Imagem Pastoral do Novo Testamento

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Será que existe uma imagem pastoral ou a imagem de Cristo na vida do pastor? O pastor é executivo religioso ou um operário do múnus profético? Um cooperador ou um ordenador? Ele trabalha com o povo ou põe o povo para trabalhar? Ele pega no pesado ou faz corpo mole? Ele está no meio do povo ou distante dele? Ele é relacional ou funcional? É uma pessoa ou uma instituição? Qual é, afinal de contas, o perfil do pastor do Novo Testamento? Ele busca viver no luxo ou na simplicidade de Cristo? Ele gosta do pódio ou do chão? Ele é acessível ou inacessível? Essas perguntas acima nos levam a uma reflexão sobre a imagem pastoral tendo Cristo como modelo, como Sumo Pastor, Aquele que é manso e humilde de coração (Cf. 1 Pedro 5.1,2; Mateus 11.29).

A imagem do pastor não se coaduna com luxo, acúmulo de bens e investimentos pesados em mercado de capitais. Não se relaciona com arrogância, síndrome de pequeno deus e nem com conquista e manutenção de feudos. O pastor, chamado por Deus como homem comum para um trabalho extraordinário, é um ser humano que busca ardentemente a semelhança com Cristo Jesus, nosso Pastor supremo. O Senhor Jesus é o nosso modelo de pastor: Ele deixou a glória dos céus para viver entre nós, sobre nós e por nós; humilhou-se a si mesmo, tomou a forma de servo e morreu na cruz por nós (Filipenses 2.1-11); ele curou pessoas; soergueu os abatidos; viveu entre os párias da sociedade; comeu com publicanos e pecadores; perdoou a mulher adultera; treinou 12 homens para a expansão do Reino do Pai. Ele é o nosso exemplo de mansidão e humildade; amor e solidariedade; empatia e simpatia; graça e perdão; justiça e verdade.

A imagem pastoral de Jesus não se encaixa com politicagem, acepção de pessoas, bajulação, projeção, jogo de interesses, cargos, hipocrisia, rejeição; critica ferina; inveja, maldade, frieza, injustiça, calúnia, juízo temerário etc. Tem sido difícil conviver com pastores voltados somente para as suas comunidades ou seu pequeno reino, e não são capazes de cooperar com os companheiros de ministério. É muito triste ver em alguns tanta imaturidade, brincadeiras de mal gosto, piadas sem graça, linguajar mundano, falta de seriedade com as coisas de Deus, despreparo e tantas outras coisas que não fazem parte do ministério pastoral que nos foi outorgado pelo Senhor.

Somos pastores para a oração, o estudo sistemático das Escrituras, o cuidado da família e do rebanho, testemunhando de Cristo ao mundo. Homens que buscam o aperfeiçoamento contínuo e proveitoso. Não somos profissionais, mas vocacionais. Fomos chamados para servirmos e não para sermos servidos. Para ajudar o povo nas suas necessidades. Pastores que amam mais o Senhor do que as suas próprias vidas (Cf. Atos 20.24). A imagem do pastor é a de Cristo. Para o verdadeiro pastor o viver é Cristo e o morrer é lucro (Filipenses 1.21). O pastor de verdade tem prazer em Deus e não vive buscando holofotes, pódio, fama e glória para si mesmo. Ele credita tudo Àquele que o chamou para uma obra extraordinária.

A imagem do pastor não está ligada a bajulação de autoridades. Ele é um profeta que recebeu de Deus a tarefa de denunciar o erro, pregar a Cristo e encorajar as pessoas. Ele não é um mascote, mas um profeta de Deus para pregar toda a Palavra doa a quem doer. Ele não se acovarda diante do perigo. Ele está comprometido com todos os irmãos, pois não faz acepção. Portanto, é pastor, apascentador de todos. Jesus ordenou a Pedro: “apascenta das minhas ovelhas” (Cf. João 21.17). As ovelhas não são do pastor humano, mas do pastor divino. O pastor é evangelista, mestre, moderador, edificador, encorajador ou motivador, conselheiro e exerce um ministério de solidariedade muito forte dentro e fora da igreja.

Que a imagem de cada pastor seja a de Cristo, o Senhor. Todo pastor genuíno olhará sempre para Jesus, o Autor e Consumador da fé (Cf. Hebreus 12.2). Ele terá em Cristo Jesus o motivo maior do seu ministério. Como Jesus, cada pastor deve andar por toda parte fazendo o bem às pessoas (Cf. Atos 10.38). A imagem do pastor é a do homem firme nas doutrinas e doutrinador/discipulador; amoroso e criativo nos relacionamentos, cordato, amigo, benfeitor, facilitador, evangelista e conciliador. A imagem do pastor não deve ser exterior, mas interior. Ele deve viver com o coração sincero, falando toda a verdade em amor, crescendo no cabeça que é Cristo Jesus. O Senhor requer de nós o padrão bíblico para o ministério. A Bíblia é o nosso manual estratégico. Que a imagem do pastor seja regulada pelas Escrituras. Que o povo nos veja como homens comuns, falhos, com limitações e erros, mas como homens que desejam, acima de tudo, glorificar Àquele que os chamou.

Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Colunista deste Portal    

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