Não é habitual nos seres humanos se sentirem confortáveis em depender da ajuda do outro, muito pelo contrário, o que não falta é lamento quando eles se veem nesta condição, em especial, aqueles mais altivos. Aqui nós descreveremos como a ajuda de alguns amigos foi substancial para o restabelecimento da saúde de um homem cuja enfermidade era incurável (Mt 9.1-8; Mc 2.1-12; Lc 5.17-26).
Os evangelhos sinóticos citam um fato ocorrido no momento em que Jesus pregava em casa, na cidade de Cafarnaum. Um grupo expressivo de pessoas ficou sabendo acerca da sua estadia ali e partiu para o local. A casa ficou tão cheia que não restava mais espaço para a entrada de mais ninguém, pois, até junto as portas de entrada estava ocupado. Nesse exato momento chegaram quatro homens conduzindo um paralítico numa cama. Eles acreditavam que se conseguissem chegar até Jesus, o seu amigo seria curado. Como não havia mais espaço em volta da casa, subiram no telhado e desceram a cama através de um buraco. Jesus fica admirado com tamanha demonstração de fé daqueles homens e disse: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (Mc 2.5).
Nesse episódio, Jesus deixa muito claro sobre qual seria a sua missão na terra. Salvar os perdidos, pois, a única coisa que pode nos separar de Deus são os nossos pecados (Is 59.2). Para alguém que tem plenos poderes, qual seria a ação imediata diante de um homem que não conseguia sequer ficar de pé? Seria, provavelmente, essa: — Filho, levante-se, a sua fé te curou. Para Jesus, a cura da sua alma era muito mais importante do que a cura física, por mais grave e dolorosa que pudesse ser, pois, aquela lhe concederia a oportunidade de vencer a morte. Alguns escribas ali presentes o censuraram, apenas no pensamento, pois, não criam que Ele era Deus. Para aqueles que duvidaram e ainda duvidam até hoje sobre a divindade de Jesus, ao identificar os seus pensamentos, deu provas da sua onisciência, um dos atributos incomunicáveis de Deus. Para que saibam que o Filho do Homem tem autoridade (gr – exousia) não apenas para perdoar pecados, mas, para curar, disse ao paralítico: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para a sua casa” (Mc 2.11). Ele se levantou imediatamente e todos ficaram estupefatos.
Que experiência vivenciaram aqueles cinco homens! Os quatro amigos foram tremendamente abençoados, pois, tiveram o grande privilégio de serem instrumentos nas mãos do Eterno para transformação de uma vida. Ao mesmo tempo, em que testificaram sobre a autoridade de Jesus e sua divindade. O texto não fala sobre o que teria acontecido com eles depois dessa experiência tão marcante, mas, pode-se afirmar que tiveram ao seu alcance o mesmo benefício quanto a possibilidade de salvação individual. Já o paralítico anônimo, foi triplamente abençoado. O seu problema, que, a princípio, só serviria para trazer incômodo aos outros, se tornou um canal para que quatro homens experimentassem a graça divina. Só Deus faz essas coisas, transforma o caos em um oásis. Segundo, teve a sua vida na terra restaurada e pode usufruir de tudo aquilo que a sua enfermidade, até então, lhe furtava. Enfim, em terceiro lugar, recebeu no pacote, a maior de todas as bênçãos, a cura de sua alma. Os seus pecados estão perdoados, garantiu-lhe Jesus. Sendo assim, o seu nome naquele momento foi escrito no Livro da Vida (At 3.19; Ap 3.5). O seu passaporte para o céu acabara de ser carimbado. Glória a Deus!
Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal