Sempre que entro no prédio onde moro pelo portão de pedestre, cumprimento e converso com o pessoal em serviço.
São pessoas simples e atenciosas, que, como qualquer ser humano, carregam suas expectativas de vida.
Por sermos torcedores do mesmo time de futebol, sempre converso, quando possível, com o porteiro da noite.
Recentemente, ao comentar mais uma derrota de nosso time ele demonstrando um certo desconforto exclamou estridente: “Doutor eu quero é novidade!”
Querendo dizer com isso que, notícias de mais uma derrota de nosso time, não era mais nenhuma novidade.
Gestada já há algum tempo, nesses últimos anos eclodiu no velho continente, para tristeza e desespero de muitos, mais uma guerra brutal como sempre e, mesmo sendo ainda convencional, lançando sobre todo o planeta, as sombras de um apocalíptico conflito nuclear.
A esse fato, persistem e recrudescem os conflitos violentos e desumanos da guerra Israel e Palestinos, iniciado em território israelense e agudizado na Faixa de Gaza.
Novidade zero.
Desde que Caim, na periferia do Éden, sucumbindo às suas guerras interiores, cometeu o primeiro homicídio que se tem notícia na história, até nossos dias, mudam apenas os personagens e cenários, pois as motivações: ódio, inveja, ganância e sede de poder, compõem hoje o mesmo cardápio da mais irracional atitude humana: a guerra.
Já de algum tempo, penso que o ser humano tem dado claros sinais de retrocesso civilizatório, expressando manifesta opção pelo recolhimento pessoal, a caminho de uma civilização, cada vez mais, isolada.
Feras enjauladas.
A fadiga da vida social e suas artificialidades, ou pelo avanço das tensões nossas de cada dia, tem feito do ser humano de hoje, cada vez mais, um recluso.
Claro está que ainda existem bolsões sociais que resistem a esse fato, nem que para isso, se submetam a uma vida pouco saudável, sob o ponto de vista de qualquer indicador de melhoria de civilidade.
Por conta de uma avaria no pneu do carro, me dirigi a um borracheiro, em oficina em bairro popular de cidade vizinha.
Ao entrar naquela borracharia, observei que a parede frontal à porta de entrada, exibia uma frase, que penso bem retrata nossos dias, assim dizendo: “Minha educação depende da sua”.
Creio que aquele anúncio estampado na parede, certamente reflete relacionamentos profissionais, mais conflituosos que amenos, vividos por aquele calejado borracheiro.
Lembra do preceito bíblico…olho por olho…dente por dente. Levítico 24:19-21.
Retrocesso civilizatório.
Realidade como essa, segundo pesquisadores sociais, têm influenciado diretamente na elevação da migração de moradores das metrópoles, ou até cidade de médio porte, buscando lugarejos, para viverem com suas famílias, abrindo mão, com isso, inclusive, de boas comodidades.
O cenário que se espelha, diz muito de uma vida que se aproxima dos moldes da vivida na idade medieval, com todos os seus mistérios, retrocessos civilizatórios e crendices.
Estaríamos vivendo, segundo os mais pessimistas, uma corrida do ser humano em retorno à vida nas cavernas.
Haja caverna!
Penso que, afora os maravilhosos e permanentes avanços do mundo virtual e suas incríveis novidades, a humanidade, hoje tem criado poucos, novos e promissores cenários de melhoria da vida humana, especialmente, no seu sentido existencial.
Lembro do registro sagrado, no livro de I Samuel 3:1, que narra aquela noite histórica e crucial, para o povo de Deus.
Diz a palavra: “Entretanto, o menino Samuel servia ao Senhor perante Eli. E a palavra do Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram frequentes.
Naqueles dias tão sombrios, Deus revela ao Sacerdote Eli, em tenso e abençoado diálogo, que estava levantando um novo homem para, além de ser o último juiz e futuro sacerdote, seria o primeiro profeta, no sentido formal, em Israel, o menino Samuel.
Mais ainda, aquele a quem Deus daria a incumbência, de coroar a Saul, filho de Quis, da tribo de Benjamim, que a pedido do povo hebreu, se tornaria o primeiro rei humano de Israel.
Tempos difíceis ainda viriam…
Havia possivelmente, naqueles dias, em que era rara a pregação da palavra, uma sensação naquela geração de que Deus poderia ter se esquecido do mundo, do homem que criara e do seu povo.
Um grande vazio histórico acontecia.
Era o povo, em sua grande maioria, distante de seu Deus e de sua palavra.
Não havia naquele povo nenhuma novidade de vida, as visões não eram frequentes, nem a preocupação de testemunhar do poder e amor do Senhor.
Cada um cuidava, prioritariamente, de sua vida, quando muito, da família.
O cuidado com o próximo. Bem o próximo, fica, se houver, para outra oportunidade.
Era, como hoje, o salve-se quem puder!
Largando a palavra de Deus o povo perdeu a visão de reino eterno e, agora vagueava, tentando reconquistar as terras que outrora foram adquiridas e pertenceram a Abraão, o primeiro patriarca e pai da fé.
Sem qualquer destino, perambulavam, intercalando poucos momentos de paz e longos períodos de guerras, contudo, com um tênue fio de esperança que a promessa de Deus nunca falharia – a terra prometida.
Mesmo pertencendo a geração mais vivida, tenho apreço especial pelas manifestações de vida dos jovens.
São sonhos, ideais, devaneios e busca apaixonada pela beleza, alegria e paixão pela vida.
Como, geralmente os jovens vêm a vida leve, bela e a vivem descontraidamente. Com exceções pessoais, quanta beleza encontramos na juventude!
Sobre a beleza da vida, recordo a lição importante que trouxe à época o premiado filme italiano, LA VITA É BELLA, do diretor Roberto Benigni, vencedor de três dos sete Oscar, no ano de 1999.
O enredo, que levou o filme a tantas premiações, tem um comovente e intenso convite para se ver o quanto a vida é bela, e que apesar das tragédias e guerras é possível sorrir, mesmo em meio ao caos.
A vida, como dádiva de Deus, continua bela.
Se contrapondo a essa beleza da vida, parece persistir no ser humano, o espírito beligerante de guerra e de morte.
Em algumas ocasiões, até mesmo em celebrações e cultos, em desatenção às palavras do Príncipe da Paz – Jesus, estamos cultivando ou dando lugar em nossos corações a espírito conflituoso.
Na plataforma de uma de nossas igrejas, participava em espírito de adoração, gratidão e louvor, de culto festivo de aniversário daquela grei.
Quando lá para as tantas, o dirigente de louvor anunciou para delírio da congregação, notei, o cântico do hino O Nosso General é Cristo.
Foi além, orientou aos presentes para que durante o cântico, todos marchassem e que no estribilho, todos girassem o corpo como se tivesse em uma batalha. Diz o estribilho “O nosso general é Cristo, Seguimos os Seus passos, Nenhum inimigo nos resistirá.
Para mim, um momento desconcertante no culto.
Observo de igual modo, não é raro em nossos cultos ou na escola bíblica dominial, serem feitas menção à bíblia como a arma do crente, ou mesmo que a oração como sendo mais poderosa e eficaz arma do crente.
Com essas definições, creio, estamos confundindo as mentes e corações da família de Deus.
A Bíblia e a oração, creio, são abençoadoras dádivas do Senhor, para levando a paz, abençoar vidas, jamais como referência à violência e a morte.
Elas são como chaves que abrem portas e corações, mudando, para melhor, cenários de vida.
É assim que penso.
Volto, infelizmente à guerra, que hoje tem servido muito mais para fortalecer, consolidar e ampliar hegemonias econômicas e financeiras, nas regiões, países e até tentativas de se alcançar continentes.
No passado, muitos acreditavam que o domínio mundial aconteceria, a partir da ideologia, hoje esse conceito parece superado, pois o econômico tem prevalecido sobre o ideológico.
É certo que em alguns poucos países periféricos, o discurso ideológico prevalece, o que agrada sobremaneira aos países desenvolvidos, pois enquanto aqueles gastam tempo nessa discussão, as poderosas nações buscam o viés econômico.
Sempre que tem início guerra que envolva países do G-8, sigla que denomina os oito países mais ricos e influentes do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, França, Itália, Reino Unido e Rússia, agora também incorporada à China e Israel verso Palestinos, a mídia internacional confere amplos e destacados espaços.
Não é que em várias partes do mundo, não eclodam guerras, quase que diariamente, mas, por serem em regiões ou países periféricos, não recebem qualquer destaque ou projeção.
Agora não, pois o palco é a vitrine do mundo, a bela e sempre visitada Europa e o oriente médio (petróleo).
Haja guerra!
Nessa, como em todas as guerras da história, ela começou no doente coração do ser humano.
Os acordos históricos, a mediação da ONU – Organização das Nações Unidas e as tratativas de países e organizações religiosas, tem ajudado a diminuir a intensidade dos conflitos, jamais conseguindo pôr fim, para sempre nas guerras.
Prossegue Jesus, o príncipe da paz, tratando da questão central da guerra, o coração humano.
Sim do coração, pois o mesmo Jesus, em sua divina sabedoria, afirma: “Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Lucas 12:34.
Se estiver eivado de ódio, com ganância ou inveja, certamente o fruto será litígio, maldade e guerra.
Lucas, o médico amado, destaca a necessidade de uma opção de vida radical, definitiva e típica do discípulo de Jesus:
O único e verdadeiro bem que tem o crente, em sua vida, é o Deus Eterno. É Ele que deve ocupar inteiramente o coração do crente.
Enfatiza por fim o Salvador e Senhor de nossas almas, conforme registro no evangelho de Mateus 15:19: “Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias”.
Hoje, os cuidados físicos com o coração alcançam altíssimos níveis de conhecimento e tecnologia.
Pela importância do coração na vida humana, há cuidados que vão da alimentação, exercícios, medicamentos e, quando necessário, cirurgias restauradoras ou mesmo radicais, como os transplantes.
Pelo visto, iguais cuidados e providências especiais precisamos adotar na dimensão espiritual do trato com os nossos corações.
Ele, quando enfermo, não só nos atinge, como a muito mais pessoas, inclusive, produzindo e transportando maus sentimentos contra o próximo, o maior deles, o flagelo da guerra.
Quando temos corações saudáveis, bem nutridos pelos ensinos bíblicos, irrigados pelo amor imensurável de Jesus e praticamos, sem parar, os exercícios de bondade de uma vida cristã alinhada com o querer de Cristo, certamente teremos corações, não só sadios e bons para com o próximo, como agradáveis ao Deus que nos criou.
Como podemos ajudar a terminar as guerras interiores nossas e das pessoas ou mesmo, como essa que para nossa tristeza, acontece agora na Europa e oriente médio?
Creio, sendo cooperadores com Senhor Deus na regeneração de nossos corações, transformando-os em fonte de paz e bondade.
Vivendo e anunciando a todos o evangelho da paz que excede a todo e qualquer entendimento.
Em momento de grande tensão no seu ministério, Jesus, o filho de Deus, sereno, oferece a sua gloriosa paz a cada ser humano: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo. João 14:27.
Jesus continua ensinando que vale a pena ter um coração em paz e amar ao próximo.
Por inspiração divina, creio, diz o belo cântico, sobre o novo coração que só Jesus pode dar…
Recebi um novo coração do Pai
Coração regenerado
Coração transformado
Coração que é inspirado por Jesus
Como fruto deste novo coração
Eu declaro a paz de cristo
Te abençoo meu irmão
Preciosa é a nossa comunhão
Somos Corpo, assim, bem ajustados
Totalmente ligados, unidos
Vivendo em amor
Uma família sem qualquer falsidade
Vivendo a verdade
Expressando a glória do Senhor
Uma família vivendo o compromisso
Do grande amor de Cristo
Eu preciso de ti, querido irmão
Precioso és para mim, querido irmão
Eu preciso de ti, querido irmão
Precioso és para mim, querido irmão.
Pense nisso!
Dc. Lyncoln Araújo
Alguns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor nosso Deus. Salmos 20:7