Você sabe como expressar sua compaixão?

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Foto: Reprodução.

Em Êxodo, no capítulo 2, nos versículos 5, 6 e 10, lemos a seguinte história: “Desceu a filha de Faraó para se banhar no rio, e as suas donzelas passeavam pela beira do rio: vendo ela o cesto no carriçal, enviou a sua criada, e o tomou. Abrindo-o viu a criança; e eis que o menino chorava. Teve compaixão dele, e disse: Este é menino dos hebreus… da qual passou ele a ser filho. Esta lhe chamou Moisés e disse: Porque das águas o tirei”.

A passagem bíblica afirma que a princesa egípcia teve compaixão do bebê israelita. Foi isso o que originou a sua ação e todos os acontecimentos que advieram dela. Infelizmente, histórias assim não são muito frequentes hoje em dia.

A verdade é que viveríamos num mundo melhor se todos expressassem compaixão pelos seus semelhantes. Compadecer-se é enxergar o outro com olhos de bondade. É abandonar o casulo da autoproteção para identificar-se com o próximo em seus sofrimentos. Mesmo sendo uma palavra fora de moda, poucas coisas são tão belas quanto a compaixão.

Quando a filha de Faraó contemplou o pequeno Moisés chorando no cesto, “teve compaixão dele”. Na Escritura Sagrada, essa expressão – ter compaixão – não significa apenas sentir pena de alguém. Significa importar-se, aproximar-se, associar-se à emoção do outro e tomar medidas práticas para ajudá-lo. É isso o que Deus faz por nós, e foi isso o que a princesa fez pelo menino no cesto. Resgatou o recém-nascido das águas e adotou-o como filho. Se estivéssemos no seu lugar, procederíamos da mesma forma?

Jesus exortou seus seguidores a serem compassivos. Ninguém deveria intitular-se cristão sem estar disposto a conhecer a realidade do próximo, envolver-se com ele em suas lutas e oferecer-lhe auxílio. Como membros da família de Deus, temos recebido bênçãos maravilhosas do Pai. Ele nos tem dado saúde, capacidade, bens e relacionamentos. Todas essas coisas são expressão do cuidado que o Senhor tem por nós. Mas são também recursos que ele põe em nossas mãos a fim de que pratiquemos o bem.

A compaixão revelada às margens do Nilo salvou a vida de Moisés. Desse modo, salvou também a vida de milhões de hebreus que definhavam como escravos. Anos mais tarde, o menino tirado das águas voltaria ao Egito como o enviado de Deus para libertar seu povo do cativeiro.

Quando uma única alma é socorrida, quem pode prever os benefícios que advirão? Jamais subestimemos os efeitos de um ato de misericórdia! Um único gesto de amor pode ter desdobramentos notáveis. Há uma frase do Talmude que diz: “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”.

Mas a compaixão salvou, também, a filha de Faraó. Resgatou-a de uma trajetória apagada. Se não fosse por sua iniciativa bondosa, a vida daquela mulher teria sido de total nulidade. Jamais ficaríamos sabendo da sua existência e não estaríamos, hoje, falando sobre ela.

Quando nos importamos com alguém, somos resgatados do nosso próprio egoísmo. Nosso viver ganha propósito e serventia. Mesmo não sendo essa a motivação inicial, tal atitude nos torna pessoas mais felizes. Não encontramos a alegria numa existência livre de desapontamentos, e sim numa vida cujas contribuições fazem a dor dos desapontamentos esmaecer. Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.

Se olharmos ao nosso redor, encontraremos inúmeras pessoas insatisfeitas e entediadas. Elas contrastam com outras que – enfrentando problemas semelhantes – conservam intactos o otimismo e o vigor. A diferença está, muitas vezes, naquelas insistem em viver para si próprias, enquanto estas se preocupam sinceramente com os demais.

O frio espiritual mata tanto dentro quanto fora do coração, mas o calor da compaixão pode aquecer nossas almas, degelando a crosta de indiferença que nos mantém isolados da felicidade. A riqueza de um ser humano não é medida pelo que ele possui, e, sim, no que está disposto a ofertar.

Há lugar para a compaixão em nossa vida? Será que estamos dispostos a nos importarmos com os outros, abençoando e sendo abençoados? Não deixemos que o receio e o egoísmo nos privem de sermos um canal da bondade divina. Permitamos que o amor flua do nosso interior e alcance muitas vidas, para a glória de Cristo. Todo crente é um presente de Deus para a humanidade. Não tenhamos medo de nos dar.

Pr. Marcelo Aguiar
Colunista deste Portal
 – Extraída da Revista Comunhão

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