Tornou-se comum vermos os evangélicos ao receberem a noticia de que uma pessoa incrédula morreu afirmar: ” Talvez ele tenha se convertido nos instantes finais de sua vida.”
Pois é, o principal texto usado para justificar a conversão de um pecador na hora da morte é o que trata da morte do ladrão na cruz. (Lucas 23:32-43). As Escrituras relatam que antes de sua própria morte, este criminoso tinha sido um incrédulo escarnecedor de Cristo se arrependeu e reconheceu Jesus como o àquele que poderia salvá-lo.
“E também eram levados outros dois, que eram malfeitores, para serem executados com ele. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes. O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido. Igualmente os soldados o escarneciam e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. Também sobre ele estava esta epígrafe [em letras gregas, romanas e hebraicas]: Este é o Rei dos Judeus. Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (Lucas 23-32-43)
Agora, será que o episódio do ladrão na cruz dá base para que entendamos que toda pessoa antes da morte se converta? Penso que não. Aliás, permita-me explicá-lo porque:
1. Observe que o ladrão da cruz teve TEMPO para pensar, refletir e decidir, o que não acontece com boa parte dos que morrem. Eu já vi pessoas dizendo: Há ele morreu de parada cardíaca, vai que antes se converteu? Ou mesmo: Ele teve uma morte rápida num terrível acidente, será que naquele momento ele não foi salvo? Penso que não, visto que em ambos os casos não teve tempo para isso, visto que a morte chegou instantaneamente.
2. Em segundo lugar, vale a pena ressaltar que conversão implica em confissão, se não há tempo para arrependimento e confissão, não há salvação, mesmo porque, sem entendimento de que Cristo é quem salva, não há conversão.
3. Conversão implica no entendimento que Cristo é o Senhor e Salvador, fruto da regeneração pelo Espírito Santo. Portanto, se não houve regeneração, não há confissão e muito menos conversão. Ademais, tenho dificuldade em acreditar que pessoas se convertam por causa do medo do inferno e da vida vindoura. Na verdade, não existe base bíblica para afirmar que o desejo de fugir do inferno converta alguém. Veja que o criminoso entendeu ele era culpado e que Cristo era inocente. O criminoso não queria meramente estar em um lugar melhor. Ele queria estar com Cristo em um lugar melhor, o que é bem diferente, não é verdade?
Caro leitor, o céu é um lugar maravilhoso porque é onde Cristo está. A questão é que muitos querem ir para o céu, sem, contudo, antes ir a Cristo. Não foi o caso desse criminoso: ele foi convencido pelo Espirito Santo dos seus pecados e entendeu que Cristo era tudo o que ele precisava, por isso herdou a vida eterna.
Pr. Renato Vargens
Pastor e Conferencista