fomos feitos para engrandecer como Corpo o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É a Trindade Santa que nos faz adoradores, pois nossa comunhão existe para glorificar quem Deus é.

 Pr. Lucas Rangel de C. Soares.

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