Deus viu

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Deus viu a você no ato de sua concepção. Ele viu cada célula se multiplicando, cada molécula, cada milagre de partição na geração da vida. Seu DNA ele conhecia decór e salteado. E exultou, quando fortaleceu a sua mãe, durante toda a gestação.

Deus viu você nascer. O instante mágico, em que você saiu do ventre dela, quando respirou o primeiro ar, deu o primeiro choro, bocejou de sono, mamou, abriu os olhinhos, vestiu as primeiras roupinhas, carimbou o papel com as digitais do pezinho, tomou o primeiro banho, usou o primeiro talco, em todos esses momentos, Ele estava ali, com você, acompanhando e festejando a criação maravilhosa que permitira!

Deus viu você crescer. Viu quando aprendeu a brincar, a correr, a andar de bicicleta, a comer comidas esquisitas (verduras e legumes), viu as primeiras palmadas e também as primeiras medalhas. Deus viu sua estreia na creche, e no pré-primário, e no ensino fundamental. Viu seu choro ao ter que ficar sem a mamãe, e viu a alegria, quando ela voltava para buscá-lo. Deus viu a alegria do presente de Natal, e também a felicidade da viagem de férias, quando o papai levava a família para a praia ou para o campo. Sim, apesar de não ser visto com os olhos normais, Ele estava lá, presente, sendo testemunha de tudo!

Deus viu você amar. Ele viu a primeira vez em que olhou para a menina da escolinha e sentiu o coração bater mais forte. Viu quando você ganhou o primeiro beijo, no rosto, nossa, que sensação de vergonha, calor e alegria! E você era tão pequeno! E você, menina, Deus viu os seus olhinhos brilharem quando aquele garoto brincava com a molecada ou quando ele vinha irritar você, agarrando em seu pescoço e saindo correndo. Deus viu quando você se vestiu bonita para poder sentar-se ao seu lado. E viu quando, pela primeira vez, amou alguém. E Deus sorriu, feliz por ter colocado em seu coração tão grande doçura e ternura!

Porém, Deus também viu você virar um pecador. Ah, esse vírus maldito, alojado em nossa essência, em nosso DNA espiritual, sempre acorda, desperta e mata a pureza, trazendo feiura e sujeira ao que dantes era lindo e puro. Deus viu a primeira vez que você odiou, viu o surgimento do egoísmo, viu a primeira mentira, o primeiro insulto, a primeira trama, a primeira transa fora do casamento, a malvadeza, o primeiro porre, o primeiro cigarro, ou até os tóxicos. Deus viu. Deus sentiu. Deus sofreu.

Mas Deus também viu quando você conheceu o que Ele havia feito por você. Viu o dia quando um evangelista lhe trouxe um folheto, uma bíblia, um cd, uma mensagem, um apoio, e lhe apresentou Jesus Cristo, o Filho de Deus, que morrera na cruz e ressuscitara, para matar o pecado dentro de você, e garantir-lhe vida eterna. Deus viu o quanto fora difícil para você convencer-se de que era pecador, mas deu uma força enorme lá dentro, lá na sua mente, para convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo, e fazer você não só saber, mas sentir e crer. E foi ali, com essa ternura criativa, que Deus ajudou você a converter-se. Foi naquele lindo dia, em que você chorou,  confessando a Cristo e desejando segui-lo, que Deus lhe deu um novo coração, uma nova vida, que limpasse e purificasse o que o pecado turbara.

Deus viu.

Ele viu!

Ele sempre viu e esteve com você!

E agora você o deixou. Você, que tornou-se tão feliz com Cristo, que buscava amá-lo e servi-lo a cada dia, que cantava e tocava para Ele, que falava do seu amor e buscava estar sempre ativo no meio das pessoas que também o amavam, agora o abandonou. Você simplesmente o rejeitou na prática, ainda que mantenha uma aparência mínima de cristão. Ele sabe que você não o ama mais. Ele sabe que você não o busca mais. Ele sabe que você rompeu toda a relação com Ele, e que só se lembra dele para criticá-lo (“por que não me deu isso? Por que permitiu aquilo? Por que não me deixou em paz? Por que Ele não desaparece e para de me cobrar?”)

Ele vê que você o considera um estorvo, um apêndice, um alguém descartável (para não dizer desprezível…). Hoje, até aqueles que antes eram seus irmãos, amigos mesmo, se tornaram inoportunos para você. A simples presença deles já lhe enerva e incomoda.

E Ele só fez amá-lo! O melhor que tinha, Ele fez por você: criou-o. E agora você o pune por isso! Ele deu o próprio filho dele, para sofrer em seu lugar, e hoje você o quer longe, para poder viver do jeito que quiser, em franca rebeldia e oposição!

O que foi que Deus lhe fez, para você estar aí, perdido, com cara e coração rebelados? É justo estar assim? É justo ter jogado a sua bíblia no lixo, ou na caixa em cima do guarda-roupa? É certo abandonar a igreja e buscar diversão na pista de dança, na garrafa de cerveja e na permissividade e libertinagem sexuais? Como você se sentiria, se fosse o seu filho que fizesse isso com você? Você conhece a dor do desprezo de um filho? Não? Ou talvez já até conheça, mas não quer aceitar que é essa dor que Deus sente por um discípulo que se faz “filho pródigo”.

Mas, mesmo assim, Ele não lhe abandonou. Ainda lhe acompanha; às vezes de longe, porque você não o aceita mais. Às vezes só com um olhar paternalmente terno, mas não mais como um partícipe de suas realizações. Não porque não queira, mas porque você não apenas o rejeita, mas faz tudo aquilo que Ele disse para não fazer. Ele escolheu deixar você livre para escolher; ainda que, em Sua soberania, pudesse transformar você num ser inexistente. Para Ele, isso não resolveria; Deus ainda espera ser amado por você espontaneamente. Ele não desistiu de você…

Olhe para Ele.

Olhe para Seu Filho, cravado na cruz do Calvário, com uma coroa de espinhos na cabeça, pregos enormes em suas mãos e pés, sangue, mosquitos e inflamações na pele, pelas chibatadas que ganhou. Olhe. Veja, aqui do pé da cruz. Contemple-o. Está vendo? Ele está aí por você! E, mesmo que você esteja rejeitando-o, Ele ainda não se arrepende de ter feito isso. Simplesmente porque lhe amou, como amou! Ainda que tivesse vindo ao mundo única e exclusivamente por sua causa, Ele teria vindo, e consideraria ter valido à pena!

Agora olhe-o ressuscitado. Veja que vestes resplandecentes, branquíssimas e iluminadas! Olhe para a coroa em sua cabeça: magnífica, cravada de jóias, uma coroa de Rei! Olhe para os seus olhos, ternos e compassivos! E olhe para os seus braços: estão abertos: Ele quer que você volte! Ele quer recebê-lo de volta! Puxa, por que você não corre de novo para os braços dele?

Deixe de lado o que você usou para abandoná-lo. Largue o pecado. Abandone a vida promíscua, o vício, as crendices e incredulidades, banhe-se nas águas do arrependimento, e, humildemente, se achegue a Ele, dizendo: “Tem ainda um lugarzinho pra mim em Seu coração, Senhor?” Tenho certeza de que Ele correrá para os seus braços, abraçando-lhe afetuosamente, recebendo-o alegremente, e limpando você de toda sujeira que trouxe (não foi assim com o pai do filho pródigo?)

Ele lhe viu. Ele lhe fez. Ele lhe quer ainda!

Ele vê você agora, aí, neste momento, enquanto está lendo este texto. Foi Ele quem me mandou escrever, e foi Ele quem fez a mensagem chegar até o seu computador ou celular.

Volte pra Jesus! Volte! Continue a obra que você fazia tão bem! Comece outra vez!

Pr. Wagner Antonio de Araújo
Colunista deste Portal

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