Impactos das redes sociais na formação dos Educadores

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Fonte: Reprodução.

A velocidade das transformações no mundo é avassaladora, imparável, incontrolável. Enquanto escrevo, minha cabeça pensa e repensa o que estou escrevendo pois sei que, quando o artigo chegar a cada leitor, chegará em tempos, situações e finalidades diferentes. O próprio computador que uso, neste momento, me ajuda ou me atrapalha, pois nele posso ter notificações ou acesso a outras janelas, tarefas, links e e-mails que chegam a todo tempo. Mesmo habituada aos estudos, pesquisas e prazos, tendo à dispersão. Nas palavras atuais, nossa mente sofre um bug, diante dos impactos da modificação da sociedade em sua forma de aprender. As mudanças interferem em nossos hábitos, informações, estilo de vida e, ainda, a novos aparatos tecnológicos emergindo diariamente: a impressão que temos, é a de que não damos conta desses avanços.

Este artigo reúne reflexões e alguns recortes do meu trabalho com a formação continuada de educadores, e a inserção da proposta metodológica Musicalizando com Alegria nas redes sociais, a partir do extinto Orkut e, posteriormente, Facebook, WhatsApp, Instagram, Blog, Site, Tik Tok e aplicativos educacionais. No capítulo um, observamos o ensino-aprendizagem via Redes Sociais, com um olhar mais específico para o Facebook. No capítulo dois, apresentamos a página Musicalizando com Alegria, e suas contribuições para formação continuada de educadores.

  1.  O ensino-aprendizagem via Redes Sociais

 Em Boyd (2007), encontramos o termo Rede Social como “um serviço baseado na Web”, pelo qual é possível criar e manter um perfil público dentro de um sistema com formato e estrutura dinâmica pré-determinados, no qual é possível interagir com outros perfis, postar fotos, vídeos, links, trocar mensagens de forma privada ou coletiva. A interação com as diversas redes sociais pode ser considerada uma maneira de ser gente, de passar e receber informações e conhecimentos.

Enredados, precisamos tomar decisões a todo tempo, quer seja para nos acharmos ou nos perdermos nestas possibilidades da adesão em massa e dependência das redes sociais. Kenski (2004) sinaliza que o ensino via redes pode ser uma ação dinâmica e motivadora. Mesclam-se nas redes informáticas – na própria situação de produção e aquisição de conhecimentos – autores e leitores, professores e alunos. As possibilidades comunicativas e a facilidade de acesso às informações favorecem a formação de equipes interdisciplinares de professores e alunos, orientadas para a elaboração de projetos que visem à superação de desafios ao conhecimento; equipes preocupadas com a articulação do ensino com a realidade em que os alunos se encontram, procurando a melhor compreensão dos problemas e das situações encontradas nos ambientes em que vivem ou no contexto social geral da época em que vivemos.

(KENSKI, 2004, p. 74, grifo nosso).
 O uso das redes sociais e seus recursos, a diversidade de mídias, e suas diversas fontes de informação e conhecimento atestam a modificação da sociedade e sua forma de informar-se, buscar aprendizado e, finalmente, aprender. Capacidades cognitivas como raciocínio, memória, capacidade de representação mental e percepção estão sendo constantemente alteradas pelo contato com os bancos de dados, modelização digital, simulações interativas, etc.” (BRENNAND, 2006, p.202), proporcionado aos usuários dados acessíveis em poucos cliques.

As redes sociais existem em um processo de expansão contínuo, com ligeira circulação dos seus conteúdos. Ainda que se observe limitações e má compreensão na redação de algumas postagens (Burbules, 2004), as redes sociais possibilitam o estudo em grupo, a troca de conhecimento e a aprendizagem colaborativa, trazendo motivação ao educador, que se envolve e se encanta com esta nova forma de Pedagogia (Bohn, 2009). O Facebook é uma dessas redes a serviço dos interesses de seus usuários, e proporcionando lazer, estudos, relacionamentos e informações diversas, constituindo-se em um importante instrumento a serviço desses interesses.

  1. Formação continuada e Facebook: Experiências a partir da página Musicalizando com Alegria


 Por que não aproveitar o Facebook na formação continuada de educadores, já que esta rede social contribui para sua aproximação de pessoas com interesses semelhantes, é um ágil instrumento de formação continuada não-formal, e uma ferramenta de pesquisa diante das necessidades recorrentes no dia a dia dos educadores? As indagações transformaram-se em criação e administração da página do Facebook denominada Musicalizando com Alegria.

A criação da página Musicalizando com Alegria aconteceu em 2011, quando eu já tinha uma rede considerável de relacionamento entre educadores de diversas frentes, e a partir de minha própria necessidade de reunir o acervo de fotos e trabalhos realizados junto a estes professores, que me solicitaram consultoria para o desenvolvimento do trabalho em realidades formais e não-formais de ensino-aprendizagem de música e com música. Encontrei no Facebook a possibilidade de compartilhar com um número maior de interessados, as propostas e a produção de materiais, como livros e CDs autorais. Desde 2011, tenho alimentado a página com postagens sobre diversos temas educacionais. Estes conteúdos são selecionados a partir dos seguintes critérios: (a) demanda dos professores pelas mensagens, comentários e e-mails enviados; (b) atividades dirigidas e músicas autorais; (c) envio de conteúdos pelos professores colaboradores e pelos seguidores da página; (d) fotos, links, vídeos, descrição de atividades, planos de aula, partituras, repertório diverso, composições próprias e de outros professores, e uma gama de informações relevantes ao trabalho do educador e suas necessidades.

Cada postagem é seguida de comentários os mais variados, sugestões e contribuições, que vão desde relatos de aulas dos professores usuários a novas ideias que brotaram a partir do acesso à página. A partir da postagem, os comentários variam, desde elogios, críticas, sugestões, divergências, perguntas sobre a confecção e aplicação do material nas aulas, até a faixa etária adequada para a utilização da ideia. 

Professores voltam à página com relatos de experiências desenvolvidas com seus alunos a partir de determinada postagem. Comentários e relatos podem se transformar em novas postagens na página, trazendo sempre novas informações e crescente número de acessos. Todos os comentários são lidos por mim ou, quando solicito, por professores autorizados para contribuição com a página. Quando a postagem selecionada é enviada por seguidores da página, respondo diretamente, ou submeto ao professor que enviou a atividade, a explicação solicitada. Este movimento interpessoal tem gerado novas amizades, ideias e projetos compartilhados, por gente de toda parte que, não fosse a página nesta rede social, não teriam oportunidade de se conhecer. 
 

Considerações Finais

A experiência com a página do Facebook Musicalizando com Alegria que a utilização de redes sociais para a formação continuada não-formal de professores é uma realidade, uma solução e uma urgência. São inúmeras as possibilidades de compartilhar saberes, que tem atraído um contingente cada vez maior de educadores – mesmo geograficamente distantes – para as redes sociais de ensino, buscando em fontes como a página Musicalizando com Alegria o enriquecimento de seus  trabalhos e aulas, podendo, a partir do contínuo fluxo dessa formação continuada, levar um frescor nos diversos conteúdos abordados. 

Referência:

BOHN, Vanessa. As redes sociais no ensino: ampliando as interações sociais na web. Disponível em: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/temas-especiais. Acesso em: 08 de abril de 2015.

BRENNAND, Edna G. G. Hipermídia e novas engenharias cognitivas nos espaços de formação. IN: SILVA ETAL (Org.) XIII ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Políticas educacionais, tecnologias e formação do educador: repercussões sobre a didática e as práticas de ensino. Recife: ENDIPE, 2006.

BURBULES N. C. A internet constitui uma comunidade educacional global? In. BURBULES N. C. TORRES C.A. e colaboradores. Globalização e educação: perspectivas críticas. Porto Alegre: Artmed, 2004.

COROPOS. Mônica. Utilização de Redes Sociais para a Formação Continuada Não-formal de professores: apresentação da página Musicalizando com Alegria. , repertório e atividades. Anais do X Encontro Regional Sudeste da ABEM Diversidade humana, responsabilidade social e currículos: interações na educação musical. 2016. 

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 2a Ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.

 Por Mônica Coropos  – OECBB – Ordem dos Educadores Cristãos Batistas do Brasil

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