“Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós.” (2 Coríntios 4.7)
Somos vasos de barro. Nenhum de nós é de outra natureza, senão essa. Todos nós somos frágeis. Uma fragilidade que pode atuar contra ou a favor de nossa espiritualidade, de nossa jornada como crentes, como cristãos. Portanto, ser de barro representa perigo e oportunidade. Vamos pensar no perigo. É um perigo quando vasos de barro pensam ser de outra natureza. Quando passam a acreditar que são mais raros, mais caros, mais especiais e resistentes que outros. Atribuindo a si mesmos a razão de seu lugar e utilidade. Ainda que nunca se quebre, embora seja difícil que não aconteça, um vaso de barro nessas condições será dominado por orgulho, presunção e pouca ou nenhuma empatia. Enganado sobre si mesmos, se enganará sobre os outros. Pensado ser justo, será cruel. Perderá a beleza da fragilidade que poderia torná-lo especial. É possível que perca também a benção de amar.
Mas há outra opção: ser de barro não é ser inútil, sem valor ou banal. Podemos ser verdadeiras obras de arte. Vasos de barro são sujeitos a quebras, mas podem ser refeitos. No sentido em que seres humanos são vasos de barro, isso significa que estão sempre em processo de acabamento. E quando algo não vai bem, pode ser restaurado. É essa a ideia do texto de Jeremias 18.1 a 6. Deus mandou o profeta à casa do oleiro e lá ele viu um vaso de barro sendo feito e refeito. E Deus lhe fez entender que os israelitas eram como vasos de barro em Suas Mãos. Precisamos estar nas Mãos de Deus. Buscar isso diariamente. Somos vasos de barro e não somos nós que nos reparamos. Precisamos das mãos do oleiro.
Como vasos de barro, nossas trincas e rachaduras não são necessariamente um problema. Elas podem nos ajudar a viver com mais humildade e dependência. Elas podem, inclusive, revelarem-se aspectos belos de nosso ser. Somos vasos de barro que podem ser mais que objetos úteis, podemos nos tornar objetos de arte. Arte do Criador. Podemos nos tornar exemplares de seres humanos saudáveis, reais, amáveis, sábios. Podemos dizer a outros vasos de barro, muitos com rachaduras sérias, que há lugar para eles junto ao Oleiro. Ele escolhe vasos de barro como cofres para depositar seus tesouros. E isso muda tudo! Nenhum vaso recebe esse tesouro por mérito. Todos o recebem por graça. Somos apenas vasos de barro. Mas por causa do Oleiro e do seu Tesouro, nos tornamos obras de arte! A vida ganha novas perspectivas. Não guardemos isto como um segredo. Façamos disso nossa mensagem. Vasos de barro podem ser obras de arte nas Mãos de Deus. Ele é um Deus que ama, cuida, restaura e torna especiais aqueles que são apenas frágeis vasos de barro.
Pr. Usiel Carneiro