Um educador semelhante a Jesus Cristo

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Em outubro celebramos o mês da Educação Cristã. Durante este período salientamos a importância do ministério de Educação em uma comunidade de fé e a figura do Educador Cristão comprometido com seu chamado e com o Reino de Deus.

Entendemos que Deus nos chamou para uma grande obra. Quando Jesus exerceu Seu ministério na Terra, Ele pregou, curou, admoestou, viveu em comunhão e intercessão. Mas passou maior tempo de seu ministério ensinando e aconselhando. Jesus formou discípulos. E é exatamente essa nossa principal função como educador cristão. Jesus via o melhor das pessoas, Ele as via como poderiam ser. Ele se interessava mais por pessoas, que com credos, ritos e cerimônias.

“E maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas” (Mc 1.22).

Buscar ser como Jesus, o nosso Mestre, precisa ser nossa principal vocação. Conhecer a Palavra e não praticar é se assemelhar aos escribas – eles conheciam a Lei, mas não viviam o que nela estava escrito. Nossa vida devocional precisa ser constante e nossa intimida­ de com Deus crescente. Um educador precisa ter sede e fome desse relacionamento.

A Educação Cristã que transforma

Jesus mostrou que o ensino pode mudar a vida das pessoas. O educador não pode se conformar com a condição do educando. Ele precisa querer sempre colocá-lo em um nível à sua frente.

“Pensar a educação em um aspecto geral é pensar em abrir espaço para que o educando alce voos por caminhos que desconhece, mas de forma sensata e organizada. É fazer com que o educando descubra horizontes novos que poderão nortear seu futuro” (Prince,2008,p.17).

A vocação de um educador vai além das fronteiras eclesiásticas. Nossa preocupação precisa ser de forma Integral. Mais importante do que o que se ensina é o que se faz a partir do ensino. Precisa haver transformação a partir do ensino. O chamado educacional é para vida!

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt. 28.19,20).

O “ide” sozinho não tem lógica. Para onde? Fazer o quê? Ninguém vai fazer o que não aprendeu. O educador prepara o discípulo. E nessa caminhada, se torna o exemplo a ser seguido (Jo 17.19). “Todo líder se reproduz segundo a sua espécie. Mais do que seus ensinamentos, é o seu estilo de vida que acaba sendo assimilado por quem o segue. Se ele não for um imitador de Cristo, tornar-se-á um elemento de degeneração no meio da Igreja, levantando uma descendência corrompida” (Figueira, 2014, p.67). Nossos exemplos arrastam. Daí a importância de uma vida de intimidade com nosso Mestre e constante aprendizagem. O educador nunca deixa de aprender. É como um rio em constante movimento e não como uma lagoa presa em si mesma. Fazendo discípulos e os ensinando, formamos também discipuladores que formarão outros discípulos. E todos guardarão as escrituras. O processo ensino-aprendizagem vai se fortalecendo à medida que há envolvimento de ambas as partes. Educar é uma arte e requer entrega e investimento. Investir um na vida do outro. Esse processo gera comunhão e afeto. Para serem preparados por Jesus, os discípulos precisaram sair da zona de conforto e caminhar com Jesus, num relacionamento bem próximo.

Quando a Educação não é priorizada

Desde a antiguidade, vemos Igrejas se perdendo por falta de constância e conhecimento. Quando uma Igreja se preocupa mais com números e menos com educação, ela pode morrer. Quando analisamos as sete Igrejas da Ásia menor, ou as sete Igrejas do Apocalipse, constatamos os pontos culminantes da ruína de algumas delas como descrito no texto.

Quando não associamos doutrina com a vida, podemos cair em nosso ensino. Podemos tomar como exemplo a Igreja de Éfeso. Que foi elogiada por seu zelo doutrinário, mas abandonou o primeiro amor e foi advertida por isso. Mais um exemplo aqui da maximização da letra, da coisa, do rito, e não da pessoa, do ser, do outro. Também é um episódio onde se prega com primazia, porém não se vive o que se prega. “Se a doutrina é a base da vida, a vida precisa ser a expressão doutrinária. As duas coisas não podem viver separadas. Dou­ trina sem vida produz orgulho e aridez espiritual; vida sem doutrina desemboca em misticismo pagão. Uma igreja viva, tem doutrina e vida, ortodoxia e piedade, credo e conduta!” (Lopes, 2013, p.13) Talvez encontrar esse equilíbrio, seja um dos maiores desafios da Igreja moderna. Criam-se métodos e modelos de celebrações atraentes para todos os públicos, porém, em alguns casos, sacrificam-se os momentos do ensino, da oportunidade de troca, do livre acesso as dúvidas e diálogo aberto. 0 único lugar do ensino passa a ser o púlpito.

Dificultando assim esse processo de ensino-aprendizagem.

Solidez da Educação Cristã

Quando uma Igreja valoriza o crescimento dos cristãos em conhecimento e proporciona oportunidades de serviço onde ele possa desenvolver seus dons e talentos em prol do outro, sendo acompanhado e discipulado o tornando hábil a continuar o processo de discipulado, ela permite e viabiliza esse cristão a se tornar mais parecido com Jesus. O educador é alguém capacitado para isso. É o gestor do ensino de uma Igreja. É quem planeja, cria, idealiza, organiza, elabora, avalia, refaz, transforma, inclui, obedece, desperta. Um educador faz brotar os talentos e dons presenteados pelo Espírito a cada um. É papel do educador viabilizar esse crescimento e oportunidade de servir. Isso dá muito trabalho, não é tarefa fácil.

Uma comunidade de fé é ativa e dinâmica, um corpo, como nos ensina o apóstolo Paulo. Cada um com sua função, todas importantes diante de Deus. Achar esse lugar no Reino é gratificante, revigorante. Ser instrumento do Espírito Santo para edificar a Igreja é o propósito de cada educador cristão. Cumprir esse propósito é privilégio. Ser canal para que outros também o cumpram é uma honra! Que Deus em sua infinita misericórdia nos capacite cada dia a viabilizar esse encontro entre dons, amor, serviço, crescimento, transformação e honra!

Por Tânia de Lima Pereira – Educadora Cristã, membra da Primeira Igreja Batista em Nova Piam – RJ

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