Os “bebês reborn” e a cultura que banaliza a vida

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Vivemos tempos estranhos. Tempos em que a razão se desfaz, o amor se esfria e a vida verdadeira é trocada por versões artificiais. Um dos sinais dessa enfermidade cultural está na crescente adesão aos chamados bebês reborn — bonecos hiper-realistas criados para imitar com perfeição um recém-nascido.

Embora alguns poucos casos médicos utilizem esses bonecos como ferramenta terapêutica com idosos ou enlutados, a esmagadora maioria dos casos revela algo mais sombrio: uma cultura que perdeu o contato com a realidade, que idolatra o faz de conta e que está progressivamente substituindo o amor verdadeiro por relações falsas, plásticas e ilusórias.

Jesus nos advertiu que nos últimos tempos o amor se esfriaria: E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Mateus 24.12.

Esses bonecos não são apenas brinquedos. Eles se tornaram, para muitos, uma tentativa de preencher vazios existenciais, redirecionando afetos maternais e relacionamentos humanos reais para objetos inanimados. Em vez de filhos verdadeiros — que choram, crescem, exigem renúncia e geram maturidade — muitos preferem um boneco que não exige entrega, nem cansaço, nem sacrifício. Isso não é amor, é fuga. Não é maternidade, é carência. Não é consolo, é ilusão.

Essa prática é um reflexo da morte da razão, do enlouquecimento coletivo e da banalização da vida. Estamos diante de uma geração que nega a realidade, que escolhe viver num mundo simbólico sem verdade, e que se apega a objetos que simulam presença mas estão mortos. Francis Schaeffer, já nos anos 1970, denunciava esse colapso do pensamento moderno e a fuga desesperada do homem sem Deus em direção ao irracional.

O apóstolo Paulo também descreve essa realidade com precisão: Tornaram-se nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Romanos 1.21.

Mais do que nunca, a igreja precisa ser voz profética neste deserto de afetos simulados. Em vez de filhos de plástico, somos chamados a gerar filhos para Deus (cf. 1Coríntios 4.15), a consolar os que choram com esperança (1Tessalonicenses 4.13) e a afirmar a dignidade da maternidade e paternidade verdadeiras como dons do Senhor.

A vida cristã não é feita de fantasia, mas de entrega, cruz, ressurreição e nova criação. A quem, não havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória. 1Pedro 1.8.

Que esta reflexão nos desperte para o chamado urgente de pregar a Verdade que Liberta, amar com amor sacrificial e viver como luz num mundo que escolheu viver de sombras. Que a igreja de Cristo nunca troque o Evangelho da vida pela religião do artifício e a cultura da fantasia do inferno.

Pr. Glenio Fonseca

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