“Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não o percebem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo” (Isaías 43.19).
Nos capítulos anteriores do profeta Isaías, ficamos sabendo da incapacidade de Israel de reconhecer e responder ao que Deus fizera, e como resultado dessa incapacidade, a nação acabou por dar lugar ao mais severo castigo de Deus. O profeta, partir do capítulo 43, nos alerta que o fogo que um dia ardeu sobre o povo (42.25), não mais se repetirá (43.2). A notícia agora é que o deserto está chegando ao fim e um novo dia está surgindo. Deus agirá em favor de seu povo escolhido movido pela mais pura graça.
No deserto, uma certeza: ESTAREI CONTIGO (v.2), diz o Senhor. A promessa de preservação no meio do deserto (provações) se deve em razão da presença de Deus. A observação de João Calvino diz o seguinte: “O Senhor não o redimiu para que você desfrute de prazeres e pompas … mas para que você esteja preparado a suportar todos os gêneros de males.” Deus não garante que não haja dilúvios ou florestas em chamas, porém promete que alguém pode sobreviver a tudo isso em razão de sua presença (Leia Sl 66.12; 1Pe 1.6,7).
O deserto em muito contribui para O PROGRESSO DA FÉ. “Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador” (Isaías 43:10,11). Novamente João Calvino afirma que os três verbos: saber, crer e entender detalham o progresso da fé, que se estende desde a experiência inicial com Deus, e prossegue firme em meio as provações por meio da dependência total de Deus.
O deserto tem a capacidade de revelar O SENHORIO E O PODER DE DEUS (43.14–21). “Eu sou o Senhor, vosso Santo, o Criador de Israel, vosso Rei” (Isaías 43:15). As reivindicações divinas presentes neste trecho têm por base não apenas o passado; como também o futuro quando Deus demonstrará seu senhorio realizando novas obras de livramento. O exercício do poder de Deus, em favor de Israel, não provém de algum comportamento justo por parte do povo (vv. 22- 24), e sim, tão somente, fruto de sua graça soberana.
O deserto também tem o poder de revelar A FIDELIDADE DE DEUS. Por que esses poderosos eventos ocorrem? Por causa do povo? Embora o povo não cumprisse a sua parte (43.22–28), a única razão para esses eventos poderosos estarem em andamento é porque o povo pertence a Deus e por causa do Deus que Ele é. O deserto acabou por revelar que Deus seria unilateralmente fiel. Esta é a expressão máxima da graça compassiva de Deus que acha sua expressão mais contundente na cruz de Cristo.
Nossa conclusão é que A GRAÇA DE DEUS NOS É CONCEDIDA EM MEIO AO DESERTO (43.22–28).
A graça não é algo que se conquista, ela é um favor que se recebe. “Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel” (Isaías 43.22). Os rituais oferecidos pelo povo eram pecaminosos e iníquos. Longe de serem uma razão pela qual Deus devia favores especiais a seu povo, suas tentativas de usar o ritual de culto para manipular a Deus foram apenas mais uma manifestação de sua incapacidade profundamente inglória de consagrar-se a Deus. Deus é quem providencia a porta pela qual seu povo é recebido diante dele. “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim…” (Isaías 43.25).
Há um caminho no deserto, há um rio de águas cristalinas (Is. 43.19). Deus já providenciou para o seu povo esse lindo e vivo caminho! Corra depressa para os braços de Jesus: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador” (Isaías 43.11).
Que Deus fortaleça seus pés para que continuem firmes durante sua passagem pelo deserto.
Pr. Carlos Elias de Souza Santos