Fantasias

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Foto: Reprodução.

Produto de criação da mente humana, a fantasia, nos muitos mares que navega, tem nesses últimos tempos, utilizado ancoragem permanente nos cais virtuais, onde espera encontrar porto seguro.

De modo geral, ligada a uma conjuntura existencial e mercadológica, a fantasia, mesmo usando ricas e modernas tecnologias disponíveis, ainda não tem conseguido retratar integralmente, com fidelidade a realidade daquilo que tenta representar.

Mesmo com todo novo e amplo aparato tecnológico, leis e normas, que regulam o universo relacional, está clara a necessidade na fantasia, da criação de formatos e apresentações verossímeis e, mais que isso, de fidelidade ao pensamento original, sob pena de frustações ou mesmo desilusões e perdas.

Singrando mares em mundo idealizado, onde navegam em sonhos, o ficcional e, quando possivel, o real e material, a fantasia de modo geral, poderá nos levar a momentos ou lugares com densa artificialidade e, eventualmente, prazerosos.

Em mundo erotizado como o nosso, estribado em conceitos freudianos, será sempre recorrente, ao falar em fantasias, vincular ideias a contextos, que remetem a viéis irreais, aéticos e, com aspectos negociais.

Imensas e variadas são as formas de utilização de fantasias pelo ser humano, nem sempre seguindo padrões de respeito, honestidade e individualidade dos outros.

Nesse imenso mundo ficcional, com amparo no aspectro material, as fantasias vivem nos festejos populares, em noso país, certo apogeu, quando buscam materializar as fantasias da imaginação, tentando regastar e manter tradições e nas vestimentas identificadas com os próprios eventos.

Em nossa região, entre outras, são fantasias: Pastoris, reisados, festas juninas, lavagem do bomfim, vaquejadas, bumba meu boi, caboclinhos, ciro de nazaré, peão de barretos, rodeios e cavalgadas, todas onde pontificam vestuárias próprias, com cores e apetrechos indentificados com cada região.

Nessas fantasias ficcionais, com misto de realidade, a de maior repercussão e aceitação no país, continua sendo o carnaval, quando o povo brasileiro, em sua grande maioria, em todos os quadrantes do país, se entrega a mais profana de todas as festas pagãs.

De grande apelo popular, o carnaval, que tem origem em festas na antiguidade é reintroduzido no século XVII, na Itália e França, chegando, logo após, nessa terra descoberta por Cabral.

De origem europeia, tem o carnaval, ao longo de sua história, onde se tem feito presente, se caracterizado pela crescente liberdade ampla, sem limite de expressão, movimentos e exacerbada licenciosidade.

Difícil tecer comentários sobre o carnaval ou outros festejos similares, em geração que em alta resiliência, busca conviver com todas as formas de vida, transferindo sempre suas responsabilidades e ações.

Como o diz famoso cantor carnavalesco: “Deixa a vida me levar!”

Dentre as características da atual geração está a vida em crescentes tensões e stress, o que tem provocado visíveis alterações físicas, emocionais e comportamentais no ser humano, de qualquer idade.

Pressão das elevadas temperaturas do lidar com o cotidiano!

Nesse esgarçado tecido social, crescem de forma difusa, o desejo de reclusão – afastamento social, proliferando atos de violência pessoal e a busca intensa em diversas formas, de entretenimentos de massa.

Visível a agonizante relação do ser humano com consigo mesmo e, mais ainda, com a vida e sociedade.

É o sentimento de que o GPS nosso de cada dia, não tem levado o ser humano ao lugar desejado. Daí, as frustações e o sentimento de um profundo vazio existencial, levando alguns a intentarem contra a própria vida.

Deixa a vida me levar!

E nesse caudaloso rio de incertezas que surge nesses dias, uma oferta, aos olhos humanos quase irrecusável, o “tríduo momesco”, que hoje já representa sete dias ininterruptos de fantasias de carnaval no país.

Para os que participam, são dias de total dissoluções, quando emergem no ser humano: ausência total de disciplina moral; falta do esperado respeito por padrões morais e sagrados aceitáveis, tornando o viver dos foliões, em clima semelhante ao que ocorrera nos terríveis dias que antecederam a destruição de Sodoma e Gomorra.

Deixa a vida me levar!

Atento a esse rico nicho e, em atendimento as fantasias da presente geração surgem, a cada dia, salões de dança, bailes, blocos carnavalescos, escolas de samba e desfiles intermináveis, exaltando os lazeres da vida.

Mais ainda, ganham espaço e poder as grandes e modernas fábricas e magazines, que confeccionam e vendem fantasias vestimentas, assim como, apetrechos e outras formas de entretimentos, atendendo as mais variadas idades e preferências de ritmos e cenários.

Deixa a vida me levar!

Esse olhar não invalida a importância e até necessidade dessas modernas ferramentas fisioterapeutas e comportamentais, mas nos adverte para um gradual e crescente afastamento do ser humano da dimensão espiritual, pois é com ela que dialogamos com nossa eternidade.

Conhecida a fantasia registrada na Bíblia, a que Rebeca e Jacó, nora e neto do patriarca Abraão, que em terrível ardil, ousaram contra Deus, ao vestir em Jacó peles de animais para torná-lo o primogênito, em detrimento da condição de seu irmão Isaú.

Tentativa de antecipação e mudanças nos planos de Deus, mentira, dissenção familiar, dor, ódio e triste separação, foram os frutos de amargura que geram aquela fantasia de Jacó.

A fantasia não funcionou, tendo Deus, em seu infinito amor e desíginos, mais adiante, feito Jacó, primogênito, patriarca e pai de filhos que dariam seus nomes as 12 tribus, que formariam a nação de Israel.

Ainda sobre o carnaval, no canôn divino, em seus eternos escritos, encontramos registros, como diria a mídia em nossos dias, o monumental carnaval promovido pelo podereso monarca, o rei Belsazar, da Babilônia, filho do histórico rei Nabucodonosor.

Esse fato, nos faz meditar sobre o que relata o livro do profeta Daniel, em seu capítulo 5, sobre as fantasias de poder e glória, daquele monarca, que não atentando para o sagrado, promovendo banquete, em modo carnaval e bacanal, teve ceifados seu reinado e vida.

Diz a palavra de Deus:

O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus senhores, e bebeu vinho na presença dos mil.

Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas.

Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas.

Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.

Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo.

Mudou-se então o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro.

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17 Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; contudo lerei ao rei o escrito, e far-lhe-ei saber a interpretação.

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22 E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que tenhas sabido tudo isto.

23 E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos à tua presença os vasos da casa dele, e tu, os teus senhores, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de quem são todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.

24 Então dele foi enviada aquela parte da mão, que escreveu este escrito.

25 Este, pois, é o escrito que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM.

26 Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino, e o acabou.

27 TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em falta.

28 PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas.

29 Então mandou Belsazar que vestissem a Daniel de púrpura, e que lhe pusessem uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem a respeito dele que havia de ser o terceiro no governo do seu reino.

30 Naquela noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus.

O carnaval, modo Belsazar, nunca acabou, pois persiste ainda hoje, o uso de sentimentos, ideais, e até espaços religiosos, que alimentam fantasias, em profanação ao sagrado

Estejamos pois, atentos a divina advertência da necessidade de distinguir sempre, o sagrado do profano, caso contrário, teremos experiências dolorosas e eternas.

Sábias as palavras encontratadas na Bíblia Sagrada, que afirmam: “Quem trabalha com dedicação tem fartura de alimento, mas quem corre atrás de fantasias acaba na miséria. Provérbios 28:19.

Miséria, especialmente, espiritual.

Paulo, o menor dos apóstolos, escrevendo ao crentes em Roma, assim os admoesta: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós vos considerai mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6.1–11

Nesse tempo, se avolumam antagonismos, confrontos e tentativas de desconstrução os valores sagrados, expressados na pessoa santa de nosso Deus.

Agora, em dias de exaltação ao profano, sigamos firmes, conforme recomendação em I Pedro 3:13, que diz: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.

Mais ainda, nesses tempos de culto de adoração ao mal e primazia de ritos pagãos, importante observar os ensinos do apóstolos aos gentios, que assim ministra, em sua primeira epístola aos Tessalonicenses 5:11: “Pelo que vos exortai uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como na verdade o estais fazendo.

Juntos somos melhores!

Que assim procedamos sempre, até que Ele venha!

Cristo Reina!

Dc. Lyncoln Araújo

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