Ao escrever sua segunda carta ao jovem Timóteo, Paulo, preso por causa do Evangelho de Cristo, apresenta uma lista de pessoas, com suas características peculiares, para alertar ao jovem pastor não confiar demasiadamente nas pessoas. São indivíduos que mi- litaram com o apóstolo em diferentes situações. Foram pessoas que foram presas por causa do Evangelho pregado pelo grande missionário. Ao citá-las, o apóstolo deseja que seus nomes não sejam esquecidos. É o momento final, enquanto aguarda sua condenação pelo crime de anunciar Jesus Cristo como único Salvador e Senhor. É o sucesso da sua missão. Serve como testemunho de que todo o êxito não foi conquistado por uma pessoa só. Houve colaboração de vários companheiros de luta. Alguns desistiram ao longo da jornada. Outros abandonaram o abandonaram nos momentos mais cruciais do seu ministério. Quando o apóstolo foi interrogado pelas autoridades, ninguém compareceu à audiência para dar-lhe suporte e estímulo. Aquele era um momento de ansiedade e tristeza para o velho apóstolo.
Em momentos assim, a presença de um amigo verdadeiro faz diferença. “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me abandonaram…” (II Tm 4.16). Repete o apóstolo com a alma triste. É o lamento do salmista: “…Refúgio me faltou; ninguém cuidou da minha alma. A ti, ó Senhor, clamei; eu disse: Tu és o meu refúgio…” (Salmos 142.4-5). Há momentos em nosso caminhar diário, que só nos resta o consolo do Espirito Santo. Tudo ao redor desmorona. O mais triste é verificar que aqueles que se diziam amigos e companheiros fogem e nos deixam e passam a nos acusar. No ministério isso ocorre em vários m omentos. Já vivi várias experiências com os meus “melhores” amigos. Só que o coração de pastor continua crendo nas pessoas e no poder do Evangelho e relutamos em desconfiar.
Quando Paulo escreve esta carta da prisão, era comum no Império Romano, a presença dos informantes. Eles delatavam os cristãos com muita facilidade. Alguns procuravam recompensa das autoridades. Outros, pelo simples prazer de prejudicar um vizinho, seguidor de Cristo e fazê-lo sofrer. É o caso de Alexandre, o latoeiro. Integrava a equipe do apóstolo, era tido como amigo fiel, dedicado à causa do Evangelho. Paulo usa um verbo grego para qualificá-lo como informante. Aquele que leva in formações não verídicas às autoridades que julgavam o apóstolo. Não há ódio ou mágoa nas palavras de prevenção a Timóteo. Apenas um alerta para que tivesse cuidado para não ser vítima de suas artimanhas malignas. Timóteo cor ria o risco de ser denunciado também por Alexandre, o informante. O apóstolo tentou dissuadi-lo, mas não conseguiu êxito. Restou prevenir o amigo da má conduta de Alexandre. A Bíblia não nos relata se alguém tentou desviar Judas do seu intento macabro. Se alguém tentou, não alcançou êxito.
Os informantes traidores têm propósitos definidos em sus ações: fazer o mal a alguém inocente. É difícil escapar dos informantes que atuam sob a bandeira do mal. Precisamos da ação do Espírito Santo para não sermos traídos. A história conta de Doegue, que informou a Saul o esconderijo de Davi. Ilustra como um informante pode causar a morte de vários sacerdotes inocentes. O pastor em seu ministério diário, não está livre desses ataques malignos. Já fui vítima de pessoas mal intenciona das. É necessário ter a certeza que o Espirito Santo nos livrará das ciladas do mal e não permita que a mágoa nos domine, como fez com Paulo, prisioneiro. O apóstolo deixa com Deus a defesa de sua causa. Foi vitorioso.
Pr. Julio Oliveira Sanches – Extraído do OJB.