O apóstolo João costuma apontar para algumas características de alguém que foi nascido de Deus. Se temos marcas de nosso nascimento biológico, temos peculiaridades de nosso nascimento espiritual. Como podemos saber de fato que somos novas criaturas?
Vejamos aqui três aspectos que João destaca: Porque sabemos que ele é justo, também sabemos que todo o que pratica a justiça é nascido de Deus (1 João 2.29). Se Deus for justo, de fato, os seus filhos serão justos por causa de sua geração divina. Como diz um ditado bem popular: filho de peixe é peixinho. Se Deus for o nosso Pai, a justiça fará parte de nossa identidade cristã.
“A fé envolve-se na justiça de Cristo,” dizia Thomás Brooks. Não posso ser considerado um verdadeiro justificado se ainda trato os outros com injustiça. Além do que, “pode-se cometer uma injustiça contra outra pessoa tanto por meio do silêncio quanto da calúnia,” tanto na omissão, como no negócio fraudulento.
Se fomos justificados não nos justificamos nem tratamos os outros injustamente. Quem foi perdoado pela justiça de Deus em Cristo, perdoa com a justiça de Cristo que lhe foi imputada. Quem foi feito justo por meio da obra de Cristo, não vai querer levar alguma vantagem em qualquer negócio que denigra a justiça de Cristo que lhe foi outorgada.
Outra característica dos renascidos espirituais é aversão ao pecado. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. (1 João 3.9).
Creio como A. J. Gordon quando disse: se a doutrina da perfeição sem pecado é heresia, a doutrina da satisfação com imperfeição pecaminosa é heresia ainda maior.” Se nos meus negócios houver alguma moeda falsa ou alguma cláusula imoral, significa que no meu testemunho há sinais de que sou conivente com o pecado na prática.
Não posso dizer que não peco mais, mas também não posso me conformar com o pecado na minha vida. Era bem assim que pensavam os puritanos ingleses do séc 17: “se o pecado e teu coração estão separados, Cristo e teu coração estão unidos.” Os santos sem santidade nos centavos são a grande tragédia no cristianismo hoje e em qualquer tempo.
Terceira marca dos regenerados: amados, continuemos a amar uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus (1 João 4.7). O amor cristão é a marca registrada da vida cristã. A. W. Pink sustentava que “o amor é a mais soberana de todas as virtudes cristãs,” e não existe amor platônico, mas prático.
Alguém que não tinha medo de pregar a verdade disse: “Não tente demolir nada com sua pregação, a não ser a obra do diabo, e não tente edificar nada, a não ser a obra de Jesus Cristo.” A questão agora a ser analisada é: somos novas criaturas em Cristo Jesus ou meros religiosos encastelados na aparência moral? Não brinquemos de crença. Creiamos.
Pr. Glenio Fonseca