Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. (1 Co 15.3-4).
No último domingo, celebramos o domingo de Páscoa e o culto da ressurreição. Dentre todas as datas de nosso calendário, a lembrança da morte e da ressurreição de Jesus é a mais significativa. Como todas as datas de nosso calendário que fazem referência a Cristo, a Páscoa tem sido esvaziada de seu sentido. Chocolates, coelhos e outros símbolos ou referências estranhas ao sentido original da data surgem para confundir a visão das pessoas acerca do que ocorreu entre a Paixão e a ressurreição do nosso Salvador.
O Apóstolo Paulo não estava em Jerusalém quando Cristo morreu. Mas ele recebeu por revelação do próprio Cristo e pelos relatos de testemunhas oculares toda informação necessária para aprender e ensinar sobre a Páscoa. Seu ministério foi marcado por fidelidade à mensagem que recebeu.
Ele afirma: “vos entreguei o que também recebi” (1 Co 15.3). O apóstolo proclamou exatamente aquilo que recebeu. Ele não tentou atualizar a Páscoa ou torná-la mais “relevante”. Ele simplesmente procurou anunciar exatamente aquilo que sabia ser verdade. Da mesma maneira, nós devemos crer e anunciar a mensagem que recebemos. Não é nosso papel adaptar o escândalo da cruz às mentes sensíveis de nossa geração. Também não devemos tentar ajustar o milagre da ressurreição à pretensa intelectualidade desta época. O poder do evangelho (Rm 1.16) continua sendo capaz de romper as barreiras do escândalo e da soberba dos homens para penetrar profundamente no coração endurecido pelo pecado e trazer à vida o morto espiritual (Ef 2.1).
O conteúdo desta tradição pascal inclui os fatos históricos da morte por crucificação de Jesus e de sua ressurreição dentre os mortos ao terceiro dia. Sobre a morte de Cristo, Paulo fornece duas informações (1 Co 15.3). Em primeiro lugar, sua morte foi “pelos nossos pecados”. Isso significa que o propósito da crucificação é a expiação dos nossos pecados. Em segundo lugar, o sacrifício de Jesus fora “segundo as Escrituras”. Isso porque Jesus não morreu fora dos planos de Deus para a história da redenção. A crucificação já havia sido determinada desde os tempos eternos (Ap 13.8) e sua execução histórica profetizada muito tempo antes de acontecer (Is 53.5-12). Estes dois fatores demonstram que Deus não foi pego de surpresa na morte de Seu Filho. Pelo contrário, ele mesmo já havia decretado o sacrifício de Jesus pelo pecado para que seu plano de salvar a humanidade fosse concretizado. Deus planejou, anunciou e executou o pagamento do preço por nossos pecados através do sacrifício de Jesus na cruz, que é o ponto focal da história da redenção.
Além disso, Paulo afirma que Jesus Cristo “foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15.4). Porque sua morte foi real, ele foi sepultado. Seu corpo desceu ao sepulcro e ali foi deixado diante de testemunhas e sob à vigilância das forças romanas. Para reverter uma morte real, seria necessária uma intervenção divina real. E foi exatamente isso o que aconteceu na madrugada de domingo. Seu corpo não mais estava na sepultura. Nem pedra, nem selo, nem guarda romana puderam deter aquele que venceu a morte e o pecado! Mais que um sinal poderoso, a ressurreição de Jesus é a corroa do projeto salvífico de Deus. Uma vez que a consequência do pecado é a morte, a vitória sobre o pecado é confirmada e evidenciada pela vitória sobre a morte. Tudo isso fora anunciado no Antigo Testamento (Sl 16.8-10). O Deus que conduziu seu Filho ao madeiro, o levantou dentre os mortos e lhe deu o nome que está sobre todo o nome (Fp 2.9-11).
Foi assim que a Páscoa aconteceu. Foi assim que Deus providenciou para nós tão grande Salvação!
Pr. Lucas Rangel de C. Soares