“Gratidão é a moeda com que se pagam os débitos do coração”. Não sei o que essa pessoa quis dizer realmente ao emitir esse conceito de gratidão, mas imagino o seguinte: é fácil sentir sem pensar; é fácil pensar sem falar, mas não é nada fácil colocar sentimentos e pensamentos na forma da linguagem humana. Por isso, usou esta expressão figurada e poética: “Gratidão é a moeda com que se pagam os débitos do coração”.
Gratidão é o reconhecimento de benefícios recebidos, cujo benfeitor supremo é Deus, “Pois toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes em quem não há mudança e nem sombra de variação” (Tg 1.17).
Não é verdade que facilmente nos esquecemos de dar graças a Deus pelos bens que Ele nos dá? Um fato bíblico impressionante de ingratidão é a cura dos dez leprosos descrita em Lucas 17.11-19. Só um voltou para agradecer.
Daí estas três perguntas de Jesus: “Não foram dez os curados? Onde estão os outros nove? Só um voltou para louvar a Deus”? Os dez clamaram e foram igualmente curados, mas só um voltou para agradecer.
Nas mais diversas e adversas circunstâncias nós também clamamos e somos atendidos, mas nem nos lembramos que foi Deus quem nos providenciou aquele socorro por meio de alguém. Foi Deus quem nos mandou aquele amigo ou um desconhecido, como o bom samaritano da parábola de Jesus em Lucas 10.25-37. Foi Deus quem enviou aquele médico e outros profissionais da saúde, como anjos do céu para nos servir.
Portanto, o Dia Nacional de Ação de Graças é mais do que um dia para agradecer: é uma data histórica para proclamar a importância do cultivo diário da gratidão nestas três dimensões:
1. GRATIDÃO ÀS PESSOAS. Deus não nos criou dependentes e nem independentes, mas interdependentes. Por isso é que só há sobrevivência em grupo, onde haja gratidão. Só se vive um com o outro, quando ambos cultivam essa virtude, ou se, pelo menos, um for capaz de ser grato.
2. GRATIDÃO PELA NATUREZA. Diz uma lenda que os pássaros, quando bebem água, erguem o bico para agradecer a Deus aquele gole. Para cada gole, um agradecimento. Para nós, basta agradecer a água e tantos recursos naturais da Criação Divina para a sobrevivência humana.
3. GRATIDÃO A DEUS. Virtude indispensável a quem valoriza e honra a sua origem. É extasiante saber que viemos de Deus e que “nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.28). Gratidão é o reconhecimento de benefícios recebidos, razão por que Vergílio, escritor latino, o rei Davi e o apóstolo Paulo se expressaram assim, respectivamente: “Enquanto os rios fluírem para os mares; enquanto os montes fizerem sombras sobre os vales e enquanto os astros fulgirem no firmamento, a recordação dos benefícios recebidos deve permanecer no coração do homem agradecido”. “Cantem louvor ao Deus Eterno, vocês, o seu povo fiel. Lembrem-se do que o Santo Deus tem feito e sejam agradecidos” (Sl. 30.4). “Que a paz que Cristo dá seja o juiz nos corações de vocês. Foi para essa paz que Deus os chamou, unidos em um só corpo. E sejam agradecidos” (Cl 3.15).
Pr. Oswaldo Mancebo Reis
Extraído do OJB