O olhar cabisbaixo, a indignação, o descontentamento, a angústia e aflição vistos no olhar daqueles muitos que vivem seus dias enfrentando um caminhar solitário. Solitário por se sentirem excluídos, por não estarem dentro do padrão exigido por uma sociedade que pretende manter distantes as discussões abertas e francas sobre discriminação.
Posto isso, pergunto: Quantos disparos mais ceifarão vidas e deixarão um rastro de impunidade? Quantas crianças e adolescentes passarão o horário do intervalo sentados sozinhos? Quantos mais ainda serão marginalizados pelas ruas? Chegará o dia em que realmente teremos a clara percepção do descontrole generalizado que tomou conta da nossa vida cotidiana?
Será verdade que essa sociedade que se vangloria por seus próprios feitos, descobertas e avanços já se acostumou a desprezar, humilhar e enxergar o outro com um olhar desumano? Temos mesmo motivos para nos vangloriarmos?
O conformismo acarreta males que podem se tornar irreparáveis, assim como discussões veladas. Chega de discursos bem elaborados, apelos para mudanças sem que haja uma transformação real. Aqueles que sofreram e sofrem com a discriminação, seja ela de qual forma for, merecem mais que palavras.
Não se esqueça que cristãos convictos e conscientes de seu papel dentro da sociedade devem promover a contracultura.
A diferença deve ser vista através do olhar que acolhe, da mão que se estende, dos braços que se encontram abertos para receber e confortar.
É preciso ter espaço em nossas comunidades para que se discuta abertamente o problema. Não podemos nos esconder ou nos fechar em nossos próprios guetos.
Não espere o outro começar essa tarefa. A conscientização individual deve ser o início para o lançar das sementes que despertará o coletivo.
Coletivo esse que pode resgatar a consciência de que somos todos iguais, moldados na graça do Criador.
Seres humanos carentes, dependentes, enfrentado suas próprias lutas, muitos ainda na busca por entender qual o propósito de se estar aqui.
Se você já entendeu qual é o seu propósito, não perca mais tempo.
Sua vida pode e deve deixar marcas que gerem mudanças no mundo, que transita como um asteroide perdido sem rumo em um espaço infinito.
Por Jeverton Ledo