“Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade.” (Rom. 12:13)
Na liturgia da vida cristã há músicas que jamais devem ser cantadas. Há discursos que jamais devem ser proferidos. Tratam-se das músicas e dos discursos do egoísmo. Na liturgia da vida cristã não devemos dar espaço ao egoísmo. Eis um grande desafio para nós, pois vivemos numa sociedade e temos um tipo de natureza caída que estão sempre a inspirar atitudes egoístas.
Visto que vivemos num mundo onde o egoísmo é praticamente uma regra e por isso recebemos reforços a esse tipo de comportamento e assistimos cenas de egoísmo em cada esquina, chegamos ao ponto de acharmos tudo normal e deixarmos de ver o egoísmo em ação. E quando isso acontece, nos tornamos parte do jogo. E esse não é o nosso jogo! Somos cristãos e devemos resistir ao egoísmo.
O egoísmo tem uma linguagem característica e uma escala de prioridades que acompanha essa linguagem. Para o egoísta os pronomes possessivos estão sempre na primeira pessoa do singular: meu, minha. Exceto quando se trata de um problema. Aí ele admite a segunda e até a terceira pessoa do singular: teu, tua, seu, sua.
Há perguntas que dominam a mente do egoísta, como por exemplo “o que eu tenho a ver com isso?”. Essa é uma forma de dizer que ele nada tem a ver com aquilo! Uma outra pergunta é: “e o que eu ganho com isso?” Essa é para obter algum benefício, visto que apenas servir não faz parte de seus planos.
Existe ainda um ditado que o egoísta pode até não dizer, mas que pratica com fidelidade: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. O egoísmo traz consigo a inveja, a avareza, o ciúme… e vícios semelhantes a esses. Por outro lado, despreza a empatia, a compaixão, a bondade… e virtudes semelhantes as essas.
Estamos todos preocupados com o coronavírus, que tem sido letal em muitos casos. Mas todos temos o vírus do egoísmo residente em nós. Ele é contagioso e basta que nosso sistema imunológico espiritual sofra baixa para que se instale e promova os comportamentos próprios de sua malignidade. Esse vírus mata o fruto do espírito.
O que fazer então? Levar a sério o dever de amar e servir. Inspirados pelo amor, sermos pessoas generosas e cooperadoras. Para que a nossa vida seja uma liturgia de adoração, devemos estar prevenidos contra o egoísmo e sensíveis à sua presença.
Ao invés de querer sempre o primeiro lugar, devemos aprender a ceder e oferecer o primeiro lugar. Ao invés de nos agarrarmos ao que temos, sendo avarentos, devemos ter um coração aberto para partilhar. Ao invés de cuidar apenas dos próprios interesses, devemos valorizar e contribuir com o outro em seus interesses.
A liturgia da vida cristã é nosso culto de cada dia. A cada manhã devemos lembrar os princípios e valores que desejamos confirmar com nosso comportamento. Guiados por esses valores devemos ter atitudes, usar palavras, adotar posturas e mostrar reações que honrem a Deus.
Diga “não” ao egoísmo. Diga “sim” ao amor. Comprometa-se a tratar cada pessoa com amor, persistentemente. Adorar a Deus com nossas atitudes é adorar verdadeiramente. Nossa adoração deve ser essa, pois se não for, outra não servirá. Mas não estamos sozinhos nisso. Podemos contar uns com os outros e temos o Espírito Santo. Podemos nos sair muito bem!