As três parábolas dos perdidos

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Cobradores de impostos e outros pecadores vinham ouvir Jesus ensinar. Os fariseus e mestres da lei o criticavam, dizendo: “Ele se reúne com pecadores e até come com eles!”(Lucas 15:1-2).

O ensino de nosso Senhor, no capítulo 14, parecia atrair os cobradores de impostos desprezados e outros que eram pecadores públicos. Embora Jesus reprovasse os seus pecados, muitos reconheceram que Ele estava certo. Eles tomaram partido de Cristo contra si mesmos, em verdadeiro arrependimento, reconhecendo-o como Senhor.

Os fariseus e escribas se escandalizavam do fato de Jesus se confraternizar com pessoas que eram declaradamente pecadoras. Eles não mostraram graça a esses leprosos morais e sociais e se ressentiram de Jesus por fazê-lo.

E assim lançaram uma acusação contra Ele: “Este homem recebe pecadores e come com eles. A acusação era verdadeira e clara. Eles achavam que isso era algo culpável, mas, na verdade, era para cumprir exatamente o propósito pelo qual o Senhor Jesus veio ao mundo! “Os médicos existem por causa dos doentes, os advogados por causa dos réus e Jesus veio por causa das Suas ovelhas perdidas deste mundo”.

Foi em resposta à acusação deles que o Senhor Jesus contou as parábolas da ovelha perdida, da moeda perdida e dos filhos perdidos. As histórias foram direcionadas diretamente aos escribas e fariseus, que nunca foram quebrantados diante de Deus para admitirem sua condição de pecadores perdidos. Eles se achavam a elite espiritual.

De fato, estavam tão perdidos quanto os publicanos e pecadores, mas recusavam firmemente admitir. O picodas histórias é ver Deus se alegrar quando vê os pecadores se arrependendo. Por outro lado, Ele não obtém gratificação de hipócritas que são orgulhosos demais para admitirem sua miserável pecaminosidade. Vamos analisar uma por vez.

Então Jesus lhes contou esta parábola: “Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se perder, o que acham que ele fará? Não deixará as outras noventa e nove no pasto (no deserto) e buscará a perdida até encontrá-la? (Lucas 15:3-4).

Aqui o Senhor Jesus é retratado sob o símbolo de um pastor. As noventa e nove ovelhas representam os escribas e os fariseus. A ovelha perdida tipifica um cobrador de impostos ou o pecador reconhecido. Vemos aqui que é o pastor quem busca a ovelha e não a ovelha ao pastor. “Buscou-me com ternura, Jesus o bom pastor”. Isto é maravilhoso!

Quando o pastor percebe que uma de Suas ovelhas está perdida, Ele deixa as noventa e nove no deserto (não no redil) e sai atrás dela até encontrá-la. Para o nosso Senhor, essa jornada incluía Sua encarnação, Seus anos de ministério público, Sua rejeição, Seu sofrimento, Sua morte na cruz e Sua ressurreição.

E, quando a encontrar, ele a carregará alegremente nos ombros e a levará para casa. Lucas 15:5. Tendo encontrado a ovelha, a colocou sobre os ombros e a levou pra sua casa. Isso sugere que as ovelhas salvas desfrutavam dos efeitos dos ombros do Pastor. E aqui vemos tanto a morte da ovelha perdida na cruz com Cristo, como o privilégio da intimidade que nunca conheceria desde que fosse contada com as outras que permanecem no deserto.

Jesus, o bom Pastor, busca as Suas ovelhas perdidas e as leva em Seus braços. Vemos que não é a perdida que busca o pastor, mas Este quem busca a ovelha desgarrada. Isto faz toda a diferença e mostra o valor eterno da graça irresistível.

Quando chegar, reunirá os amigos e vizinhos e dirá: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida! Lucas 15:6. O pastor convocou seus amigos e vizinhos para se alegrar com ele pela salvação da ovelha perdida. Isso fala da alegria do Salvador em ver um pecador se arrepender. O céu faz festa quando um pecador é salvo. Matthew Henry disse: “Creio que seria felicidade maior para mim ganhar uma alma para Cristo do que montanhas de prata e ouro para meu proveito.” Ele sabia o que falava, pois mais vale uma alma do que o mundo inteiro.

Da mesma forma, há mais alegria no céu por causa do pecador perdido que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam se arrepender. Lucas 15:7. A lição aqui é clara: há alegria no céu por um pecador que se arrepende, mas não há alegria por noventa e nove pecadores que nunca chegaram à consciência de sua condição de pecadores perdidos. Alan Redpath dizia: “A essência do pecado é a arrogância; a essência da salvação é a submissão.” Há muitos que não se percebem pecadores.

Este versículo 7 não significa, realmente, que há pessoas que não precisam de arrependimento. Todos os homens são pecadores e todos devem se arrepender para serem salvos. O que este versículo descreve são aqueles que, tanto quanto se veem, acham que não precisam de arrependimento. Eles são orgulhosos demais e não se veem como perdidos.

Sendo assim, o arrependimento é visto pelo nosso Senhor como motivo de festa. Matthew Henry afirmou: “o arrependimento, se verdadeiro, atinge a raiz da iniquidade, e livra dela o coração”. Por isto, alguém sustentou com propriedade: “o arrependimento é o estado mais feliz depois do estado de impecabilidade.”

Como só Jesus é impecável temos que concluir com Robert Murray M’Cheyne: “O brilho do sol é sempre mais doce depois que conhecemos as sombras; você sentirá essa mesma doçura ao voltar para Jesus.” Sem verdadeiro arrependimento, não há verdadeira alegria na vida cristã, e sem alegria, não existe cristianismo autêntico.

Temos agora aqui outra narrativa que descreve uma mulher e talvez o seu dote de casamento. Esta estória fala de alguém que se empenha para buscar sua moeda perdida.

Suponhamos que uma mulher tenha 10 moedas de prata e perca 1. Acaso não acenderá uma lâmpada, varrerá a casa inteira e procurará com cuidado até encontrá-la? E, quando a encontrar, reunirá as amigas e vizinhas e dirá: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei a minha moeda perdida!’. Da mesma forma, há alegria na presença dos anjos de Deus quando um único pecador se arrepende (Lucas 15:8-10).

Na segunda parábola Jesus aponta outra realidade. Dr. William MacDonald vê assim: “A mulher nesta história pode representar o Espírito Santo buscando os perdidos com a lâmpada da Palavra de Deus. As 9 moedas de prata falam do impenitente, enquanto a única moeda perdida sugere o homem que está disposto a confessar que está sem contato com Deus. No relato anterior, a ovelha se afastou por vontade própria”.

“A moeda é um objeto inanimado e pode sugerir a condição sem vida de um pecador que está morto em seus pecados. A mulher continua a procurar cuidadosamente a moeda até encontrá-la. Então, ela chama suas amigas e vizinhas para comemorar com ela”.

“A moeda perdida que ela encontrou lhe trouxe um prazer mais verdadeiro do que as nove que nunca haviam sido perdidas. O mesmo acontece com Deus. O pecador que se humilha e confessa sua condição perdida traz alegria ao coração de Deus. Ele não obtém essa alegria daqueles que nunca sentem necessidade de arrependimento”.

A 1ª parábola fala da obra do Filho, o bom Pastor, que veio buscar e salvar o que se havia perdido. A 2ª parábola fala do Espírito Santo que vem iluminar com a luz radiante do Evangelho os mortos espirituais. Mas há uma 3ª parábola…

Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos.Lucas 15:11.Agora Jesus conta a 3ª parábola que fala de um pai que tem dois filhos e ambos estão perdidos. Na 1ª parábola 1% estava perdido. Na 2ª, 10%. E nesta, 100%. Os dois filhos estavam perdidos. O caçula no mundo e o mais velho na religião. Um era devasso, o outro, legalista. O mais novo se perdeu nos prazeres e o mais velho nos rigores.

Estas três parábolas falam da Trindade se envolvendo na salvação dos perdidos, nesta ordem: o Filho, o Espírito e o Pai. Quero deixar esta última, para uma abordagem mais ampla num próximo estudo. Precisamos de mais espaço e tempo para falar daquela que é a parábola mais aplicada pelos pregadores em toda a história do cristianismo.

Pr. Glênio Fonseca

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