Tempos Difíceis

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“Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis” (II Tm 3.1).

O apóstolo Paulo, em sua segunda carta a seu filho na fé Timóteo, alerta para o quadro de que viveríamos tempos difíceis. No contexto religioso, os dias têm sido extremamente difíceis. Recentemente, os veículos de comunicação noticiaram que a conclusão das investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo teve como mandante a deputada e pastora Flordelis. Também foi noticiada a prisão do pastor Everaldo, do Partido Social Cristão (PSC), em um esquema de corrupção.

É um quadro alarmante, principalmente para nós cristãos. Infelizmente, a Igreja é conhecida não mais por sua piedade e, sim, pelos escândalos que se multiplicam em nosso país. É claro que ainda existem inúmeras Igrejas fiéis, servos de Deus fiéis e comprometidos com a causa do Evangelho, mas não podemos tapar nossos olhos para a realidade que nos cerca e perceber que necessitamos urgentemente de arrependimento. Aliás, arrependimento é a mensagem mais urgente a ser proclamada por nós na atualidade.

O que contemplamos neste quadro no qual estamos inseridos? Em primeiro lugar, líderes personalistas em demasia. Talvez, você pergunte: o que é personalismo? “É a ação de atribuir tudo a si; vício que atribui tudo a si; individualismo”. Temos visto líderes que chamam atenção para si, que buscam seus interesses pessoais e não estão preocupados com o povo no qual tem de pastorear. São pessoas com a síndrome do Narciso. Na mitologia grega, Narciso olhou para seu reflexo na água e se enamorou de sua própria imagem. Existem líderes que entoam o hino “quão grande és tu” diante do espelho, e não entendem que Deus não divide Sua glória com ninguém (Is 42.8).

Em segundo lugar, um povo que corre atrás das novidades do mercado evangélico e que não busca a sã doutrina. Com muita tristeza que vemos pessoas correndo de Igreja em Igreja porque ouviu falar que em um determinado dia, alguém com uma revelação especial, ministraria. Em muitas Igrejas, os líderes estão conduzindo o povo através de sonhos, visões e revelações. Há muitas heresias entrando sorrateiramente no arraial evangélico, dissimuladas como doutrinas bíblicas. O apóstolo Paulo nos alertou que viveríamos esta situação (II Tm 4.3-4). O escritor William S. Plumer diz: “Doutrinas fracas não são páreo para tentações fortes”. Urge em nossos dias a necessidade de voltarmos a primar pela sã doutrina.

Em último lugar, a substituição da pregação expositiva pela palavra de autoajuda (II Tm 4.2). O pregador necessita estar comprometido com as Escrituras. Parece que a geração atual perdeu o interesse na pregação expositiva. O reformador genebrino João Calvino dizia: “O púlpito é o trono de onde Deus governa sua igreja”. A pregação expositiva vem sendo substituída pela “Teologia do Coaching” onde o que prevalece são as palavras de orientação profissional e de autoajuda. Não estou aqui desmerecendo as palestras de orientação profissional e as palavras de autoajuda, pois elas têm o seu lugar. Entretanto, o que quero aqui é salientar que o papel do pregador do Evangelho é anunciar a Palavra de Deus que é viva e eficaz. Combatemos as heresias que pululam em meio através do estudo expositivo da Palavra. O pastor deve ser um exímio estudante da Palavra de Deus. O reverendo Hernandes Dias Lopes diz: “É impossível ser um pregador bíblico eficaz sem uma profunda dedicação aos estudos”. É fato – aquele que não semeia nos seus estudos, não irá colher no púlpito. Termino com as palavras de Charles Koller: “Um pregador jamais manterá o interesse do seu povo se ele pregar somente da plenitude do seu coração e do vazio da sua cabeça”. A mudança deste quadro passa prioritariamente pela mudança dos líderes.

Pr, José Manuel Monteiro Jr
Extraído do OJB    

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