O perigo do silêncio denominacional

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Foto: Reprodução.

Há um movimento, capitaneado por pastores de denominações históricas, que vêm ganhando cada vez mais vulto, dentro e fora dos arraiais evangélicos, cujo discurso contraria os fundamentos da fé cristã. Refiro-me à militância que se esforça para alinhar as Escrituras com a prática homossexual. Afinal, vez ou outra, a mídia menciona eventos envolvendo evangélicos que defendem a chamada “teologia inclusiva”, uma construção teológica que visa legitimar biblicamente os relacionamentos íntimos entre pessoas do mesmo sexo. Um exemplo disso, é uma manchete recentemente veiculada no site do jornal “O Globo”, na qual um grupo autodenominado evangélico propunha “novas narrativas” na igreja, a fim de viabilizar a diversidade sexual.

O que causa estranheza, entretanto, é que esses movimentos contam com a presença e o apoio de pastores pertencentes a denominações históricas, os quais chegam até mesmo a se manifestar publicamente em relação aos movimentos. Contudo, eles continuam em suas denominações. E, mesmo sustentando posicionamentos que colidem com as bases doutrinárias de seu segmento, nada acontece. Como isso é possível? Será que as lideranças denominacionais temem que o enfrentamento resulte em “cancelamento” nas redes sociais ou num “apedrejamento virtual”? Eis a questão.

A minha teoria é que o silêncio institucional se baseia no fato de que, via de regra, o discurso dos líderes que empunham a bandeira da teologia inclusiva é escorregadio e cheio de ambiguidades, tal como as falas do Pastor Ed René Kivitz. Isso realmente dificulta uma ação disciplinar. Porquanto, quando alguém esboça alguma crítica, os defensores se levantam argumentando que o sentido mais brando das ambiguidades deve ser o escolhido para uma interpretação mais justa. Além disso, em situações mais óbvias, como a participação de um líder numa reunião da militância gay ou ainda a aceitação de um convite para ser preletor em um evento pró-LGBT, esses mesmos defensores impõem o silêncio por meio da inferiorização de quem critica, argumentando que suas críticas são resultado de sua pequenez intelectual, do ódio (Algo bem na moda atualmente) e da inveja pelo tamanho da igreja que o criticado pastoreia. Isto é, os camaradas fazem todas essas coisas, mas ninguém pode falar nada. Afinal, eles são acadêmicos, pastoreiam mega igrejas e são exemplos de amor ao próximo (Porque defendem as bandeiras da esquerda política). É absurdo, mas é desse jeito que acontece.

Não obstante, mais cedo ou mais tarde, os adeptos desse movimento se manifestarão publicamente com toda sua convicção e engajamento. Então, a confrontação será inevitável. O grande problema é que, quando isso acontecer, eles já terão cooptado muitos membros das igrejas históricas. Pois, na mente do povo evangélico, a inércia das lideranças denominacionais indica a aprovação da conduta daqueles que estão na contramão do evangelho. E, quando esses militantes assumem cargos no organograma denominacional, ou se tornam professores nos seminários, todos concluem que seu discurso tem a chancela institucional. Logo, reflete o posicionamento doutrinário da denominação. Isso causa um estrago sem igual.

O que fazer diante desse cenário? Na esfera individual, basta seguir apenas as Escrituras Sagradas. Isso livrará o crente da influência nefasta desses infiltrados. Mas, no âmbito institucional, é preciso considerar que nem todos os evangélicos procedem dessa forma. Muitos tendem a seguir o que seus líderes dizem. Portanto, pensando no pastoreio dessas pessoas, é fundamental se posicionar. Se isso não for feito, é provável que num futuro próximo testemunhemos mais um “racha” em algumas denominações históricas.

Pr. Cremilson Meirelles

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