Árvores, Frutos e Vidas

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Depois do ser humano, é sobre a árvore que encontramos mais registros no relato bíblico.

Já no terceiro dia da criação, surge a árvore como dádiva de Deus à terra, portanto, um pouco antes de sua mais importante criação, o ser humano.

Certamente era Deus procurando oferecer ao ser humano, sua criatura, o melhor dos ambientes de vida.

A árvore sempre traz ao ambiente a beleza, harmonia, sombra, o perfume suave da flor e o fruto que alimenta.

Importante também na oxigenação e preservação do planeta terra. A árvore é um belo exemplo de solidariedade, quando oferece tudo isso graciosamente. 

No capítulo inaugural da Bíblia Sagrada, sabendo dos grandes benefícios que a árvore traria à humanidade o Eterno assim se pronunciou: ”E viu Deus que era bom. Gênesis 1:11-13

Também nos primórdios, após formar Deus o homem do pó da terra, soprando em suas narinas o fôlego da vida, plantou o Eterno, um jardim no Éden, fazendo brotar árvores, dentre elas a Árvore da Vida e a do Conhecimento do Bem e do Mal. Gênesis 2:7-9.

Essas árvores plantadas no Éden, simbolizam a obediência e graça de Deus ao ser humano.

O litoral atlântico do Nordeste Brasileiro, com cerca de 3,5 km de extensão, está entre as regiões mais belas do mundo. Clima, praias, culinária e, principalmente, gente bonita e hospitaleira, compõem o belo cenário nordestino.

Ao afastar-se do litoral, e em áreas de transição, surge a região agreste, onde são encontradas árvores com variedade inigualável de frutas. São as frutas tropicais. Manga, abacaxi, caju, jaca, mangaba, graviola, cajá, oiti, mamão, ingá, melão, uva, carambola, araçá, coco verde, pitomba, seriguela, jaboticaba, goiaba, abacate, pinha, sapoti, acerola, pitanga, tamarindo e melancia, todas de sabor incomparável, sempre adocicadas pelo o sol dos 365 dias do ano.

Seguindo em direção ao interior do país, começa a região do semiárido, localizada nos sertões, áreas de vegetação rarefeita, que devido ao seu solo de acentuada formação granítica, não oferece melhores condições para presença de árvores. São as conhecidas regiões de caatingas, com biomas específicos de cada local.

Dentre as plantas que conseguem conviver com aquela realidade climática e de solo, encontra-se uma chamada “Juá”, que vem a ser uma variação reduzida da árvore conhecida por Juazeiro, que tempos atrás ficou famosa, por conta da música “Juazeiro, de famoso cancioneiro da região.

A Juá”, como árvore de médio porte, tem algumas características próprias. Poucas folhas, tronco e galhos com muitos pontiagudos espinhos e não dá frutos.

Isso tudo, faz com que a Juá, árvore que não oferece sombra para o descanso humano ou animal, nema possibilidade de pessoas se encostarem nelas, pois são espinhosas e por não darem frutos, para alimentação, seja classificada na região, como árvore que, basicamente, não serve para nada.

Visitava um campo missionário no sertão do Pajeú.

Após o culto, realizado em um sítio da localidade, saboreava no alpendre da casa que abrigava a Frente Missionária, uma tapioca com queijo coalho, acompanhada de uma xícara de café quente, quando um dos líderes locais, se aproximando, e com expressão bem sertaneja, foi logo me dizendo: ”O trabalho aqui vai bem, …mas poderia ir melhor.” Continuou: “A dificuldade é que aqui tem alguns “Crentes Juá”.

Sem entender bem, indaguei àquele irmão por que a classificação de “Crentes Juá”?

Ele calmamente, respondeu:” São crentes que não são solidários, não oferecem sombras para abrigar necessitados, nem ajuda ao próximo.

Crentes que poderiam dar afeto, mas, ao contrário, estão sempre espetando os outros. 

Não dão frutos de bondade e amor pelas pessoas, e nem em gratidão, ajudam nossa Frente Missionária, especialmente nos dízimos e ofertas.

Voltei à cidade para pernoitar na Pousada onde estava hospedado.

Longa noite.

Antes de conciliar o sono, passei um bom tempo deitado na cama, contemplando as ripas e caibros do telhado do quarto da pousada onde dormiria, me perguntando: ”Senhor, tenho sido um crente Juá”?

Davi, o filho de Jessé, no Salmo primeiro, assevera que aqueles que: “Têm o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite”.
“Serão como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará”.Salmos 1:2,3.

Certamente o deleite do crente na Lei do Senhor, – Bíblia Sagrada, tem feito com que ele tenha vida simples e pautada sempre no ideal de produzir frutos do Espírito indicados em Gálatas 5:22-26.

O meditar dia e noite, não significa que crente não dorme, mas que em todos os momentos de sua vida, ele colocará sempre o Reino de Deus em primeiro lugar, firme na certeza que as demais coisas necessárias à sua vida, Deus proverá.

Davi, homem segundo o coração de Deus, compara aqueles que assim vivem nesse deleite, como árvores plantadas junto aos ribeiros de águas perenes, e por essa razão, beberão sempre da melhor água.

A bênção de estar ao lado da fonte da água da vida, que é Jesus, e assim bebendo dos seus ensinamentos, sempre nos dará segurança, graça e paz.

Aqui, cremos, Davi divinamente inspirado, aponta também para à água eterna, conforme nos assegura Jesus, no histórico diálogo com a mulher samaritana, no poço de Jacó quando diz: “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna       “. João 4:14.

Árvores que bebem da fonte da vida!

Segue ainda o salmista, afirmando que “as folhas dessas árvores não caem”.

Penso que aqui também está simbolizada a permissão divina, firmada no livre arbítrio, em tudo que acontece na vida dos crentes, que amam e servem a Deus. O não cair das folhas, sugere também a providência do Senhor a cada dia.

Conclui o Rei Davi, afirmando: “tudo aquilo que os que amam e praticam a Lei de Deus fizer, prosperará…”

Claro que sim!

Pessoas, famílias, campos missionários, igrejas, povos, nações prosperarão sim, pois é promessa de Deus.

Não se crie aqui, qualquer paralelo com a prosperidade inventada por “evangélicos, quase sempre midiáticos”, que vendem a ideia de uma teologia da prosperidade as pessoas, tentando fazer da fé delas um amuleto mercantilista, cujo mensagem, cremos, difere frontalmente da Palavra de Deus.

Entendo que a prosperidade a que se refere o salmista, seja crescimento, consolidação e expansão, do Reino de Deus e de sua justiça na vida do crente.

Assim creio!

Em missão, voltando agora no Sertão do São Francisco, contemplo com alegra a beleza das árvores da região.

Ali acontece o milagre do aproveitamento das águas do “Velho Chico” em modernos projetos de irrigação, produzindo uma agricultura de boa qualidade.

A irrigação é algo que nos fala a Bíblia, quando da passagem do povo de Deus, em escravidão, pelo Egito.

Lá, os egípcios se beneficiavam da “irrigação natural de transborde ou vasão”, pois terminada as enchentes, quando as águas voltavam ao leito natural do rio Nilo, ficava armazenado em suas margens, um precioso fertilizante natural, o HUMUS, que permitiu o surgimento de uma agricultura de alta qualidade e produtividade.

Quando criança, esperava a chegada das “safras” das frutas, principalmente de pinha e caju, que sempre ocorriam no último trimestre do ano.

Cada fruteira tinha seu período de produzir frutos.

Com o avanço tecnológico, as fruteiras passaram a produzir frutos durante todo os dias do ano.

Jesus, que tanto usou a árvore em suas parábolas, ensinou, durante todo seu ministérioterreno, sobre a importância dos seus seguidores produzirem frutos.

No evangelho de Mateus, assim fala Jesus: Toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:17-20.

Jesus, o Filho de Deus, que desenvolveu o maior programa de inclusão já visto na face da terra, a salvação do ser humano, espera do crente uma atitude de confissão, arrependimento e entrega de sua vida, que evidencie um real compromisso com o Reino de Deus, e dessa forma, diferentemente do “crente Juá”, produz sim, bons frutos…

Dc. Lyncoln Araújo

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