Julgamento: Uma péssima ideia

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“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês.” (Mateus 7.1-2)

O capítulo 7 do Evangelho Segundo Mateus traz o encerramento do Sermão do Monte. Voltaremos nos últimos dias do mês ao capítulo 6, particularmente para falar da questão do divórcio. Mas hoje e nos próximos dias nos dedicaremos às orientações finais do sermão, que podemos chamar de mandamentos. O quadro que revela o Reino de Deus vai ganhando mais e mais cores, ajudando-nos a ver como a vida deve ser para quem foi alcançado pelo Reino. Um Reino para o qual somos convidados. Um convite cuja razão não é qualquer mérito nosso. Sem chances! Se estamos nele, não estamos porque possuímos as credenciais necessárias. Estamos porque fomos admitidos em nome do amor. Deus nos amou e nos deu Seu Filho (Jo 3.16). Nós, pecadores, em lugar de simplesmente sermos levados a julgamento e condenados, fomos convidados à reconciliação. Recebemos o convite para nos assentar à mesa do Pai: perdão e adoção marcaram esse encontro. É assim nossa história nesse Reino. Como então poderíamos nos sentir adequados na posição de juízes? Como considerar que seja correto julgar, quem quer que seja, em nome de Deus?

Julgar não combina com aqueles que foram alcançados pela graça! Por isso Jesus nos dá esse mandamento: não julguem! Temos duas importantes razões para não julgar. A primeira é de caráter existencial: a vida, no universo criado por Deus, tem leis morais. E por elas, o modo como tratarmos os outros poderá vir a ser o modo como seremos tratados em algum momento. Aqueles que já viveram um pouco mais sabem bem do que estou falando. A vida tem essas coisas. Como diz o adágio, “Deixa estar jacaré! A lagoa há de secar!”, significando que mesmo os poderosos se verão frágeis em algum dia. De modo que a presunção e o orgulho, jamais serão boa escolha. As Escrituras dizem que, se não formos misericordiosos, também seremos tratados sem misericórdia (Tg 2.13). Para gente falha como nós, isso é um aviso importante e que não deve ser desconsiderado. Mas o maior motivo que temos para não julgarmos e sermos cheios de misericórdia, é a gratidão. Temos sido beneficiados pela maravilhosa graça de Deus, como poderíamos usar a lei contra nosso próximo?  Como negar ao outro misericórdia?

Quanto perdão, quanta paciência, quantas bençãos, quanto favor imerecido, quanta graça! Deus nos tem dado tudo isso por meio de Cristo. Sua misericórdia não tem fim (Lm 3.22-23). Sua graça é sempre maior que nossas faltas. Onde estas abundam, aquela, superabunda (Rm 5.20). Como podemos não ser misericordiosos? Se verdadeiramente compreendemos o Evangelho, julgar não será a nossa escolha. Ao contrário, se verdadeiramente o compreendemos, perdoar, acolher, apoiar, ser misericordioso e amável é o que escolheremos. Sempre! E assim, ao invés de nos colocar no lugar de Deus para apontar o pecado do nosso irmão, nos colocaremos no lugar de devedores de Deus e ficaremos ao lado do nosso irmão, suplicando por ele a misericórdia de que tanto necessitamos! Afinal, sabemos muito bem o que é está onde ele está. Querido irmão e irmã, não aponte o dedo. Estenda a mão. Não julgue! Convide à graça e ao perdão. 

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