A porta da vida cristã é Cristo, e este, crucificado. Ninguém será um convertido sem antes passar por essa porta: Cristo morreu para eu morrer com Ele. Para gozar desta Vida espiritual, preciso passar pela morte do meu eu. Não mais eu, mas Cristo.
Não estou falando da morte do física, mas a morte do egoísmo. Não se trata, e não se deve pensar que a morte do ego, com Cristo, seja uma anulação da personalidade ou o sumiço do ser pessoal. Nada disso. Trata-se da substituição de uma vida autoritária, autoconfiante e autocentrada, pela vida liberta de si e centrada em Deus. Só pela graça.
O cristão não é alguém tentando viver a Vida de Cristo, antes, é próprio Cristo vivendo nele. É a vida da ressurreição depois de termos morrido na cruz com Cristo. Essa porta é a vida psique crucificada com Cristo, que se abre no caminho a ser trilhado, a Vida santa de Cristo ressuscitado, se expressando no seu modo de ser e de agir.
Ser cristão não é ser apenas um imitador de Cristo, mas ser como réplica dele, ou seja, viver pelo modo de ser do próprio Cristo, que vive nele. Não é fazer tão-somente o que Ele fez, mas, é Ele fazendo, em nós, somente o que ele faz. Não sou eu, é Cristo.
O ser humano, no pecado, está morto em seu espírito, porém, vive movido pela sua vida bios e psique. Ele encontra-se radicalmente contaminado pelo pecado. Não há o menor indício de vida espiritual e nada que o habilite a receber a nova vida.
O morto, espiritualmente, não tem qualquer reação espiritual para corresponder a uma ação espiritual. Ele só está vivo biológica e psicologicamente. Não há nada de vida espiritual nele, assim, como, em Lázaro, na sepultura, não havia vida física para que ele pudesse corresponder ao chamado de Jesus. Lázaro foi ressurreto pelo poder de Jesus.
A salvação do pecador, morto, em delitos e pecados, é uma ação espiritual de Deus em favor dele, que não tem nada espiritual que possa corresponder. Se ele estiver, de fato, morto, espiritualmente, então, ele precisará ser vivificado antes de poder reagir de modo espiritual. Neste caso ele precisa ser ressuscitado, espiritualmente, para reagir com as faculdades espirituais. Creio que fé e arrependimento são atributos espirituais.
Alguns dizem que a graça é de Deus, mas a fé é nossa. Ora, se a fé for nossa, isto é, do pecador caído, então, temos uma fé contaminada, pelo pecado, servindo de liga à salvação pela graça, e, assim, temos uma fé poluída sendo o elo de um favor imerecido, que faz a graça deixar de ser graça, já que, a fé humana se torna uma moeda de troca.
O cristão é um milagre da graça. Ele foi vivificado e convencido pelo Espírito de Deus através da Palavra, para poder reagir espiritualmente. Mendigos, se a fé salvadora e o arrependimento de nós mesmos fizerem parte de nossa natureza caída, então, a nossa salvação estará perigo permanente.