“Saudai os irmãos de Laodicéia, e Ninfa, e à igreja que ela hospeda em sua casa” (Cl 4.15).
A Igreja primitiva se reunia nas casas. A ênfase era nas casas. Eles não tinham templo, eles não tinham Bíblias, eles não tinham os aparelhos tecnológicos que possuímos hoje. Eles não desfrutavam de canais de comunicação e mídias digitais como temos hoje, contudo, a propagação do Evangelho era eficaz. A transformação pessoal e social era contemplada nas vidas transformadas pelo poder do Evangelho. Vidas que testemunhavam sem falar. No primeiro século da era cristã, não era legal defender o cristianismo, dessa forma, os cristãos se reuniam nas casas.
A realidade da Igreja primitiva era de famílias que se convertiam ao cristianismo, mas como estava no início, não havia a ênfase na construção de templos. Dessa forma, os novos convertidos faziam de suas casas Igrejas, para celebrar ao Senhor e, assim, se tornavam espaço de convivência cristã, centro de formação de novos convertidos e discipulado dos filhos, assim como local de comunhão com outros irmãos na fé. Por inúmeras vezes, no Novo Testamento, temos a menção de que irmãos hospedavam uma Igreja em sua casa; isso significa que as famílias se reuniam ali para cultuar ao Senhor. Eram pontos estratégicos para a expansão da mensagem cristã, assim como deveria ser até hoje.
O apóstolo Paulo, por exemplo, nas saudações pessoais no final da carta aos Romanos, cita o casal Áquila e Priscila como “meus cooperadores em Cristo Jesus”, companheiros que “arriscaram a sua própria cabeça” ao defender a fé e defender a amizade com Paulo. O apóstolo enaltece o casal e saúda “a igreja que se reúne na casa deles” (Romanos 16.3-5). Esse casal hospedava uma Igreja em sua casa e essas reuniões edificavam os salvos e preparavam os novos convertidos para a jornada cristã. Os encontros promoviam o crescimento do reino de Deus. Os donos da casa desfrutavam de mutualidade cristã, comunhão cristã e ensino da Palavra de Deus.
Por conta do momento em que estamos vivendo, muitos têm trabalhado em casa, e, de certa forma, as casas se transformaram em locais de trabalho. O home office veio com força e como uma solução, mas não podemos nos esquecer de que em primeiro lugar nossa casa deve ser uma Igreja. A prioridade de nosso lar deve ser o culto ao Senhor, e nesse tempo de intensa e prolongada convivência precisamos sentar-nos à mesa com toda a família para orar, para cantar e para estudar a Palavra de Deus.
É urgente a necessidade de resgatarmos o culto doméstico em nossas casas a fim de que tenham o aspecto de Igreja, local consagrado ao culto ao Senhor. As pressões sobre nossas casas são gigantes. Se não vigiarmos, nossa casa se transforma em escritório durante o expediente e local de entretenimento com tantas opções contemporâneas, e menos um espaço dedicado a celebrar o nome do Senhor, que é digno de honra e glória.
O pastor Jonathan Edwards, há muito tempo, disse assim: “Toda família deve ser uma pequena igreja, consagrada a Cristo e totalmente governada e influenciada por seus mandamentos. E a educação e a ordem na família estão entre os principais meios de graça. Se isto falhar, todos os outros meios provavelmente não terão efeito”.
Edwards nos chama a cuidar da espiritualidade de nossa família e nos lembra que nossa casa deve ser consagrada ao Senhor. É claro que nesse momento precisamos usar o espaço de nossa casa para os estudos, para o trabalho e tantas outras demandas desse nosso tempo, mas precisamos lembrar sempre que nossa casa é uma pequena Igreja, onde nossos familiares são de Deus e devem ser convidados a cultuar o nome do Senhor.
Há tempo para tudo, inclusive, para cultuar ao Senhor. Que sua casa seja uma Igreja feliz, vibrante, cheia de fé e comunhão.
Que Deus abençoe sua casa/Igreja.
Pr. Jeferson Cristianini – Extraído do OJB