Jesus e os Discípulos no Monte e no Vale

1867

O Monte da Transfiguração onde Jesus e Seus discípulos Pedro, Tiago e João estavam e o vale onde havia um pai desesperado cujo filho encontrava-se endemoninhado, são situações pelas quais passamos na vida. Na perspectiva de Jesus, o monte sugere a manifestação da Sua glória e uma profunda intimidade com o Pai. Na perspectiva de Pedro, Tiago e João, o monte representou a zona de conforto. Precisamos ter o cuidado para não fazermos este tipo de leitura. O Monte da comunhão, da visão do Cristo glorificado deve nos levar ao vale do serviço, da abnegação e do compromisso com o próximo. Os três discípulos queriam ficar lá, mas Jesus determinou descer em função das necessidades da multidão, especialmente do menino que era escravo de Satanás. A grande multidão que veio ao encontro de Jesus sugere uma multidão de problemas, mazelas (Lucas 9.37). No meio daquela multidão está um pai cujo filho está sofrendo terrivelmente (Lucas 9.38,39). O pedido do pai é enfático, profundamente consciente da gravidade do caso. Ele havia pedido aos discípulos de Jesus para libertar o menino, mas eles não conseguiram (Lucas 9.40). Tanto Pedro, Tiago e João quanto os demais que não subiram ao monte, estavam sem poder, acomodados e voltados para si mesmos. É assim que podemos também ficar. Jesus chamou-os de “geração incrédula e perversa” (9.41). Sabemos que a incredulidade resulta em perversidade. Um coração incrédulo e perverso não tem o poder de Deus.

Jesus toma a iniciativa e manda buscar o menino (v.41c). Quando o menino estava chegando o demônio o derrubou (v.42). Foi neste momento que Jesus teve três ações fundamentais, três verbos de movimento poderoso. O primeiro verbo é repreender (repreendeu). Este verbo é usado por quem tem autoridade do ser, inquestionável (Mateus 7.29). Só Jesus tem poder sobre o espírito maligno. Repreender é dar voz de libertação. Paulo ensina aos gálatas que foi para a liberdade que Cristo nos libertou (5.1). Jesus mesmo disse que conheceríamos a verdade e esta verdade haveria de nos libertar e verdadeiramente seriamos livres (João 8.32,36). Em nome de Jesus, podemos repreender as forças demoníacas que dominam os homens sem Deus. O Senhor Jesus nos comissionou. Somos uma geração crédula e transformada pelo poder de Jesus para servi-lO, servindo às pessoas. Mas Jesus usou outro verbo, curar (curou). Ele curou o menino da epilepsia, pois ele tinha convulsões. Se for da vontade do Pai no Filho nós podemos orar por pessoas enfermas e vê-las curadas. Não é o nosso poder, mas o dEle. É Ele que tem todo o poder (Mateus 28.18). Há outro verbo que é entregar (entregou). Aquele menino que tinha sido tomado do seu pai pelo demônio, agora é restituído por Cristo. Jesus entregou o menino ao pai, ao que tinha autoridade sobre ele. Deus deu autoridade ao pai. Deus nos deu autoridade, poder para que filhos escravos do inimigo, das drogas e de toda a forma de pecado sejam salvos, libertos por Cristo e restituídos aos seus pais.

Precisamos estar no Monte da comunhão, da intimidade com Deus para que sejamos usados pelo Senhor para abençoar pessoas, famílias. O Monte da comunhão, da intimidade com Deus produz serviço, compromisso com o próximo. No vale há muitas pessoas famintas de amor, de compreensão, atenção, pão, cuidado. Pessoas doentes que precisam da cura de Jesus. Quantas pessoas amarguradas, ressentidas, deprimidas, feridas por palavras e pelo desprezo. Elas precisam conhecer a suficiência de Cristo. Aprofundar-se em Seu amor. Experimentar o Seu perdão. Caminhar na Sua justiça. Viver pela fé. Como discípulos, temos a tendência de vivermos na zona de conforto. É necessário que desçamos para socorrermos o outro. Tomar atitude certa como fez o samaritano.

Jesus é o nosso exemplo de compromisso com o homem feito à imagem e semelhança de Deus. Re-humanizá-lo em Cristo. O texto diz que “todos se maravilhavam com a majestade de Deus” (Lucas 9.43). O Filho fez questão de exaltar o Pai. Ele transferiu toda a glória para o Pai. Toda a glória do nosso serviço ao próximo deve ser creditada a Trindade de Deus. A coerência entre monte e vale na vida cristã é uma grande benção, pois mostra devoção e ação; doutrina e prática; ensino e vida; graça e cura. Como discípulos, somos desafiados a todo o instante a uma vida de constante oração e serviço. Revelarmos, através de nossa devoção, espiritualidade e ação eficaz, a Majestade de Deus. Tudo para Ele. Que o precioso Espírito Santo nos ilumine, inspire e ministre poder para que vivamos os três verbos: repreender, curar e entregar!

Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
www.oswaldojacob.com  

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