Da autonomia para a teonomia

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O homem sem Cristo é um autônomo, que se autogoverna, sendo a sua própria lei. Este foi o projeto satânico ao promover a rebelião no Éden. A característica da sociedade pós-moderna é a convicção do homem em ser independente de Deus. A natureza de Adão tem prazer em viver de forma autônoma. A filosofia de que cada um é a sua própria lei moral, cada um é a sua verdade, tem como princípio subjacente a autonomia do coração. Poder definir a escolha, exercer o livre-arbítrio em função de si mesmo é a busca ofegante do homem sem Deus, contrário ao evangelho de Cristo. A sociedade egoísta, narcisista, hedonista, estética e consumista tem como base ou fundamento a autonomia da natureza humana. O homem autônomo conscientemente quer viver afastado de Deus, nosso Criador e Redentor em Cristo Jesus. A Bíblia diz que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3.23). O homem se tornou autônomo pela desobediência. O fato de o homem desejar se justificar está relacionado com a sua autonomia. O ser humano quer defender a sua pele. Tenta de todas as formas justificar os seus atos.

A única maneira de salvar o homem da autonomia é pela obra de Cristo na cruz. Crendo na suficiência desta obra, ele é transportado da autonomia para a teonomia. Ele é retirado da sua própria lei para a Lei de Deus, do evangelho. Não mais governa-se a si mesmo, mas é governado pelo Senhor. Não mais se justifica, mas é justificado pela fé em Cristo Jesus (Romanos 5.1,2). Não confia mais em si mesmo, mas no Senhor. A sua vida agora é orientada pela Lei do evangelho, pela Palavra de Deus. A condição essencial para se viver a teonomia é pelo novo nascimento, pela regeneração. O homem nascido de novo, transformado pela graça plena, tem prazer na lei de Deus. Na sua condição de justo por causa de Cristo ele tem prazer nos preceitos do Senhor e neles medita de dia e de noite (Salmos 1.1-3). Ele é espiritual. Busca a plenitude do Espírito Santo (Efésios 5.18). A sua vida é Cristo Jesus (Filipenses 1.21). Os seus valores são os valores do Reino de Deus. Os seus relacionamentos são marcados pelo amor fraterno. A sua vida é sincera. O seu coração se estriba na fidelidade de Deus. Ele busca o Reino de Deus em primeiro lugar (Mateus 6.33).

Não existe relação entre autonomia e teonomia. O nosso Deus não admite dividir o Seu governo. Ele é Soberano. Ou o homem é governado pelo Senhor ou ele se autogoverna. As duas realidades são excludentes. Nabucodonozor, rei da Babilônia, se autogovernava. Daniel e seus compatriotas judeus eram governados pelo Senhor. Posteriormente, o Senhor tratou o governante babilônico e ele passou a reconhecer o governo de Deus, que Ele é Soberano. O diagnóstico que Paulo fez da sociedade romana autônoma (Romanos 1.18-32) contrasta em muito com a sua realidade como apóstolo e a Igreja de Jesus que eram teonomos, isto é, estavam debaixo do governo de Deus. O segredo da felicidade do homem está em ser governado pelo Senhor na mediação de Jesus Cristo. As relações conflituosas, a violência, a corrupção e demais anomalias da sociedade pós-moderna, sem Deus, estão ligadas a autonomia do homem, quando ele se torna a sua própria lei, fundamentado na sua natureza perversa e voltado para os seus interesses mais escusos e tenebrosos. O homem autônomo é cego porque a sua vida está fundamentada na incredulidade.

A solução é Jesus Cristo, único Salvador e Senhor. Aquele que a Si mesmo se deu por nós sendo nós ainda pecadores (Romanos 5.8). O nosso prazer deve estar na teonomia, no governo soberano do nosso Pai tão amoroso. Quando confiamos no Seu governo, na Sua liderança a nossa vida está segura (Romanos 8.38,39). Sair da influência nociva do primeiro Adão para a influência abençoadora do segundo Adão – Cristo Jesus – é obra da graça de Deus. Sejamos instrumentos nas mãos do Senhor para resgatarmos os que estão na autonomia para viverem na teonomia, isto é, debaixo do governo do Senhor. Podemos dar graças a Deus por estarmos em Cristo Jesus, nosso Senhor! Dizer como aquele cego de nascença: Eu era cego, mas agora vejo. O segredo é Cristo em nós, a esperança da glória (Colossenses 1.27). Ser governados por Ele e não por nós mesmos.

Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Colunista deste Portal 

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