Ser um crucificado com Cristo é viver sob os efeitos do espírito da cruz. Pois é: isto quer dizer que, não basta confessar com os lábios, é preciso levar nos lombos a cruz como estilo de vida. O espírito da cruz encarna a condição de um crucificado.
Não estou falando de uma perfeição na conduta, mas da perfeita condução na vida espiritual dos sinais dos cravos. Há muitos de nós que falam um discurso adequado, embora desdigam tudo com o modo de viver. A boca fala certo e a vida desmancha tudo.
Quero, porém, reiterar: não estou me referindo a uma vida sem jaça ou sem um defeito ou problema, mas a uma vida sem jactância, com a altivez, no madeiro.
O espírito da cruz, antes de promover em nós, uma vida santa, promove a vida quebrantada, pois santidade sem quebrantamento é pura arrogância. Nada pode ser mais falso do que um santo empinado ou emproado. Santificação sem quebrantamento é uma contradição de termos, tanto como dizer que um pecador é humilde de espírito.
Muitas pessoas pensam que estão quebrantadas, quando estão apenas sob o manto roto da aparência, fingindo pobreza ou baixa estima para chamar a atenção do seu modo de viver, mantido para impressionar a turma da arquibancada. Nós precisamos mais do que traços de humildade, precisamos de um quebrantamento no pó e na cinza.
O Deus de cócoras, como o escravo de terceira categoria, é o modelo autêntico deste tipo de humilhação que expressa quebrantamento. E aqui, não basta demonstrar ter uma mente humilde, é preciso ser um ente quebrantado. O espírito da cruz tem que agir no íntimo e levar o sujeito a sujeitar-se a ser humilhado com desprendimento e festa.
Jesus disse com total precisão: qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado. Mateus 23.12. Agora, a questão: como posso me humilhar sem sentir-me orgulhoso de ser humilde? Este é o xis do problema: o quebrantamento genuíno, que o espírito da cruz deve promover.
Um pregador eloquente e estudioso subiu ao púlpito como um pavão, cheio de si, sabendo que havia se preparado convenientemente, todavia, o seu sermão foi trágico. De cabeça baixa, sem disfarçar a humilhação, passou próximo de um velho crente que o ajudou com essas palavras: “se você subisse como desceu, teria descido como subiu”.
Não quero apenas, em minha vida, o discurso da cruz, eu quero a encarnação do seu curso. A grande mensagem do Evangelho é o Verbo encarnado que foi ao Calvário para me salvar de mim mesmo e a sua perfeita atualização é a minha crucificação diária levando o morrer de Jesus em meu modo de viver.
Não fomos chamados ao pódio a fim de sermos condecorados, mas ao porão para limpar os pés dos falidos como nós.
Pr. Glenio Fonseca