Encontros Notáveis – Série IX

1553

Nesse tempo de pandemia muitas pessoas passaram pela amarga experiência de serem obrigadas a ficar em quarentena por terem contraído o coronavírus. Algumas delas distantes até mesmo de pessoas da sua própria casa. Neste artigo iremos contar a história de um homem que vivia numa quarentena infinita até o dia em que teve um encontro com o “Médico dos médicos”, chamado Jesus de Nazaré (Mt 8.1-4; Mc 1.40-45 e Lc 5.12-16).

O evangelho, segundo Marcos, narra o modo como Jesus ficou profundamente compadecido diante de um homem prostrado aos seus pés o qual lhe suplicava pela cura de sua lepra, uma doença altamente contagiosa e incurável que difere da que nós conhecemos hoje como hanseníase. O que impressionou sobremaneira o Senhor, além de seu estado de humilhação, foi a sua postura de fé: “— Se quiseres, pode purificar-me” (Mc 1.40). Aquele leproso em nenhum momento questionou se Jesus tinha ou não poder para curá-lo, isto é, condicionou seu restabelecimento apenas a pré-disposição do Mestre em atender-lhe a súplica. Sua atitude nos remete a carta escrita aos Hebreus a qual enfatiza que sem fé é impossível agradar a Deus, pois, é necessário que aquele que se aproxima dEle creia que ele existe e que se torna premiador dos que o buscam (Hb 11.6).

O leproso pede para ser purificado e não curado, talvez, pelo fato dos hebreus acreditarem que a lepra estaria correlacionada ao pecado. Independente dessa concepção judaica, fato é que existem algumas características que os tornam semelhantes. Ambos causam separação e distanciamento; seus efeitos criam deformidades e são terrivelmente mortais (Rm 6.23; Ef 2.12-19).

Não conhecemos maiores detalhes sobre a vida pregressa desse homem, mas, levando-se em conta todos os protocolos adotados pela comunidade para impedir o contágio da doença, pode-se chegar a algumas conclusões.  Esse indivíduo, bem como, as demais pessoas atingidas pela lepra, viviam miseravelmente, independentemente, de seu poder aquisitivo ou classe social. O isolamento social talvez fosse ainda mais doloroso do que a própria sentença de morte. Hoje, apesar de termos perdido centenas de pessoas para a COVI-19 e de não haver cura para a mesma, a sua letalidade nos humanos é baixíssima se comparada com a doença daquela época. As pessoas que contraíam a lepra eram colocadas numa quarentena por tempo indeterminado. Além do isolamento, sabiam que havia poucas hipóteses das coisas retornarem ao normal e o pior, a possibilidade de nunca mais manterem contato com os seus familiares, dar um último adeus. Imaginem que situação deplorável, aguardar silenciosamente a chegada da morte em condições sub-humanas? Quanto vazio, desespero e dor! Pior do que os efeitos produzidos no corpo, como feridas, deformações, coceiras, etc., eram os causados na alma.

Logo, chegamos à conclusão de que Jesus não curou apenas sua lepra, mas, ao fazer isso, lhe restituiu a alegria de viver. Restaurou os  seus relacionamentos, concedendo-lhe a oportunidade de ser reinserido em seu meio social. Enfim, seu proceder após ter sido curado, demonstrou que a sua experiência foi ainda mais profunda. Anunciou a todos com tamanha alegria acerca do seu encontro com Jesus, demonstrando, significativamente, que fora revigorado também na alma, ou seja, venceu o dano da segunda morte (Ap 2.11). Aleluia!

Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal

Deixe uma resposta