Um barco pequeno, sem cobertura e sem motor, chegou à costa brasileira com 9 corpos em alto estado de putrefação. Aquelas pessoas haviam saído da África no dia 14 de janeiro e chegaram ao Brasil no dia 15 de abril, todas mortas. A embarcação, muito provavelmente, quando saiu da costa africana tinha um motor, que, possivelmente, foi perdido no meio do caminho. Por causa disso, eles estiveram à deriva por meses no meio do oceano, passando por calor, frio, chuvas, fome e doenças, até todos morrerem.
Na epístola aos hebreus, capítulo 2, verso 1, temos: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos”. O autor nos chama a duas responsabilidades em face da salvação que temos em Cristo Jesus, uma positiva e outra negativa.
Em primeiro lugar, devemos nos apegar com mais firmeza às verdades do evangelho. Ele usa o verbo proséchein, do grego, que significa, literalmente, um navio atracando no porto, estando firme, em segurança.
Isso quer dizer que somos chamados como cristãos a nos firmamos na Palavra de Deus, ela é nosso porto seguro. Nela temos plena segurança para tomar nossas decisões e agir de maneira correta. Mas esse apegar-se não é apenas conhecer a Escritura, mas, sim, praticá-la. É quando estamos escorregando que precisamos segurar com mais firmeza. É quando está pesado que precisamos ser mais fortes. É na luta contra o pecado que precisamos pegar mais pesado para vencer.
Dizemos que amamos Deus, mas em grande parte do tempo negamos isso com nossas ações
Quanto você luta para fazer a vontade de Deus na sua casa? Quanto tempo do seu dia você reserva para leitura bíblica, jejum e oração? Você tem se apegado firmemente à verdade da Escritura para praticar as disciplinas espirituais? É quando o sangue sobe, a ira, a gritaria dentro de casa, que precisamos nos apegar firmemente à verdade: “ Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.” Ef 4.31.
É quando o pecado, a pornografia e o olhar lascivo estão à porta que precisamos nos apegar firmemente à verdade: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus” 1Ts 4.3-5. Quando a ansiedade ataca, o pânico vem, o desejo de controlar tudo aflora e a vontade de questionar Deus aumenta, precisamos nos apegar firmemente à verdade: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” Fp 4.6.
Devemos estar ancorados na Palavra de Deus. Há muitos pastores que estão à deriva e levando muitos ao naufrágio na fé por negarem a inspiração e inerrância das Escrituras.
Em segundo lugar, somos chamados a jamais nos desviarmos da verdade. O autor usa o verbo parariômen, do grego, que significa ser levado, escorregar, estar à deriva. Isso significa que, quando não estamos ancorados na Palavra de Deus, ficaremos à deriva. Nesse caso, precisamos nos apegar à Palavra, para não nos desviarmos, não naufragarmos na fé. Uma vida longe da Palavra é uma vida no escuro, à deriva.
Quando nos desviamos da Palavra de Deus? Nós nos desviamos quando dizemos crer com nossas palavras, mas nossa prática está distante demais da Palavra. O que cremos é manifesto pela forma como vivemos. Você pode dizer que ama alguém, mas isso só pode ser considerado verdade se as suas ações mostram isso.
Dizemos que amamos Deus, mas em grande parte do tempo negamos isso com nossas ações. E quando a Bíblia vai contra nós? Como você lida com os versos que acusam você? E se a Bíblia diz que a mulher tem que ser submissa, você está se desviando da Palavra nesse versículo? E se a Bíblia diz que você deve discipular seus filhos e sua esposa? Você está se desviando da Palavra nesse mandamento? Quanto das Escrituras você está praticando?
Que sua vida esteja firmada na Palavra, jamais se desviando dela, sendo um imitador de Jesus, para a glória de Deus!
Pr. Daniel Simoncelos – Extraído da Revista Comunhão.