“Façam todo o possível para viver em paz com todos.” (Romanos 12.18)
A capacidade para conviver bem é um dos alvos e ao mesmo tempo um dos sinais de quem crê e vive no Evangelho. Pelo simples fato de que viver em paz com outros é uma das atitudes presentes em Deus. Ele não precisaria dividir o universo com ser algum contrário aos seus pensamentos, que agissem de maneira errada aos seus olhos. E numa discordância entre Deus e qualquer outro ser, Deus estará com a razão 100% das vezes. Mas em lugar de ser intolerante Ele escolheu ser misericordioso. Em lugar de odiar, Ele resolveu amar. E em seu amor agiu buscando reconciliação. Ele escolheu fazer todo o possível para viver em paz conosco. Temos agido de forma semelhante? Veja o que o salmista disse sobre Deus: “Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda” (Sl 30.6). Nós somos diferentes: nossa paciência é breve e nossa ira pode durar a vida toda. Isso precisa mudar em nós. E quando temos certeza de que o que pensamos tem base bíblica, aí nossa dificuldade cresce exponencialmente. O outro deixa de ser apenas um discordante e passa a ser um inimigo! Precisamos agir uns com outros da maneira como Deus age conosco. Quando vamos entender isso? Precisamos aprender a lidar bem com quem pensa diferente de como pensamos. Somos tão complicados em nossas relações que nutrimos antipatias gratuitas. Alguma coisa no outro nos incomoda, produz rejeição e até desprezo. Explica a psicologia que, em muitos casos, essa aversão relaciona-se a algo que nos habita e que nos iguala ao outro que rejeitamos. Neste caso o que estamos fazendo é rejeitar no outro o que não queremos admitir em nós. Isso explica muita violência em nosso mundo. Em certo sentido a violência é a expressão de nossa incapacidade para lidar com a própria vida. E aí fazemos do outro o nosso alvo. A alma humana é realmente complicada!
À luz do Evangelho não faz nenhum sentido nossas inimizades, julgamentos e guerra uns contra os outros. Tudo isso apenas revela nosso desvio, nossa infantilidade e cegueira espiritual. As vezes somos moralistas como Davi, que irou-se contra o personagem da história contata pelo profeta Natã, até que o profeta o fez ver que ele era aquele personagem. Mas será que somos também quebrantados como Davi foi? Temos facilidade de admitir que somos o problema? É mais fácil justificar-se. É mais fácil dizer que as coisas também não são assim. É mais fácil buscar outra aplicação para este verso e listar as clausulas de exceção a ele que pudermos encontrar e que nos beneficiem Enfrentar a nós mesmos é sempre o caminho mais difícil, mas pode ser o único correto. Ser pacificador na relação com os outros exige consciência de si mesmo, humildade, coração quebrantado e amor ao próximo. Sem essas atitudes, sem a escolha pela paz, não há adoração verdadeira em nossa vida. Essa é a liturgia da vida cristã. Portanto, façamos todo o possível para viver em paz com todos!