Na mesma proporção que a sociedade experimenta progressos significativos em diversificadas áreas, ela retroage na manutenção de princípios básicos e um deles é não dar a justa importância a vida humana. É muito triste constatarmos que comportamentos frios e indiferentes tem sido cada vez mais comuns entre nós. Jesus, o nazareno, veio a este mundo para quebrar esses paradigmas e restituir a dignidade as pessoas, principalmente, daquelas menos favorecidas, como aconteceu com Onésimo.
Cada indivíduo possui uma história peculiar ao transitar por este planeta, mas, às vezes, elas se repetem entre boa parte da população e talvez o testemunho de Onésimo possa trazer algum aprendizado para você. O que se conhece a seu respeito é que ele pertencia a um homem chamado Filemon da cidade de Colossos. Só o fato de a pessoa ser um escravo já é o bastante para se pressupor que viva miseravelmente. Ele foge para Roma, uma cidade maior e com mais oportunidades, na esperança de que pudesse recomeçar e experimentar melhores condições de vida. Em virtude das leis que regiam a sociedade da época, ele agora era considerado um transgressor com um agravante de ter cometido um pequeno furto junto ao seu senhor. Ao se efetuar uma análise realista de sua situação, chega-se facilmente à conclusão que suas possibilidades de obter sucesso eram pouco prováveis. Quem acolheria um escravo fugitivo, desconhecido e “insignificante”? Para Jesus não existe um ser sequer que seja considerado como desprezível. Ele não faz acepção de pessoas e, segundo o seu conceito, todos merecem uma segunda oportunidade, independentemente, do que tenham feito no passado. O apóstolo Paulo recebe a sublime missão de apresentar Jesus a ele. Onésimo se rende a mensagem da cruz e começa a ter sua história reescrita. Ele conquista a confiança de Paulo e demonstra ser um autêntico discípulo de Cristo, mas, precisava voltar e reparar os erros outrora cometidos. No encontro do homem com o Senhor quando há arrependimento sincero, ele é perdoado instantaneamente e passa a ser uma nova criatura, não obstante, isto não significa que não necessite quitar suas dívidas perante a justiça dos homens ou com as pessoas as quais tenha causado algum prejuízo. Paulo não poderia ser conivente com um erro, por isso manda seu novo filho na fé de volta ao seu senhor sob a proteção de Tíquico (Cl 4.7-9), mas, escreve uma carta de recomendação testemunhando sobre sua experiência com Jesus. O apóstolo usando de toda a credibilidade e prestígio que possuía junto a Filemon e sua família, intercede por Onésimo de modo a ser perdoado e receber sua carta de alforria. Segundo análise de grandes estudiosos, Filemon jamais negaria uma solicitação de alguém tão estimado.
Onésimo foge em busca de liberdade, dignidade e felicidade, no entanto, descobre que tudo isso não se encontra em um lugar específico, mas, exclusivamente, na pessoa do Filho de Deus. Quantos homens não vivem assim como aquele escravo perambulando de cidade em cidade em busca de uma suposta felicidade! Ao retornar voluntariamente para a casa de seu senhor, alegre e disposto a permanecer como escravo, se necessário fosse, ele testifica para o mundo sobre o que Cristo é capaz de fazer na vida de um homem. Seu testemunho ganha notoriedade quando a carta redigida pelo apóstolo Paulo a Filemon é introduzida no “cânon” bíblico. Para não deixar dúvida quanto a legitimidade de seu testemunho, Paulo usa uma expressão contundente, “irmão caríssimo”, ao se referir a Onésimo (Fl 16).
Dessa forma, fica evidente que somente Jesus consegue mudar o homem por completo, ou seja, de dentro para fora, preenchendo todas as lacunas de seu vazio existencial, algo que é uma realidade na vida de todos ainda que muitos jamais venham a admitir tal coisa.
Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal