Estudo: 75% dos pastores estão preocupados com a falta de vocacionados

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Foto: Reprodução.

Mais de 70% dos pastores estão preocupados com a qualidade dos líderes cristãos, sendo que 75% deles admitem que está difícil encontrar jovens que queiram ser pastores. E o pior é que 38% dos que já atuam na área consideram abandonar o pastorado. Esse estudo do Grupo Barna revela a preocupação da igreja em relação ao futuro dos seus ministros. Mas onde está a falha? Na formação do membro? Na gestão eclesiástica? 

A resposta pode estar em vários fatores. Esse mesmo estudo, por exemplo, apontou que quase 80% dos pastores não investem no treinamento de jovens líderes em suas igrejas. O reflexo disso atinge diretamente na hora de renovar o ciclo pastoral. Tanto que apenas 16% dos pastores têm até 40 anos.

O diretor Acadêmico da Faculdade Batista do Rio de Janeiro, pastor Valtair Afonso Miranda, explica que o primeiro passo para que haja jovens interessados no ministério pastoral é que a igreja faça a sua parte na preparação dos novos líderes.

“A dificuldade parece estar na igreja local, justamente porque é nela que se levantam os vocacionados. A crise de vocação nestes espaços parece ser uma crise da igreja local. Se não há desenvolvimento da igreja, os vocacionados realmente vão desaparecer”, afirma Miranda.

Segundo o diretor, outro fator importante é deixar claro ao jovem que deseja ser pastor, os desafios que ele enfrentará e que o pastorado é mais do que uma profissão, mas uma missão, um chamado de Deus. E isso exige abrir mão de muitas coisas.

“O jovem deve ter clareza a respeito do que está envolvido nesta caminhada, desde deslocamentos e privações, até pressões sociais e familiares. Mas haverá dificuldades em cada atividade que o jovem escolher. Há riscos em qualquer carreira. O importante, neste caso, é que o vocacionado consiga discernir com clareza tudo o que envolve o ministério”, orienta.

O pastor lembra também que o perfil dos candidatos ao pastorado tem mudado, mas que, no final, cabe a igreja ter a sensibilidade de identificar os vocacionados.

“O perfil dos estudantes muda sim, porque as igrejas mudam. É a igreja que define o perfil do egresso, com suas necessidades e demandas. No passado, as igrejas costumavam ter um ou dois pastores. Hoje, é comum encontrarmos igrejas com dezenas de pastores, cada um com perfil distinto para os vários ministérios atuais”.

A escolha da instituição onde se cursará Teologia também pesa na hora de formar bons pastores. “A formação dos pastores no Brasil continua vinculada a instituições ou seminários confessionais. Quando os cursos de Teologia começaram a ser reconhecidos pelo MEC, outras faculdades começaram a oferece-los também. Mas as igrejas não consideram estas instituições seculares para a formação de pastores”, afirma.

Mesmo assim, o diretor acredita que, apesar da dificuldade por que passa a formação de novos ministros, sempre haverá jovens vocacionados e que serão usados por Deus.

“Ainda chegam muitos vocacionados para o ministério pastoral. É claro que eles podem chegar aqui também com outros ministérios em mente, mas o pastoral ainda predomina. Pastores continuarão a surgir dentro das igrejas, mesmo que a forma como eles serão preparados venha a mudar. Enquanto a demanda das igrejas por pastores existir, os vocacionados continuarão a aparecer”, finaliza.

Antes de decidir ser pastor é importante saber:

Consulte a Deus

Para qualquer profissão é importante consultar a vontade de Deus antes de tomar uma decisão. Mas quando o assunto é cursar Teologia, as orações devem ser dobradas. Peça ao Senhor que o oriente em relação a sua escolha. Avalie os prós e os contras, as dificuldades que terá, as renúncias que serão necessárias e, principalmente, a responsabilidade de atuar em uma área tão nobre e importante como essa.

Teólogo (a) é diferente de pastor (a)

Ser pastor (a) tem a ver com o “chamado” de Deus, a ordenação para o ministério. Nem todos os pastores são formados em Teologia, o que varia de uma denominação para outra. Servir em uma igreja é diferente de atuar em uma empresa. É preciso ficar claro para você se o seu interesse é profissional, ministerial ou os dois. Contudo, no geral, a maior parte das religiões evangélicas só ordenam pastores formados em Teologia.

Avalie seu perfil

O curso de Teologia é focado no estudo e na reflexão. Seja qual for a área de atuação, o aconselhamento e a instrução será a base do seu trabalho. Então é preciso gostar de lidar com as pessoas, ser paciente, saber ouvir e falar, gostar de comunicação, de ler e escrever.

Regularização do MEC

Segundo o Ministério da Educação (MEC), o curso tem uma duração média de quatro anos e tem diretrizes próprias definidas pelo ministério. A graduação pode receber os nomes Ciências Religiosas, Teologia, Ciências Teológicas ou Ciências da Religião. As habilitações podem ser em bacharelado ou licenciatura, nas modalidades presencial ou a distância. Portanto, antes de se matricular, verifique a situação do curso, da faculdade, dos professores e da grade curricular junto ao MEC.

Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Ministério da Educação (MEC) para o curso de Teologia:

Atuar conforme os princípios éticos de ação para a cidadania, considerando as questões contemporâneas sobre temas ligados aos direitos humanos, meio ambiente, educação étnico-racial, educação indígena e sustentabilidade;

Produzir conhecimento científico no campo da Teologia e na área das Ciências Humanas;

Interpretar narrativas, textos históricos e tradições em seu contexto;

Desenvolver espírito científico e pensamento reflexivo;

Adquirir senso de reflexão crítica e de cooperação que permita o desenvolvimento do saber teológico e das práticas religiosas dentro de sua própria tradição;

Atuar de modo participativo e criativo junto a diferentes grupos culturais e sociais, promovendo a inclusão social, a reflexão ética, o respeito à pessoa e aos direitos humanos.

Além das disciplinas listadas acima, o estudante precisa realizar o estágio, atividades complementares e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para se formar. *Fonte: Revista Comunhão.

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