Luto : Assistência Espiritual a famílias não-crentes

2001

Para alguns colegas seria um tanto estranho ter uma diaconia voltada para essa finalidade. Todavia, algumas igrejas conseguiram bom campo de evangelização nessa área, principalmente as que se encontram localizadas perto de cemitérios.

Temos verificado por ocasião de sepultamentos, que a igreja católica procura desenvolver uma assistência espiritual junto às famílias enlutadas, no sentido de confortá-las e realizar cerimônia fúnebre, de acordo com a doutrina que os católicos adotam. A nossa sugestão é no sentido de que seja criada uma diaconia com esse objetivo, não com a intenção de disputar espaço com os católicos, ou dividir o que eles atualmente fazem; e, sim, de trabalhar para que as famílias vitimadas pela morte de seus entes queridos, sejam evangelizadas e outras se preparem para a hora mais desagradável que é, sem dúvida, a morte, quando a pessoa não se encontra devidamente em condições de enfrentá-la.

É uma oportunidade para evangelizarmos esses aflitos, isto é, os que sofrem espiritualmente e não conhecem a respeito do preparo que precisam fazer antes que chegue o desenlace. Para essas pessoas o pensar sobre a morte só ocorre no momento em que são obrigadas a comparecer ao sepultamento de um parente ou amigo, razão peça qual nossa responsabilidade é grande, caso elas partam dessa vida sem o conhecimento indispensável para obter a vida eterna.

Tomemos como base para a nossa conscientização o que nos fala o Senhor através do profeta Ezequiel, no capítulo 33, no qual ele é colocado pelo Senhor como seu enviado para despertar o povo escolhido sobre a necessidade de anunciar a salvação, para que muitos não deixassem de ouvir a mensagem salvadora que Deus mandara aos necessitados espiritualmente.

Hoje, somos nós os atalaias do Senhor a fim de que todos cheguem ao conhecimento, de que somente o sacrifício de Jesus Cristo no Calvário é a porta para a salvação, que se dá mediante fé no seu sangue derramado em nosso lugar, como pagamento pelos nossos pecados. Assim, grande é a responsabilidade que recai sobre os nossos ombros, se não avisarmos a tempo essas pessoas da possibilidade de salvação enquanto estão vivas, para que saibam que após a morte tudo que se faça com objetivo de levar uma pessoa para o céu apenas constitui intenção e trabalho não aceito por Deus, por conseguinte, inútil. E por essa responsabilidade responderemos.

Tenho verificado que nós, diáconos, não fomos suficientemente despertados para desenvolver nossos talentos junto a essas pessoas, de modo a conscientizá-las do que representa a morte para o ser humano, principalmente quando ele não tem Jesus como Salvador. Para que implantemos essa diaconia, necessário é tomar algumas providências. Vejamos quais são elas:

1. Permissão da entidade responsável pelo cemitério

Na cidade do Rio de Janeiro diversas entidades detêm a concessão para explorar o sepultamento de pessoas, dentre as quais afloram a Santa Casa de Misericórdia, com maior número de cemitérios, o Jardim da Saudade, a Venerável Ordem 3ª dos Núnimos – Ordem São Francisco de Paula, Cemitério dos Ingleses, o Comunal dos Israelitas do Caju. A primeira entidade detém o maior número deles, os quais pertencem à Ordem do Carmo e Ordem da Penitência.

Primeiramente, cabe-nos manter entendimento com as detentoras da concessão, com intuito de fazê-las sentir que o atendimento espiritual torna-se benéfico, em vários sentidos. A evangelização torna possível sensibilizar os que participam do velório para a realidade da morte; consolá-los, mas não os afastar da realidade de que precisam estar preparados para enfrentá-la; também sensibilizá-los sobre o choro que não impressiona o Senhor, com respeito à salvação da pessoa; que nada podem fazer por aquele que faleceu, mas precisam ter um momento de reflexão quando à inexorável verdade de que terão de enfrentar a morte.

Em alguns cemitérios a igreja católica tem obtido permissão para ocupar determinado espaço com a finalidade de manter um plantonista com objetivo de assistir parentes, que não precisa ser necessariamente um padre. Geralmente temos visto uma pessoa não ordenada que faz essa tarefa. Cremos que, se houvesse decidido interesse, e fosse bem esclarecida a nossa intenção, provavelmente poderíamos obter espaço para desenvolver promissora evangelização nesses locais.

Sei que esse agir para muitos colegas não será agradável, mas obra do Senhor precisa de realizadores, e os diáconos devem fazê-la. Fora da cidade do Rio de Janeiro o procedimento quanto à permissão deve ser idêntico, ou seja, primeiramente um entendimento com a concessionária que explora o cemitério ou com a entidade proprietária, para que tudo fique bem esclarecido quanto à implantação do trabalho.

2. Treinamento para os que irão atuar nesta diaconia

Não se trata propriamente de um curso a ser desenvolvido para esta atividade, com fartos conhecimentos teológicos, de aconselhamento e sobre oratória sacra, e sim um treinamento objetivo, que capacite o diácono a desempenhar seu trabalho. Creio que algumas orientações nessas três áreas são necessárias, mas não de modo profundo, pois a atuação não exige grandes conhecimentos para obter êxito.

O pastor da igreja poderá instruir os colegas sobre como proceder de modo a não provocar um ambiente constrangedor, o que seria bem desagradável se ocorresse. Nada de ação agressiva, truculenta ou açodada, capaz de provocar uma reação contrária ao que poderíamos esperar, ou seja, a salvação das pessoas.

2.1 – Orientação teológica

Aquele que conhece bem a Palavra de Deus, que acompanha o estudo da Bíblia através da Escola Bíblica Dominical, já possui bons conhecimentos que, aliados ao que o pastor da igreja lhe transmitirá, sem dúvida, serão o suficiente para que fale com plena convicção a respeito da verdade santa àqueles que, desesperados, precisam conhecer o caminho para a salvação de suas almas.

2.2 – Orientação sobre aconselhamento

Trata-se de fazer sentir aos familiares da pessoa falecida que esta é a realidade exarada na Bíblia: ao homem está ordenado morrer em conseqüência do pecado original, seguindo-se depois o juízo por Deus devidamente preparado, a fim de julgar nosso comportamento terreno. Deve-se mostrar a oportunidade de salvação que se nos é oferecida pelo sacrifício de Jesus no Calvário, ao padecer pelos nossos pecados.
Dizer-lhes que devem estar em condições de enfrentar a morte, e, conseqüentemente, o juízo final, para isso é necessário o devido preparo espiritual, através do conhecimento do plano de salvação. Com muito cuidado o diácono irá dizer-lhes que os sacrifícios, por numerosos que sejam, bondade, missas em favor da pessoa falecida, velas, lágrimas não alcançam o grande objetivo que é a salvação da alma. Somente Jesus pode salvá-la, de vez que ele morreu para remir os nossos pecados, mas isso só pode acontecer enquanto estivermos vivos. Ele pagou com a morte o preço de nossos pecados.

2.3 – Orientação para a mensagem

É fundamental aos diáconos que venham a atuar nesta área, o melhor conhecimento na prática da pregação:

a) Oratória Sacra – A orientação teológica, por nós recomendada no tópico 2.1, será importante no que se refere ao conhecimento da interpretação da Bíblia, principalmente dos textos que se relacionam com os temas vida, morte, salvação, julgamento final da humanidade, ressurreição, céu, inferno, etc., para bom embasamento da mensagem.

b) Conhecimento dos textos que têm relação com os temas anteriormente citados – O estudo das partes constantes da letra a será de suma importância para a elaboração da mensagem a ser proferida na hora do culto fúnebre. A segurança demonstrada pelo conhecimento bíblico será indispensável como base ou alicerce do que se deseja dizer aos que ouvirão a mensagem que pode transformar radicalmente, pela entrada do Evangelho em suas vidas, transformando-as em novas criaturas pela aceitação de Jesus Cristo como salvador de suas almas. Sem o conhecimento bíblico torna-se difícil evangelizar uma pessoa, e, mais ainda, convencê-la do pecado e do juízo futuro que será realizado por Deus. Os textos da Bíblia devem ser devidamente selecionados, com perfeita adequação ao momento. Bom seria evitar a escolha de passagens bíblicas fora do tema a ser abordado, como também as que possam agredir os que ouvem a palavra do Senhor, o que seria um procedimento lamentável. A mensagem não deve ser muito longa para não cansar os que estão sofrendo devido à morte do familiar, e também para que não haja falta de atenção ao que lhes é anunciado, a ponto de dispersar os ouvintes antes da conclusão da mensagem.

c) Oração – Indiscutivelmente este é o ponto mais importante, o indispensável, para tudo que se possa fazer ou transmitir aos que participam do funeral. Por mais culto que seja o preletor sacro e maior o seu conhecimento da Bíblia, pode-lhe faltar para o sucesso de seu trabalho a orientação do Espírito Santo, o qual nos diz exatamente aquilo que deve ser transmitido aos ouvintes da palavra do Senhor.

Em certos momentos, basta orar ao Senhor em favor dos que se encontram presentes, o mais, será a obra do Espírito Santo em suas mentes. Sem a unção do Espírito do Senhor através de uma busca pela oração, tudo que dissermos possivelmente não alcançará os perdidos e necessitados de salvação. Portanto, não nos esqueçamos de que o Espírito Santo falará por nós exatamente aquilo que os presentes ao funeral precisam ouvir para serem salvos. Assim, não olvidemos jamais da oração, mesmo que estejamos preparados intelectual, emocional, e biblicamente. Ela é a mola mestra, a base do sucesso da obra que nos foi confiada por Deus.

3. À disposição dos familiares da pessoa falecida

A nossa missão deve ser encerrada após o sermão, pelo contrário, devemos manter com os familiares do falecido uma relação amigável. É uma oportunidade de lhes falar mais sobre o Evangelho e mostrar-lhes com clareza o caminho para a salvação. Dar o endereço de nossa igreja e os dias e horários em que nos reunimos para louvar ao Senhor e estudar sua palavra, para que possam continuar recebendo cada vez mais a mensagem do Senhor. Oferecer-nos, caso haja necessidade, até para ajudá-los no que se refere a problemas decorrentes da morte de seu familiar.

Ganha-se uma alma para o reino de Deus não só com a pregação através da palavra de Deus, mas, também, pela maneira de nós vivermos o Evangelho, como atendimento às necessidades das pessoas. Se o que nos for solicitado por eles escapar à diaconia, cabe-nos o dever de encaminhar o suplicante àquela adequada para solucionar o problema. Acreditemos nessa diaconia, porque ela se mostra propícia a ganhar almas, tirá-las do pecado, levá-las a Jesus, sobretudo, levá-la a ter certeza de que desfrutarão das mansões celestiais, se aceitarem Jesus como salvador de suas almas.

Fonte: JUERP

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