Nossas posturas incoerentes

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Em nossa trajetória, olhamos, mas não vemos; escutamos, mas não ouvimos.

Temos muita dificuldade de ver e ouvir o próximo, e até dentro de casa, na experiência familiar.

Interagimos mais com o celular do que com gente. Uma geração, em grande parte, marcada pelo instantâneo, pelo espetáculo, pela futilidade e pela banalidade da vida.

Somos uma gente dispersa e portadora de audição de mercador. Nossos relacionamentos são semelhantes aos dos vendedores e compradores numa feira.

Perguntamos: como você está? Só de praxe, rotina ou liturgia dos encontros sociais. Não tem os interesses e nem paciência para ouvir o próximo.

Muito pouco interesse na dor do outro.

Reina na sociedade a “lei de Murici”: cada um cuida de si. E ainda colocamos Deus em nosso individualismo quando verbalizamos: “Cada um por si e Deus por todos”. Isto está na Bíblia? Claro que não!

Na pós pandemia da Covid-19, os relacionamentos se tornaram mais líquidos. O amor fraterno, a solidariedade, a compaixão, a gentileza têm se derretido de forma impressionante.

Somos uma geração de “surdos” em relação ao grito da dor, do abando­ no, do ostracismo, da miséria extrema, dos dependentes químicos, dos mendigos, dos portadores de deficiência, dos desempregados, dos enfermos em hospitais públicos com péssimos ser­ viços (com raríssimas exceções) e dos que vivem sozinhos ou dos solitários.

Além dessas coisas, nos tornamos alienados diante das questões políticas e sociais do País. Temos vivido um tempo de vergonha extrema.

Os maus estão vociferando e os bons, os corretos, estão num silêncio sepulcral.

A corrupção, a violência, o crime organizado, o ceticismo, o sarcasmo, os maus juizes, a imoralidade, o desrespeito pela Constituição, as condenações injustas de muitos manifestantes do 08 de janeiro/23; os maus políticos, a descriminalização do aborto e das drogas avançam velozmente e nós temos nos omitido escandalosamente.

Apesar de tudo isso, eu creio no Trino Deus, nas Santas Escrituras, no novo nascimento, na vida eterna pro­ metida e assegurada por Cristo em Sua obra perfeita na cruz e na ressurreição (João 3.16; 5.24; 10.28); na pureza da igreja de Cristo, na atividade evangelística séria, em nossa condição de sal da terra e luz do mundo (Mateus 5.13-17), na santa indignação em relação às coi­ sas erradas, no amor dos crentes genuínos pelos perdidos e necessitados; e na volta de Cristo. Estas são posturas coerentes na contramão daquelas.

Maranata (ora vem), Senhor Jesus!

Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Colunista deste Portal 

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