“O maior entre vocês deverá ser servo.” (Mateus 23.11)
Ser importante, ser reconhecido e receber elogios são anseios que naturalmente habitam o ser humano , desde os primeiro anos de vida. A raiz disso por certo tem a ver com um anseio mais interior e fundamental, que faz desses aspectos indicadores que o alimentam. Refiro-me ao nosso senso de valor e aprovação. Queremos confirmar nosso valor. Queremos nos sentir aprovados e nada melhor que sermos vistos, reconhecidos e admirados. Naturalmente isso nos faz concorrentes e elimina a possibilidade de todos nos sentimos, igualmente, valiosos. Ao contrário, essa busca pelo destaque pode salientar em nós a ideia de que somos diferentes, no sentido de melhores e piores. Simbolicamente queremos muitos seguidores nas redes sociais e likes em nossas postagens. Em princípio nenhum problema mas muito facilmente um sério problema. Mesmo bem intencionados, correremos o risco de mudar do desejo de partilhar uma ideia ou informação, para um outro: o de nos sentirmos importantes ou mais importantes que os demais.
O caminho do Reino de Deus é diferente e estranho a essa lógica. No Reino de Deus todos podem ser igualmente valiosos pois sua lógica é outra e não nos faz concorrentes, mas cooperadores. No reino dos homens, ser importante é estar em evidência, em destaque. No Reino de Deus ser importante é fazer algo que abençoe a vida dos outros. No reino dos homens ser importante é estar em vantagem em termos de visibilidade e reconhecimento. No Reino de Deus, é estar à disposição de quem precisar de nosso apoio, ajuda ou cooperação. Ao dizer que servir é o caminho dos grandes, Jesus não está dizendo que, sendo servos, chegaremos ao reconhecimento que desejamos. Isso seria apenas propor um caminho a mais para a mesma lógica: a do triunfo sobre o outro! No Reino de Deus tanto a lógica, como o caminho e o resultado são diferentes.
No Reino de Deus quem mais sabe, mais tem, mais pode deve ser o mais humilde e portanto estar pronto a servir. Nele, o valor de nossa vida está relacionado a quem somos na história do outro, ao quanto nos dedicamos a amar e servir as pessoas sem esperar reconhecimento algum, mas apenas como um ideal de vida, como nosso exercício para aprender a amar. O apóstolo Paulo escreveu em Romanos 12 verso 2 que devemos sofrer, na verdade, buscar uma mudança de mente, e a mudança é realmente grande! Trata-se de uma subversão da ordem, da lógica. O caminho proposto não é o que naturalmente escolheríamos, mas é nele que, verdadeira e naturalmente descobriremos o grande valor, nosso e dos outros. Estamos então diante de dois caminhos: podemos nos esforçar para ser importantes ou nos esforçar para servirmos amorosamente. São caminhos que nos levam a lugares diferentes. E todo dia precisaremos escolher entre um e outro!