E quando o ensino não transforma?

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Foto: Reprodução.

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir… Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus. (Mateus 5.17, 20).

Temos refletido sobre o tema ensinar para transformar. Com base em Romanos 12.2, aprendemos que o Evangelho vai além da concordância intelectual. Ele produz vida, vida nova, vida segundo Deus. Isso só é possível porque a Palavra de Deus é poderosa para salvar e transformar pecadores. Por esta razão, não é possível que alguém tenha um encontro genuíno com Cristo e seja ensinado no verdadeiro evangelho sem que toda sua vida seja profundamente afetada. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Co 5.17). O cristão verdadeiro, uma vez exposto ao conteúdo da Palavra de Deus, não pode permanecer como está.

Diante dessa verdade, fica a questão: Por que algumas pessoas estudam tanto a Bíblia e não tem sua vida transformada? A resposta está relacionada com algumas posturas que podem revelar algum tipo de confiança falsa. Alguns confiam em sua inteligência e erudição. São homens da “ciência”.

Conhecedores de verdades ocultas que o “crente comum” não pode assimilar sem que antes seja iniciado nos “métodos científicos” propostos por corações áridos e mentes míopes. Outros, são levados por religiosidades limitadoras, por “verdades” que se impõem acima da própria revelação divina; por interpretações que sobrepujam, alteram, distorcem ou reduzem o texto inspirado em nome ou da tradição, ou da inovação personalista e sectária.

No fim das contas, tanto o crítico quanto o religioso confiam em si ao invés de confiar em Jesus. Creem estar acima do que Deus disse e que deve ser lido segundo e através da pessoa do Cristo, Verbo Encarnado. A estes, Jesus diz: “A Lei será cumprida” (Mt 5.17). Porque o próprio Senhor Jesus disse: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” (Lc 21.33). O que Jesus nos ensina é que o ensino que transforma não é fruto do intelecto, criatividade ou preferências humanas, mas do caráter do próprio Deus. Por esta razão, Palavra deve ser completada (Mt 5.17), obedecida, ensinada (Mt 5.19).

Esta verdade nos impõe uma responsabilidade: viver uma vida absolutamente perfeita, sem pecado ou dolo. É isso que Jesus quer dizer quando afirma “… que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20). O único padrão de justiça que Deus aceita é a perfeição. A justiça que provém das capacidades humanas não passa de trapo imundo (Is 64.6). Que surpreendente é o ensino de Jesus! Ele nos coloca exatamente em nosso lugar: Deveríamos ser perfeitos (porque Deus assim nos criou), mas, se tentarmos alcançar a perfeição sozinhos, só colheremos o fracasso.

O que fazer? Receber uma justiça que vai além de qualquer ação humana. Isso se dá quando Deus nos dá a justiça que provém daquele que, sendo homem perfeito, viveu plenamente nossa realidade e, sendo Deus perfeito, cumpriu plenamente toda a lei em nosso lugar. Nada pode ser mais transformador o que isso! É uma transformação tão profunda que é chamada de novo nascimento (Jo 3.3)! Morto para a vida de autossuficiência e autodeterminação, vivemos a verdadeira vida para a obediência e o deleite do Senhor. Esta vida, vida debaixo da graça, é a vida que Deus quer que vivamos.

Fujamos de qualquer ensino que não produza em nós a transformação do Evangelho de Jesus! Não recebamos qualquer ensino bíblico fiel sem quebrantamento! Que nossa atenção e disposição para obedecer estejam voltadas para o que Jesus quer nos dizer em sua Palavra.

Pr. Lucas Rangel de C. Soares

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