Embora pareça estranho eu pedir para que tire a máscara neste tempo em que há uma campanha mundial para que todos a usem, penso de fato que este movimento global ajuda a formar o cenário de um apelo veemente para que ela seja mesmo retirada.
Antes que você me tome por louco ou por irresponsável, deixe-me dizer que estou totalmente convencido do que acabei de afirmar. Também me permita deixar logo claro que, obviamente, a máscara de que eu trato aqui nada tem a ver com a que precisa ser usada como meio de proteção na tentativa de contenção desta pandemia que tanto tem afetado a todos nós.
Em tempos de coronavírus, estamos vendo máscaras sendo usadas que precisam ser retiradas. Vou mencioná-las.
Tire a máscara da ideologia!
Em nada esse processo de ideologização da crise ajuda em canto nenhum. Usar a crise ou valer-se dela para fins políticos ou meramente econômicos é um absoluto testemunho da mediocridade que tem marcado o ser humano e sua falta de solidariedade e compromisso com o próximo.
Se alguém tem lhe oferecido a máscara da ideologia e você vem usando-a, conclamo-o a retirá-la o quanto antes. Lembre-se do conselho das Escrituras: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo; não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Filipenses 2:3-4).
“Em tempos de coronavírus, estamos vendo máscaras sendo usadas e que, para o bem de todos, precisam ser urgentemente retiradas”
É importante que ninguém se deixe manipular ou usar. É imperioso que os manipuladores percebam que não terão êxito em sua tentativa nefasta de valerem-se da crise buscando benefício próprio. A crise que atravessamos requer que a enfrentemos sem as máscaras da ideologia e da política.
Tire a máscara da ignorância!
Esconder-se atrás de textos bíblicos pinçados de seus contextos, interpretados ao bel-prazer de pregadores e mestres ocos da sabedoria dos altos e magros, desnutridos de uma teologia saudável, do mister hermenêutico, pode gerar morte, e não vida; prejudicar, e não ajudar; sabotar, e não resgatar.
O povo de Deus precisa dar um basta nessa superficialidade bíblica que tem sido exibida na mídia de forma intensificada. Qualquer pessoa abre a
Bíblia e sai falando de assuntos teológicos sem formação ou um estudo mais aprofundado do texto bíblico ou das questões elaboradas. É um flagrante desrespeito ao púlpito e à cátedra das igrejas sérias, que se esforçam para que o espaço destinado à pregação da Palavra seja ocupado por pessoas que, além de ungidas pelo Espírito Santo, são preparadas para interpretar e expor as Escrituras.
Agora é a hora dos verdadeiros profetas do Senhor, que amam e respeitam a Sua Palavra, ao ponto de jamais negociarem ou comercializarem com o que é sagrado. Chegou a hora de a Igreja de Jesus se pronunciar, rejeitando o que fazem esses pseudoprofetas, que trazem prejuízos para as pessoas.
Tire a máscara da religiosidade!
Um olhar para a crise pelos óculos da religiosidade é outro equívoco. A hipervalorização do rito e a interpretação da realidade com privilégio ao emocional, ao manipulável e aos interesses pessoais e escusos dos aproveitadores da ingenuidade dos mais simples são altamente prejudiciais a todos.
O que o mundo menos precisa agora é de religião e espiritualidade que não se apresentem cozidas no caldeirão do Evangelho puro, santo e verdadeiro. Somente o entendimento e a prática dos ensinos de Jesus Cristo podem nos encorajar a romper com a ignorância e com a ingenuidade, levando-nos a uma ação evangelizadora contextualizada, que ajude de fato a humanidade.
A Palavra vai nos instruir a uma atitude de sinceridade e de verdade. Portanto, corajosa e decididamente, tire a máscara!
Pr. Lécio Dornas