Silenciar na perspectiva das Escrituras é uma grande dádiva do Pai. Como precisamos ficar em silêncio nas diversas circunstâncias da nossa vida! Silenciar no devido tempo é uma atitude de sabedoria. O nosso silêncio não pode ser confundido com covardia, medo ou conivência com o erro, com a injustiça ou quaisquer formas de pecado. Martin Luther King já dizia: “Eu não me preocupo com o grito dos maus, mas com o silêncio dos bons”. Este silêncio a que o pastor King se refere é o silencio negativo, fruto de medo e covardia. O silêncio positivo é quando aprendo a ficar calado e deixo o outro falar. Quando ouço mais e falo menos. Na verdade, o silêncio é o equilíbrio dos diálogos. Aprender a silenciar no tempo certo é sinal de prudência, de maturidade. Tiago já nos ensina: “O homem seja pronto para ouvir (silêncio), tardio para falar e tardio para se irar” (1.19). Este princípio bíblico é muito precioso nas nossas relações, inclusive em nossa relação com o Senhor, procurando ouvi-lo mais. Quando silenciamos nós temos a capacidade de aprender e motivar os outros a repartir o coração. Ouvir é uma arte em extinção.
Jesus para mim é o exemplo de alguém que ensinou pelo silêncio, pois Suas atitudes e Seus atos falavam na medida certa. Diante dos acusadores da mulher ‘pega’ em flagrante adultério, Ele silenciosamente escrevia na areia. Ele ouviu as duas partes. À luz de cada palavra Ele deu o veredicto. É impressionante a sabedoria do Mestre. Quando da negação de Pedro, o Senhor Jesus só olhou (silêncio) para ele. O olhar do Mestre bastou para desencadear em Pedro uma profunda consciência de pecado, falta de compromisso. O olhar de Jesus levou Pedro a chorar amargamente (Lucas 22.62). Jesus apanhou das autoridades religiosas judaicas, sofreu muito em silêncio. Não buscou defesa para si, mas simplesmente confiou na justiça do Pai. O silêncio positivo é uma forma de confiança no Senhor. Diante da dor, das injustiças, perseguições, nós temos uma das duas reações: murmurar ou ficar em silêncio louvando no coração e confiando totalmente no Pai Soberano que agirá no tempo certo.
Usar do silêncio, como Jesus ensinou, é uma forma de comunicar humildade, mansidão, respeito e profundo amor (Mateus 11.29). O silêncio sugere um tipo de comunicação eficiente que é a não-verbal. Comunicamos com os olhos, a face, as mãos. Quando o salmista compartilha conosco que ‘esperou paciente ou confiantemente no Senhor’ (Salmos 40.1), quer dizer que em silêncio ele expressou fé e confiança; alegria e paz; harmonia e sintonia interiores e o cântico do coração.
O silêncio é necessário nesta geração tão barulhenta que não o suporta. Estar em silêncio é terapêutico, pois permite ouvir mais os sinais que estão sendo emitidos. O silêncio aguça a audição enquanto o barulho a compromete. Ele permite a atenção concentrada, aumentando a nossa capacidade de aprendizado. Aprendamos a ouvir atentamente a voz de Deus. Precisamos ler a Bíblia de forma quieta, fazer uma leitura meditativa. O silêncio enriquece e amadure a pessoa que o busca. Orar ao Senhor pedindo mais sensibilidade com a Sua manifestação é uma grande virtude. Dentro dos templos, nos hospitais o silêncio é remédio. Pode ajudar em muito o tratamento.
Aprendamos com o Senhor Jesus o silencio no sofrimento, não abrindo a boca, mas confiando no Pai que tudo pode (Isaías 53; Filipenses 4.13). O Salvador silenciou na Sua morte para ressurreto, dar as boas novas da justificação ao que crê. Uma atitude de coerência. Por ser coerente, Jesus morreu por nós. Ele é o amigo silencioso que revela o Seu amor através de atitudes e atos para a Glória de Deus Pai. Na Sua humilhação e na Sua exaltação (Filipenses 2.5-11), ele demonstrou o quanto estava comprometido com a nossa redenção, a nossa santificação e a nossa glorificação (1 Coríntios 1.30).
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Colunista deste Portal