Uma raiva que não passa

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A raiva é considerada uma das cinco emoções universais do ser humano. Fruto da queda, ela brota espontaneamente em situações como revolta, confronto e injustiça. Ao mesmo tempo em que ela é natural por causa de nossa natureza adâmica, do ponto de vista bíblico é indesejável.

Raiva adoece e nos torna distantes de Deus, pois tem a capacidade de fazer brotar em nós o que há de menos cristão possivel, como ódio, rancor, desamor e sentimento de vingança.

Portanto, a raiva deve ser enxergada, à luz da Bíblia, como o impulso sexual ilícito: algo que brota naturalmente, mas que jamais deve ser alimentado; pelo contrário, deve ser domado, submetido ao senhorio de Cristo e, pelo poder do Espírito Santo, subjugado.

Na tradução da Bíblia para o português, a raiva ganhou um apelido: ira. Paulo diz que ela é obra da carne e que aqueles que a praticam (isto é, que a consideram virtude e a alimentam, em vez de a controlar) não herdarão o reino de Deus (Gl 5.19-21).

A Bíblia também diz que, se nos irarmos, não devemos pecar. Isso significa que quando esse impulso vier, precisamos evitar que se transforme em pecado ao alimentarmos e o levarmos adiante. É isso que significa não deixar o sol se pôr sobre a nossa ira: quando ela vier, sufoque-a. Mate-a. Domine-a. Pois, caso você a valorize, a considere virtude e a vivencie, estará em pecado.

Vivemos dias de muita raiva. A sensação que tenho é que as pessoas acordam com raiva e vão dormir com raiva: raiva do governo, do patrão, do funcionário, do parente, da igreja, do pastor, de quem discorda de si, do passado, do futuro, de tudo. Tenho visto como as pessoas estão desaprendendo a conversar com irenismo. Parece que vivem uma raiva que não acaba.

Temos de parar de achar que viver, se relacionar, conversar e discordar são dinâmicas a ser feitas de forma irada. Não são. Deus não incentiva isso; antes, nos motiva à pacificação, a socorrer o diferente à beira da estrada, a dar a outra face, a amar o inimigo. O evangelho do Manso Cordeiro e Príncipe da Paz é o da cruz e não do azorrague.

Examine-se. Você está raivoso? Que bem isso tem trazido? Sua ira o faz mais parecido com Cristo? Se não, o que pretende fazer a respeito?

Por Maurício Zágari

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