“Pois a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento” (Habacuque 2.11). Interessante versinho este do Livro de Habacuque! Há um ditado que diz que “as paredes têm ouvidos”, mas nesta passagem elas têm boca, são convocadas para o banco das testemunhas, relatam o que se passam em seu interior, contam a história dos moradores. É um texto que nos leva a refletir: se as paredes da nossa casa falassem, o que diriam?
Conta-se que Sócrates, o filósofo grego, foi procurado por um construtor que lhe assegurou que, mediante certa quantia em dinheiro, poderia edificar-lhe uma casa dentro da qual seus atos não seriam vistos. “Pois eu lhe pago o dobro”, respondeu o sábio, “para que você construa uma casa em que todos possam me ver”. Este deveria ser o anseio da família cristã: viver sem segredos, de forma que o mostrado em público fosse confirmado na privacidade.
Se a sua casa falasse, o que ela diria? Caso pudessem falar, as casas dos personagens bíblicos contariam muitas histórias. A casa de Jacó declararia: “Testemunhei favoritismo, inveja, mentira e divisão, mas também presenciei a restauração de corações quando o Senhor realizou uma obra de reconciliação”. A casa de Davi poderia dizer: “Meu dono era um bom rei e um grande salmista, mas foi omisso com relação aos filhos e deu oportunidade a grandes problemas”. A casa de Jesus iria nos contar: “Presenciei um ambiente de paz e alegria, e sob o meu teto abrigou-se um lar no qual a escassez de recursos foi compensada pela presença do amor conjugal, do zelo paterno e da obediência filial”.
Se a sua casa falasse, o que diria? Sua casa falaria que ali os cônjuges se amam? Que ali os pais instruem seus filhos no caminho do Senhor?
Se a sua casa falasse, o que diria? Sua casa falaria que ali os cônjuges se amam? Que ali os pais instruem seus filhos no caminho do Senhor? Que ali os filhos honram os seus pais? Que ali a família age de maneira agradável a Deus? Que ali há pelo menos uma pessoa comprometida com a paz e a salvação dos demais?
Houve um homem que, arrasado, procurou seu pastor para dizer-lhe que todos os filhos haviam se afastado dos caminhos do Senhor. “Não sei o que deu errado, eu sempre levei os meus filhos para a igreja”, lamentou ele. Colocando a mão em seus ombros, o pastor respondeu: “Certo, você levou seus filhos para a igreja, mas você levou Cristo para a sua casa?”.
Como é importante levarmos Cristo para a nossa casa! Como é importante o testemunho dado em nosso lar! Que, pela graça do Senhor, as paredes que nos abrigam testemunhem nosso compromisso em amar os nossos familiares e agradar ao nosso Deus. Acredito que, dentre os personagens bíblicos, Josué foi alguém que alcançou essa meta. Se a casa dele pudesse falar, ela diria “Eu testemunhei um crente fiel fazer um voto e declarar: ‘Eu e a minha casa serviremos ao Senhor’. E abençoar toda uma geração”. Que a nossa casa possa dizer a mesma coisa a nosso respeito!
Pr. Marcelo Aguiar
Colunista deste Portal