O mundo está acabando? Só Deus conhece o dia, mas cabe-nos “ler” os cenários e tendências de cada época que vão construindo os novos momentos da linha do tempo. Esse tipo de leitura temos na tribo de Issacar que era conhecedora dos tempos (1Cr 12.32) discernindo que impactos teriam para Israel.
Isso indica a necessidade de não sermos consumidores da realidade, mas participantes de sua construção, cumprindo nosso papel de sal, luz. Dois textos bíblicos nos sinalizam a conhecer nosso atual cenário:
- Quanto a você, Daniel, encerre as palavras e sele o livro, até o tempo do fim. Muitos correrão de um lado para outro, e o conhecimento se multiplicará. (Dn 12.4, NAA)
- Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem. (Mt 24.38-39, ARA).
O cenário mostra pessoas sendo consumidas pelo cotidiano, como que numa sociedade do cansaço (Byung-Chul Han), distraída com a vida.
Daniel menciona que o conhecimento se multiplicará, e o volume de dados e informações que temos hoje na esfera digital nunca antes foi visto.
Apesar do crescimento científico e tecnológico, temos uma curva proporcionalmente inversa e decadente da ética e moralidade.
Os encaminhamentos sociais, da mídia e de decisões governamentais, nos indicam uma agenda dos fins dos tempos que entra em confronto direto com o Plano da Criação que Deus estabeleceu para a humanidade e a rebelião no Éden leva-nos a um cenário destruidor da vida e da sociedade:
- Abolição dos conceitos ontológicos de homem e mulher, com homens e mulheres biológicos assumindo quaisquer papéis de “gênero” que queiram;
- Abolição dos conceitos de monogamia e incesto, vistos como obstáculos que impedem o acesso sexual dos filhos à sua mãe, “propriedade” do pai. Assim, fica liberada a relação sexual dos filhos com suas mães e com quaisquer mães ou mulheres, com o objetivo de desconstruir o conceito de “propriedade”;
- Abolição da monogamia como se fosse instrumento de “propriedade” entre os cônjuges, ficando liberadas opções tais como o poliamor (poligamia), “trisal” ou qualquer outra forma de conexão que possa ser justificada por decisões consensuais entre as partes;
- Abolição do conceito de sentimentos, visto como fantasias individuais que sustentam os papéis de “gênero”, de relações afetivas, de relações de propriedade e outros tipos de relações opressivas de dominação de um ser humano por outro;
- Abolição do conceito geral de propriedade, passando todas as propriedades privadas ao domínio do Estado. Isso inclui a propriedade do indivíduo que, desprovido de gênero, de mãe, de afetos e sentimentos, ficará finalmente livre para satisfazer plenamente sua vontade, dentro do que o Estado permitir.
Agenda assustadora para alguns, exagerada para outros, mas confira com o que está acontecendo para ver se cada passo não estaria sendo cumprido. E ainda há outros itens que o espaço não permitiu incluir.
É uma agenda que exalta o individualismo, fruto especialmente da Modernidade, amplificada com a Pós-modernidade (com Nietzsche), em que a indivíduo-pessoa foi sendo retirado de seu ambiente colaborativo, repleto de alteridade, tornando-se legislador e juiz de si mesmo, só que no fim acabará sendo manipulado pelo sistema de poder com sua manobra de massa.
E você qual agenda está seguindo?
Pr. Lourenço Stelio Rega é eticista e Especialista em Bioética pelo Albert Einstein Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (Hospital Albert Einstein) – Extraído da Revista Comunhão.