Encontros Notáveis – Série XXVIII

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A realidade das circunstâncias pode variar conforme o ângulo em que a avaliamos. O sofrimento humano, por exemplo, pode ser encarado através de pelo menos dois prismas. Olhando por um deles, alguém dirá: — O que torna possível uma pessoa se adaptar e sobreviver as mais terríveis situações da vida é a capacidade de superação que está intrínseca em seu gen. Enquanto outro, ao olhar a mesma questão, chegará a conclusão que essa adaptação possui também um aspecto negativo quando se transforma em uma conveniência, levando o indivíduo a desistir de lutar. Foi exatamente isso que aconteceu com um cidadão que teve o dissabor de nascer com uma deficiência física e passou grande parte de sua vida a mendigar até ser apresentado formalmente a Jesus.

Lucas não relata o seu nome, o chamando apenas de “coxo de nascença”. O paralítico era levado diariamente para a porta do templo na expectativa que os religiosos lhe dessem uma esmola (At 3.1-10). Normalmente, se presume que uma pessoa que habitualmente comparece ao templo seja mais caridosa e sensível à necessidade alheia. Que rotina triste a desse homem! Fora quarenta anos vivendo de esmolas, sem quaisquer perspectivas de alcançar o mínimo de dignidade. Tão perto da “casa de Deus” e, em simultâneo, há quilômetros de distância, levando-se em conta que a intenção de estar naquele lugar não tinha nada a ver em manter um contato com o Eterno e, assim, poder encontrar uma saída para a sua triste realidade. Estar ali era simplesmente pela possibilidade de obter ajuda financeira, ainda que justificada pela sua necessidade de subsistência.  Ele não havia perdido apenas sua autoestima; ele perdeu também sua fé, afinal de contas após tanto tempo vivendo daquele jeito e, além disso não era habitual ver alguém ser curado de uma deficiência genética.

Aquele dia seria apenas mais um de seu melancólico hábito. Estava, como sempre, novamente na porta do templo e seu gesto era, praticamente, de forma impulsiva; cada vez que alguém se aproximava, ele esticava a mão na esperança de ganhar algum dinheiro que junto, ao final do dia, poderia ser a garantia das compras da semana. Por volta das três horas da tarde, eis que surge a sua frente dois homens, Pedro e João e ele, mais uma vez, dá prosseguimento a sua rotina, implorando por algumas moedas. A resposta, a princípio, foi decepcionante, pois ouviu de um deles: “Não possuo nem prata, nem ouro…”. No entanto, antes que ele abaixasse sua mão, ouviu o complemento da frase: “… mas o que tenho, isso te dou, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6). Ele imediatamente se pôs de pé e pela primeira vez adentrou no templo sem necessitar da ajuda de terceiros. Ele exaltava a Deus por receber tamanha dádiva! Esse gesto pode significar que o milagre recebido redundara também em um encontro real com Cristo lhe proporcionando algo ainda maior, ou seja, a salvação de sua alma.

Assim, o testemunho desse homem evidencia que Jesus Cristo supera e sempre superará todas as nossas probabilidades, isto é, ele estendeu a mão esperando receber dos apóstolos apenas mais uma generosa oferta, no entanto, recebeu infinitamente mais. A cura da paralisia mudou por completo o cenário de sua existência. O Senhor não está preso ao “cronos” humano. Quero afirmar com isto que ele pode realizar todas as coisas a qualquer tempo, por isso, vale a pena manter a confiança nEle e estar aberto a possibilidade de o sobrenatural vir a acontecer.

Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal

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