E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo. Por isso é que foi dito: “Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros, e deu dons aos homens”. […] Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. (Efésios 4.7,8,16).
A partir do chamado à unidade do Corpo de Cristo (Ef. 4.3), o apóstolo Paulo nos ensina sobre como uma comunidade composta de pessoas tão diferentes pode viver unida apesar das ameaças que procuram destruir a comunhão da igreja. A unidade deve ser vivida através da vivência dos dons espirituais.
Os dons são frutos da graça.
“E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo” (Ef 4.7). Os dons nos vieram por graça de Deus e não pelo nosso merecimento.
Em Efésios temos uma apresentação do poder da graça salvadora de Deus (Ef 2.1-10).
Esta maravilhosa graça nos arranca da morte espiritual, nos concede vida e salvação sem nos exigir nada (o que poderia ser exigido de um morto?!), e nos capacita a desempenhar boas obras (Ef 2.10). Se é graça e de graça, nós que a recebemos não temos o direito de questionar ou mesmo avaliar o presente. A graça é repartida conforme ação soberana de Deus. Nosso papel é apenas aceitá-la com gratidão e louvor.
Incluídos no “pacote” da graça salvadora estão os dons espirituais que nos foram dados igualmente por ação soberana de Deus – Ele dá os dons que quer, a quem quer. A “medida repartida” que recebemos de Cristo deve ser, portanto, recebida com alegria por cada um de nós e posta em ação através de nosso serviço. O poder espiritual concedido para o exercício de nosso ministério (seja ele qual for), é sinal para o mundo do triunfo daquele que havia se humilhado (cf. Ef 4.8 e Fp 2.6-11).
Os dons representam o auxílio de Jesus para a edificação da igreja.
Neste trecho em especial, a ênfase recai sobre os dons da Palavra (e hoje é o dia do Pastor!). A Palavra ministrada com fidelidade por aqueles que foram chamados para serem pregadores, missionários e mestres é a “liga” que mantém a igreja unida e firme mesmo diante de qualquer “vento de doutrina” (Ef 4.14). A razão de ser da unidade da igreja é a revelação da supremacia do Deus que nos amou e chamou para sermos seu corpo (Ef 4.4-6). O evangelho não diz respeito primeiramente a nós, mas aponta para a glória de Deus revelada em nós. Cristo é o ponto de convergência de todas as coisas (Ef 1.10). Tudo aponta para ele e a ele foi dado pelo Pai (Mt 28.18). Deus não enviou seu Filho por causa de nós, mas por amor a nós. Seu amor manifesto na cruz do Calvário não nos coloca no centro, mas revela que desde toda a eternidade Ele é o centro.
A partir de Jesus Cristo e alicerçada nele a igreja “cresce e edifica-se a si mesmo em amor” (Ef 4.16). Isso significa que a base é Cristo, mas o instrumento que Deus usa para o crescimento da igreja somos nós. Todos nós, ajustados e unidos ao Corpo, temos a responsabilidade de servir em prol do avanço da igreja, cada um exercendo sua função. Neste ponto, Paulo retoma o assunto inicial. Os dons são dados por Cristo em benefício do seu Corpo. Todos os crentes receberam dons. Seja pelo falar ou pelo servir, todos nós somos chamados a nos juntar com o próprio Cristo na edificação da igreja (Mt 16.18).
Pr. Lucas Rangel de C. Soares