“…, Mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú”. (Romanos 9.10-13).
No texto que estamos estudando hoje, ficou registrado que Esaú ocuparia uma posição subserviente em relação a Jacó. (Conf. Gênesis 25.23; Malaquias 1.2,3). Jacó foi escolhido para glória e privilégio terrenos. Esaú era o primogênito dos dois irmãos e, pelo costume da época, receberia as honras e os privilégios associados a essa posição. Mas o favor divino preteriu Esaú e repousou sobre Jacó.
Quais lições espirituais estão presentes na condição servil do maior em relação ao menor?
Os dois foram chamados a servir não por merecimento e sim por propósito. Tudo na vida cristã está diretamente relacionado com o propósito de Deus para a vida cristã. “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8.28).
A condição de servo expressa o soberano propósito de Deus. A Bíblia diz que “…não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal…” (Rm. 9.11). Jacó não foi escolhido por causa de suas virtudes, nem Esaú colocado na condição de servo por causa de seus deméritos. A escolha divina foi feita antes que pudesse haver qualquer manifestação das partes. “Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. (Rm. 9.14). Aqui entendemos bem mais profundamente o que significa soberania da parte de Deus.
O que foi servido, nada fez para ser merecedor de tamanha graça. Assim diz a Escritura: “…Para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama) …” (Rm. 9.11). Deus decidiu independentemente do agir, da capacidade, do mérito, do saber e das expectativas humanas. Ele escolheu, sem que houvesse qualquer influência externa e humana. É aqui que muitos religiosos naufragam na vida cristã. Não são poucos os que fracassam tentando obter mérito com Deus por meio de obras. (Ef. 2.8-9).
Não se esqueça! Na relação do homem para com Deus, é tudo pela graça. Essa relação não pode se firmar no homem nem em suas ações, de outra forma não seria “firme”, tenderia ao fracasso e a falha. Se dependesse de nós, ou de alguma coisa que precisássemos fazer, por certo estaria fadada ao fracasso. A nossa relação com Deus não pode se sustentar nas obras. O processo precisa acontecer incondicionalmente de acordo com o estabelecido por Deus. É neste momento que precisamos contrapor de forma radical a obra humana e a graça de Deus, será preciso travar essa luta para descartar a honra própria em favor da glorificação exclusiva da soberania de Deus.
A condição de servo, atende ao chamado de Deus e serve ao seu propósito. “… (…, Mas por aquele que chama) …”. (Rm. 9.11). O que Deus realizou na vida de Esaú e de Jacó não foi por acaso e nem por capricho, Deus o fez porque tinha em mente o seu grande plano e propósito. Mesmo quando a situação ou o motivo não forem compreensíveis aos olhos humanos, tenha certeza de que haverá sempre uma finalidade perceptível, um propósito último. O objetivo é sempre único, que o propósito de Deus prevaleça.
Deus não é devedor a nada e a ninguém, nós, no entanto devemos tudo a Ele. (Rm. 11.35).
Pr. Carlos Elias de Souza Santos