Marcas de uma geração decadentes

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Foto: Reprodução.

Nos capítulos 3 e 4 da segunda car­ta ao pastor Timóteo, o apóstolo Pau­lo fala, a título de advertência, acerca dos acontecimentos nos últimos dias. E, quando se fala nos últimos dias, é possível que na imaginação de alguns venha um cenário apocalíptico de guer­ ras, pestes, misérias; e, de fato, essas coisas fazem parte.

Mas, às vezes, esquecemos de al­ guns sinais, como a apostasia, a falta de amor, a disfuncionalidade familiar, que também são sinais da impiedade dos últimos dias. E o apóstolo Paulo nos apresenta, como marca de tempos difíceis, uma sociedade decadente.

Neste texto, chamo a atenção do estimado leitor para os versículos 3 e 4 do capítulo 4 da segunda carta a Timóteo. “Pois virá o tem po em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos, juntarão mestres para si mes­mos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.” Vamos refletir sobre as marcas de uma geração decadente como sinal dos últimos dias.

A primeira marca de uma geração decadente é que ela rejeita a palavra de Deus, verso 4.3a (“Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutri­na…”). “Não suportarão” significa não ter paciência, não tolerar, ficar irritado. O apóstolo Paulo adverte quanto a um tempo em que as pessoas ficarão ir­ritadas com o ensino da Palavra de Deus; detalhe: ele não falou com rela­ção aos de fora da igreja, mas àqueles que estão na igreja, que frequentam a igreja.

É bem verdade que essa rejeição à sã doutrina já era algo presente nos dias do apóstolo. Contudo, o que já acontecia naqueles dias era apenas um antegosto de um contexto ainda mais difícil que estava por vir, algo que seria intensificado.

Vivemos numa era em que a so­ciedade se afasta de form a célere dos valores e princípios cristãos, uma sociedade que mina as bases judaico- -cristãs. E, infelizmente, essa atitude de afastamento e, consequentemente, rejeição tem sido absorvida por alguns da igreja. A Palavra de Deus não tem tido acolhimento nos corações de al­ guns, antes se aceita mais os achismos, as ideias, ideologias e filosofias.

A segunda marca de uma geração decadente é querer ouvir o que dese­ja, não o que precisa, verso 4.3b (“…sentindo coceira nos ouvidos, segun­do os seus próprios desejos, juntarão mestres para si mesmos”). No grego,”KvriOóiJEVoi rrjv ÒKOijv” (knêtomenoitèn ákoén) é uma expressão idiomáti­ca, “sentir uma coceira no ouvido”, que significa querer ouvir o que se gosta de ouvir, o que se deseja ouvir.

É bem verdade que muitos ensina­ mentos da Palavra de Deus não são atraentes, mas é o que precisamos para nossa edificação, santificação, conserto e restauração.

Numa era marcada pela falta de regras, falta de limites, por uma busca desenfreada pela autossatisfação, a sã doutrina incomoda. Daí, busca-se, e hoje, com muita facilidade, se encontra pregadores diversos para atender à demanda: pregadores coaches, pre­gadores da teologia da prosperidade, pregadores da confissão positiva, pre­gadores humoristas/comediantes etc. Assim, busca-se um pregador para si, segundo os seus próprios desejos.

E, por fim, a terceira marca apresen­tada nestes versículos de uma geração decadente é que preferem as mentiras ao invés da verdade, verso 4.4 (“Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos”). O termo grego púdouç (mythus), que signifi­ca “mito, lenda”, podemos entender de maneira simples como um “rela­to fantasioso ou coisas inventadas”. O apóstolo Paulo continua a advertir dizendo que haverá uma recusa da verdade, que é absoluta e completa e não relativa. A verdade é simplesmente única e plena.

A Palavra de Deus é a verdade e, ainda que seja incômoda, promove cura, restauração, transform ação e salvação. Além do relativismo, que é uma recusa à verdade, há também uma tendência às “Fake News”, principal­ mente quando massageiam o ego e/ ou reforçam nossas opiniões, ainda que equivocadas.

Apoiar-se em mitos, verdades relati­vas e Fake News é se manter alienado aos fatos, à realidade. É algo destruidor da dignidade do ser humano, é manter-se na ignorância.

Portanto, para não fazer parte de uma geração decadente, precisamos acolher a Palavra de Deus em nossos corações; ouvir o que precisamos, o que nem sempre é o que queremos ouvir; e preferir a verdade, ainda que incômoda e desconfortante, em de­ trimento à mentira (relativismo, Fake News} que afaga.

Por Nédia Galvão – Extraído do OJB.

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