A vida em toda e qualquer sociedade requer o estabelecimento de regras e padrões os quais serão fundamentais para impor limites e tornar possível o convívio e a manutenção dos relacionamentos. Daí surgem as leis, decretos, normas, etc., todos criados para nortear a existência humana e preservar a espécie. Não é muito diferente quando se trata de assuntos espirituais que envolvem não apenas o corpo e a vida na terra, mas, a alma, noutra dimensão.
Apesar de ser um caminho pouco conhecido, tendo em vista que não se tem notícias concretas sobre pessoas que tivessem morrido e voltado para nos relatar com detalhes como seria a vida do outro lado, existe uma fonte capaz de nos oferecer subsídios que pode esclarecer muitas coisas a esse respeito. A Bíblia, uma verdadeira biblioteca, composta por inúmeros livros, todos inspirados por Deus, traz revelações suficientes para conduzir o homem no caminho certo, ou seja, aquele que irá lhe conduzir a presença de Deus e assim viver eternamente ao seu lado num lugar conhecido amplamente como “céu”.
Para ter acesso a esse paraíso existem também regras que nesse caso foram estabelecidas exclusivamente pelo Eterno. Certa feita alguém perguntou para Jesus se seriam poucas as pessoas a serem salvas. Ele respondeu de forma incisiva, dizendo que aquele que quisesse ser salvo deveria se esforçar para entrar pela porta estreita, pois, muitos procurariam entrar e não conseguiriam (Lc 13.24). O que Jesus queria dizer com a expressão “entrar pela porta estreita”? Antes de tentar responder a essa pergunta, se faz necessário compreender um pouco sobre soteriologia, parte da teologia que estuda a “salvação” do homem. Ao analisar a Bíblia, na sua totalidade, sem interpretar versículos isolados, chegamos à conclusão de que só há duas condicionantes para que uma pessoa seja salva (Jo 3.16, 14.6; At 3.19; Rm 10.9). Ela precisa se arrepender de seus pecados, crer e confessar a Jesus como seu senhor e salvador, entretanto, seu comportamento a partir de então poderá ratificar ou não tais decisões. Uma pessoa arrependida e que decidiu entregar o senhorio de sua vida a Cristo, certamente viverá numa busca constante pela santificação, procurando limitar o poder de sua natureza humana e pecaminosa; se esforçará ao máximo para subjugar o seu “eu”, vivendo para a glória de seu Senhor; o seu amor por Cristo será infinitamente maior a tudo que o mundo possa lhe oferecer, principalmente, daquelas coisas que são desagradáveis a Deus (Hb 12.14; Gl 2.20; 1Jo 2.15-17).
Portanto, quando Jesus afirma que o salvo deve obrigatoriamente passar pela porta estreita e que muitos não passarão por ela, isso não significa que Deus renunciou a sua graça e misericórdia, mas, estabeleceu regras para que a salvação dos homens se tornasse possível. A grande questão é se as pessoas estarão, de fato, dispostas a abandonar sua vida de pecado em prol desse prêmio, ou se optarão por tentar um atalho, isto é, se convencerem de que podem trilhar pela porta larga, que significa uma vida sob o domínio do pecado, e, mesmo assim, conseguirem alcançar a salvação. De acordo com o próprio Cristo a porta larga e espaçosa, tipificada por aqueles que não temem a Deus e que vivem sob os parâmetros estabelecidos por este mundo, jamais será capaz de conduzir alguém ao reino celestial.
Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal