O Salmo 126 foi redigido em memória ao exílio babilônico, mais precisamente ao retorno do povo de Judá deste fatídico evento, que é marcante na trajetória do povo judeu até os dias atuais. Este salmo pode ser dividido em duas partes: a primeira, concentra os vv.1-3 e, a segunda, os vv.4-6. Vamos à análise do texto.
1 Quando o Senhor trouxe os exilados de volta a Sião, foi como um sonho.
2 Nossa boca se encheu de riso, e cantamos de alegria. As outras nações disseram:
“O Senhor fez coisas grandiosas por eles”.
3 Sim, o Senhor fez coisas grandiosas por nós; que alegria!
Nos vv.1-3, a salvação é vista como retorno à terra de Judá, isto é, um episódio ocorrido antes da redação do texto. Por esta razão, os verbos, no original, estão explicitamente no passado. O Senhor salvou o povo de Judá, trazendo-os de volta a Sião! Estes versos nos evidenciam, também, que a salvação exercida pelo Senhor se dá em seu próprio tempo e não no tempo do orante do salmo. Na verdade, é dessa forma que toda a Bíblia nos apresenta o nosso Deus: Ele sempre agirá de acordo com a Sua vontade e no Seu tempo. Por último, nos vv.1-3 é possível perceber que a ação salvífica do Senhor sobre Judá gera um resultado interno e externo. Ela gera uma ALEGRIA contagiante para os de dentro e testemunha para os de fora de que o Senhor fez grandes coisas pelo Seu povo.
4 Restaura, Senhor, nossa situação, como os riachos revigoram o deserto.
5 Os que semeiam com lágrimas colherão com gritos de alegria.
6 Choram enquanto lançam as sementes, mas cantam quando voltam com a colheita.
O v.4 inicia com um imperativo enfático. Ele indica claramente uma mudança de ações passadas para necessidades presentes. O imperativo hebraico denota um verbo que expressa um forte desejo e é usado, principalmente, para uma ação imediata. Neste sentido, o orante clama: “restaura hoje, Senhor, a nossa situação, como os riachos revigoram o deserto”.
Em relação à metáfora “como os riachos revigoram o deserto”, sabe-se que, no período de chuvas, esta região desértica recebia um riacho em meio à seca. Em razão disso, a oração sinaliza um lindo significado: diante da escassez, da dificuldade, desejamos aquele riacho do deserto, a fim de que tenhamos vida neste doloroso momento.
Nos últimos versículos (vv.5,6), é nítido que o texto apresenta um movimento da tristeza para a ALEGRIA. O salmo nos ensina que, mesmo diante do choro e desalento, você e eu não devemos parar de semear. O texto explicita que não é pecado nem fraqueza chorar. Chore, mas não fique paralisado! Enquanto chora, lance a semente e se alimente de esperança por novos e melhores dias (Gálatas 6.7-10).
Neste início de ano, desejo-lhe que o aproveite e se comprometa a semear cuidado, zelo e amor. Em 2023, relembre que toda boa semente lançada sobre a terra não é em vão e produzirá gritos de ALEGRIA!
Concluindo o nosso texto, sublinhamos que o salmo 126 é uma oração pela salvação em tempos difíceis. Ele também demonstra que o Senhor que mudou a sorte de seu povo uma vez, pode fazê-lo novamente. Afinal, tanto nos vv.2-3 quanto nos vv.5-6, o resultado da salvação passada e futura é descrito como ALEGRIA. Por esses motivos, trabalhe com os olhos fitos em Jesus, semeie e, no devido tempo, você reverberará gritos de ALEGRIA na presença do Senhor.
Deus o abençoe muito!
Pr. Douglas Pedrosa – PIBN.