INCLUSIVE-19: Uma epidemia denominacional

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Recentemente, um pastor batista postou um vídeo em que ele e uma terapeuta, utilizando a Bíblia, apresentaram argumentos favoráveis à união homoafetiva. O propósito da exposição, segundo a descrição do vídeo, era “mostrar que a família homoafetiva é aceitável aos olhos de Deus tanto quanto a família heteroafetiva”[1]. Uma conclusão que, claramente, está na contramão do ensino bíblico. Mas o pior de tudo é que, além de o autor do vídeo ser um pastor filiado a uma denominação histórica, ele ainda é docente de um seminário teológico que se identifica como batista! Ou seja, trata-se de alguém que é referência para uma comunidade local de crentes e para os seminaristas de sua região. Algo que deveria preocupar as lideranças denominacionais. Por essa razão, o que causou maior estranheza e indignação não foi o conteúdo do vídeo, mas sim o silêncio denominacional diante do fato.

Vale ressaltar que as ideias expostas pelo pastor no referido vídeo, não são novas. Desde meados do século XX elas vêm sendo propagadas. De acordo com Heather Rachelle White, a primeira igreja voltada para homossexuais surgiu em 1946, quando “um padre de uma das igrejas católicas de Atlanta negou o sacramento às pessoas que admitiam serem homossexuais”[2]. Essas pessoas se uniram a um ex-seminarista católico e organizaram a Eucharist Catholic Church. Com o passar do tempo, o número de comunidades com ênfase nessa temática aumentou significativamente. De modo que na última década sua influência passou a ser sentida até mesmo nas denominações cristãs históricas. A Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió, que, em 2016, ficou conhecida por aprovar em uma assembleia extraordinária o recebimento de homossexuais não convertidos no seu rol de membros, foi uma das primeiras indicações de que a chamada “Teologia Inclusiva” havia adentrado em nossos arraiais. Daí em diante, vez ou outra aparece um pastor ou líder batista defendendo as mesmas ideias.

Esse cenário é claramente sintomático e revela a presença de um patógeno teológico, cujos hospedeiros são pastores e professores que seguem propagando sua enfermidade livremente. Pois, não é possível que alguém não enxergue que os vários casos de líderes que, na última década, se manifestaram como adeptos da Teologia Inclusiva, são resultado de algo que está acontecendo no interior da denominação! Não se trata de ocorrências pontuais e desconectadas. Basta uma pesquisa rápida no Facebook para constatar que, dentre os pastores que hoje lideram comunidades inclusivas, muitos um dia foram batistas. O mesmo fenômeno se dá com os escritores que produzem conteúdo inclusivo. Será que não dá para perceber que essas ideias estão sendo comunicadas ao nosso povo bem debaixo dos nossos narizes? Parece que muitos não querem se indispor. Até porque, os adeptos dessas ideias costumam ser populares e influentes.

Não obstante, é possível que, num futuro não muito distante, esse silêncio tenha um alto custo. Até porque, por mais que se tente evitar o enfrentamento, cedo ou tarde, ele virá. Em algum momento teremos de lidar com essa questão. O grande problema é que, se o silêncio permanecer, pode ser que os que discordam dos inclusivos acabem sendo tratados como hereges e sejam convidados a se retirar. Por enquanto ainda somos maioria. Mas, com a proliferação dessa enfermidade teológica, a tendência é que a resistência seja gradativamente enfraquecida. Até que chegue o ponto de não existirem anticorpos suficientes para combater o patógeno. Que Deus tenha misericórdia de nós.

Pr. Cremilson Meirelles   
Colaborador desta Portal


[1] ROCHA, Whitson. Bíblia e homossexualidade. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=hnMTYe8tzWg&t=27s>. Acesso em 30 jun 2022.

[2] WHITE apud GERSHON, Livia. The Origins of LGBTQ-Affirming Churches. JSTOR Daily.  March 23, 2021. Disponível em <https://daily.jstor.org/the-origins-of-lgbtq-affirming-churches/>. Acesso em 30 jun. 2022.

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